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DOI: https://doi.org/10.20888/ridphe_r.v9i00.18379
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O PATRIMÔNIO ALÉM DOS OLHOS: A ARTE DE EXPOR O PATRIMÔNIO
NATURAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NO AQUÁRIO DO
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI, PARÁ, AMAZÔNIA, BRASIL
Martha Carvalho
Universidade Federal do Pará, Brasil
marthacarvalho@yahoo.com.br
Sue Anne Regina Ferreira da Costa
Universidade Federal do Pará, Brasil
sue.costa@gmail.com
RESUMO
Nos dias atuais, as exposições museológicas têm a função de tornar o conhecimento acessível
a todos, incluindo pessoas com deficiência visual (PCDV) e baixa visão (BV), que geralmente
são excluídas por métodos expositivos somente visuais. Este trabalho realizou uma análise da
acessibilidade na exposição “Baleia à vista” no Aquário Jacques Huber (AJH) para PCDV e
BV, a partir das dimensões de acessibilidade arquitetônica e comunicacional por Romeu
Sassaki. Para tal, o método aplicado foi a observação do espaço a partir das normas de
acessibilidade, e a narrativa expográfica, a partir da entrevista com o curador e com as PCDV
e BV. Por fim, conclui-se que os recursos de acessibilidade são ferramentas que potencializam
a vivência na exposição, em especial quando são humanizados.
Palavras-chave: Patrimônio natural, Exposição, Acessibilidade.
EL PATRIMONIO MÁS ALLÁ DE LOS OJOS: EL ARTE DE EXPONER EL
PATRIMONIO NATURAL PARA PERSONAS CON DISCAPACIDAD VISUAL EN
EL ACUARIO DEL MUSEO PARAENSE EMÍLIO GOELDI, PARÁ, AMAZONIA,
BRASIL
RESUMEN
Hoy en día, las exposiciones en los museos tienen la función de hacer que el conocimiento sea
accesible para todos, incluidas las personas con discapacidad visual (PCDV) y baja visión (BV),
que generalmente quedan excluidas de los métodos de exhibición exclusivamente visuales. Por
ello, este trabajo realizó un análisis de la accesibilidad en la exposición “Ballena a la vista” en
el Acuario Jacques Huber (AJH) para PCDV y BV, a partir de las dimensiones de accesibilidad
arquitectónica y comunicacional de Romeu Sassaki. Para ello, el método aplicado fue la
observación del espacio con base en estándares de accesibilidad; y la narrativa expográfica, que
se basó en la entrevista a la curadora y al PCDV y BV. Finalmente, se concluye que los recursos
de accesibilidad son herramientas que potencian la experiencia en la exposición, especialmente
cuando están humanizados.
Palabras clave: Patrimonio Natural, Exposition, Accesibilidad.
HERITAGE BEYOND THE EYE: THE ART OF EXHIBITING NATURAL
HERITAGE FOR VISUALLY IMPAIRED PEOPLE AT THE GOELDI MUSEUM’S
AQUARIUM, PARÁ, AMAZONIA, BRAZIL
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DOI: https://doi.org/10.20888/ridphe_r.v9i00.18379
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ABSTRACT
Nowadays, museum exhibitions have the purpose of making knowledge accessible to everyone,
including visually impaired people, who are generally disadvantaged by exclusively visual
exhibition methods. Therefore, this work carried out an analysis of accessibility for people with
visual impairments and low vision in the “Baleia à vista” exhibition, at the Jacques Huber
Aquarium (AJH), based on the concepts of architectural and communicational accessibility
dimensions by Romeu Sassaki. For this, the method applied was the observation of the space
from the accessibility norms; and the expographic narrative was based on an interview with the
curator and with the PCDV and BV. Finally, it is concluded that accessibility resources are tools
that enhance the experience at the exhibition, especially when they are humanized.
Keywords: Natural Heritage, Exhibition, Accessibility.
LE PATRIMOINE AU-DELA DES YEUX : L'ART D'EXPOSER LE PATRIMOINE
NATUREL AUX PERSONNES AYANT UNE DEFICIENCE VISUELLE A
L'AQUARIUM DU MUSEE PARAENSE EMILIO GOELDI, PARA, AMAZONIE,
BRESIL
RÉSUMÉ
De nos jours, les expositions muséales ont pour fonction de rendre le savoir accessible à tous,
y compris aux personnes déficientes visuelles (PCDV) et basse vision (BV), qui sont
généralement exclues par les méthodes d'exposition uniquement visuelles. Ce travail a donc
réalisé une analyse de l'accessibilité dans l'exposition « Baleia à vista » à l'Aquarium Jacques
Huber (AJH) pour PCDV et BV, en s'appuyant sur les dimensions d'accessibilité architecturale
et communicationnelle de Romeu Sassaki. Pour cela, la méthode appliquée a été l'observation
de l'espace à partir des normes d'accessibilité ; et le récit expographique était basé sur un
entretien avec le conservateur et avec le PCDV et BV. Enfin, nous concluons que les ressources
d'accessibilité sont des outils qui améliorent l'expérience de l'exposition, surtout lorsqu'elles
sont humanisées.
Mots clés: Patrimoine Naturel, Expositions, Accessibilité.
INTRODUÇÃO
O Conselho Internacional de Museus (ICOM) define que:
“Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos e ao serviço da
sociedade que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio
material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus
fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das
comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e
profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição,
reflexão e partilha de conhecimentos”. (ICOM)
1
1
Conceito de museus definição aprovada em 24 de agosto de 2022 durante a Conferência Geral do ICOM em
Praga. < https://www.icom.org.br/?page_id=2776>. Acesso em 29/05/2023.
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O conceito atual de museu é resultado de um processo de colaboração de vários
profissionais que, ao longo dos anos, tem atualizado do ponto de vista institucional, como
produção e difusão de conhecimento, e social, como espaços acolhedores fomentando a
diversidade e a sustentabilidade. Se caracterizam por serem lugares permanentes, sem fins
lucrativos, de diálogo democrático com participação coletiva ou individual e que ambos estejam
contemplados nos discursos decisivos das ações oferecidos pela casa dos saberes, das artes e
das ciências. De acordo com “[..]. Os museus devem ser renovados e transformados em casas
da humanidade, já que dialogam diferentes temporalidades, passado, presente e futuro, num só
lugar” (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2007).
Desse modo, os museus assumem um papel essencial para comunicar, refletir, pesquisar,
conservar e apresentar o patrimônio material, imaterial e natural a partir de diferentes
linguagens, mas especialmente a partir da linguagem expositiva. Segundo Marandino (2003),
as exposições museológicas vêm sendo objeto de estudo crescente em diferentes áreas do
conhecimento, ou seja, a interdisciplinaridade é essencial no processo de criação expográfica,
tanto no que se refere ao trabalho das equipes de profissionais, quanto à estruturação e
elaboração do discurso expositivo, fundamentais à análise da eficácia do processo comunicativo
entre exposição e público.
De acordo com Farias (2012), as exposições museológicas são ações que permitem
diferentes formas de concepção e organização dos objetos no ambiente do museu, local que
apresenta as principais fontes de informação que desperta no indivíduo a curiosidade, a reflexão,
o debate e principalmente a socialização e democratização.
Vale ressaltar que nem todos são contemplados ao visitar os museus, uma vez que
desafios a serem vencidos quanto a acessibilidade. As condições são determinadas pela
possibilidade de utilização de produtos, serviços e espaços edificados especializados para
atender a necessidades diversas, respeitando as individualidades da população. Nesse sentido,
a inclusão social possibilita que pessoas com deficiência (PCD), especialmente pessoas com
deficiência visual (PCDV) ou baixa visão (BV), participem inteiramente da sociedade
(CARDOSO & NAMO, 2008 apud CARVALHO, 2013, pg. 50).
Uma vez alterada a barreira do acesso às instalações físicas de uma exposição, é
necessário ocupar-se do acesso ao acervo, razão de ser de uma instituição museal. Ocorre que,
numa exposição, a linguagem por ter muita influência de uma cultura ocidental, mesmo que o
indivíduo seja dotado dos outros sentidos, se percebe a exploração excessiva da linguagem
visual (SARRAF, 2015). Portanto, é imensa a dificuldade de uma PCDV poder usufruir do
patrimônio exposto nos museus (PERICHI, 1997).
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O Aquário Jacques Huber (AJH) é referência regional no que diz respeito a observação
da fauna aquática da Amazônia, localizado no Parque Zoobotânico (PZB) do Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG) na cidade de Belém, no estado do Pará. Fechado mais de 10 anos,
foi reaberto em 2019 após passar por um período de restruturação (Fig. 2). Hoje ele é ponto
focal de maior visitação no Museu Goeldi (SOUZA et al, 2022). Atualmente sua fachada possui
duas torres laterais que faz alusão ao projeto original, idealizado por Jacques Hubber, com apoio
do ilustrador Ernest Loser (fig..1). O aquário acondiciona mais de 40 exemplares de espécies
de peixes, todos com importância cultural e econômica para a Amazônia (SOARES, 2001;
MUSEU GOELDI, 2019).
FIGURA 1 Fachadas do AJH: Art Nouveau (à esquerda) e Art Deco (à direita)
Fonte: acervo MPEG)
FIGURA 2 Fachadas do AJH: Década de 70 (à esquerda) e atualmente (à direita)
Fonte: acervo MPEG)
Conforme Salgado e Marandino (2014), a partir do século XX os aquários o definidos
como ambientes de educação e entretenimento. Para tal concepção expositiva, o curador elabora
roteiro com intuito de ensinar e divulgar o conhecimento sobre o ecossistema da biodiversidade
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aquática, assim, a maneira como se apresenta o acervo são formas de comunicação desses
ambientes (iluminação, textos, cenário, etc.).
A principal forma de comunicação museológica do aquário é a exposição, pois é através
dela que o público tem a oportunidade de acesso aos objetos museológicos (objeto integrado a
instituição), parte essencial do processo de musealização (seleção do objeto e seu valor,
conservação, pesquisa, etc.) e todas as especificidades das ações essenciais que o museu
desenvolve. É nesse momento que o museu tem a oportunidade de apresentar para a sociedade
tudo que o produz, e firmar sua missão institucional. (CURY, 2006).
De acordo com alguns autores como Cury (2006) e Desvallées (2000), o ato de expor é
quando os objetos são incorporados em um ambiente de forma que haja uma relação profunda
entre esse objeto (objeto institucionalizado) e o público no cenário de museu. Em outras
palavras, é a parte principal que aproxima a sociedade e seu patrimônio cultural. Se ela forma
opiniões e manifesta o sentido de pertencimento àqueles que a visitam, pode-se dizer que ela
cumpre seu papel social. Para a autora, “a exposição por si só não tem importância (sem valor),
mas sim pela interação entre o museu (o autor), a exposição e o público”. Logo, podemos
considerar a tríade Museu-Exposição-Público essenciais para salvaguarda do patrimônio
cultural (CURY, 2006, DESVALLÉES, 2000).
Neste trabalho, a exposição abordada chama-se “Baleia à vista” e trata sobre o universo
desses mamíferos aquáticos, que habitam em águas salgadas e que tem apresentado uma
ocorrência interessante de encalhes em águas amazônicas, especificamente na costa norte do
estado do Pará. Os módulos são apresentados a partir de um elemento principal as espécies Fin
(Balaenoptera physalus) e Jubarte (Megaptera novaeangliae) e outras complementares como a
baleia-azul (Balaenoptera musculus), baleia-minke-antártica (Balaenoptera bonaerensis) e
cachalote (Physeter macrocephalus).
Considerando que a exposição tem nos recursos visuais sua principal ferramenta de
comunicação, como possibilitar que o público que apresenta deficiência visual possa usufruir
deste espaço de forma plena? Para Cohen (2012), é necessária uma humanização nos ambientes
culturais, o visitante com deficiência deve ser tratado com respeito, e que ele se sinta acolhido.
Para isso, neste trabalho consideramos que se fazem necessários a Acessibilidade, a Inclusão
Social e o Desenho Universal, ou seja, a Democratização
2
.
2
Compreendendo que acessibilidade é o acesso com condição de alcance, percepção e entendimento para usufruto
com segurança e autonomia; a inclusão social por sua vez são meios e ações de combate a exclusão provocadas
pelo preconceito e diferenças da classe social, deficiência, gênero; e o desenho universal ou acesso livre de
barreiras definida para eliminação de barreias arquitetônicas, equipamentos ou áreas urbanas, que posteriormente
evolui considerando não só projeto, mas a diversidade humana.
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[...] a igualdade entre as pessoas é direito de todos e que se concretiza mediante
políticas que, ao tratar a todos igualmente, reconheçam também as suas
diferenças, oferecendo as oportunidades necessárias para que todos possam
desenvolver as suas potencialidades e serem atendidos em suas necessidades
também como cidadãos independentes (TOJAL, 2007, p.10).
De acordo com as autoras Tojal (2010) e Sarraf (2015), surge o termo “inclusão” a partir
do “movimento de inclusão social, com a participação de representantes da ONU e da UNESCO
em 1981”, que passou a ser considerado o “Ano da Pessoa com Deficiência”. É percebido que
desde a década de 80, apesar de recente, a acessibilidade se desenvolve nos ambientes de
museus por uma questão delicada, no sentido de que devem estar adequados nos espaços físico
e humano para receber pessoas diversas.
O termo utilizado para definir a aproximação dessa população com a
sociedade era “integração”. No conceito de integração, a maior
responsabilidade era atribuída ao desenvolvimento pessoal e superação de
barreiras do indivíduo, enquanto a sociedade incumbia-se de aceitar ou não a
pessoa para o convívio, como um favor ou ato de caridade (SARRAF, 2015,
p.44).
Essa adequação, no Brasil, acontece nos museus e em outros espaços culturais a partir
das 53 metas que deveriam ser alcançadas até 2020 do Plano Nacional de Cultura de 2011, que
regulamenta a lei 12.343/2010. Dentre elas a meta 29 que dispõe sobre “100% de bibliotecas
públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais atendendo aos
requisitos legais de acessibilidade e desenvolvendo ações de promoção da fruição cultural por
parte das pessoas com deficiência”. Portanto, o ponto central desta meta é dar qualidade de vida
e garantir o direito à cidadania para a pessoa com deficiência (PCD) (PLANO NACIONAL DE
CULTURA, 2011).
Segundo Couto (2021), abordar acessibilidade em ambientes culturais, principalmente
em museus, “é reconhecer a diversidade e garantia dos direitos culturais às pessoas com
deficiência”. Para a autora, acessibilizar o espaço é de suma importância e deve ser uma prática
recorrente, pois interessa a todos uma sociedade menos capacitista, pois a deficiência apenas
limita, mas não incapacita (COUTO, 2021).
O objetivo desta pesquisa foi fazer uma análise da acessibilidade na exposição “Baleia
à vista” no Aquário Jacques Huber (AJH) para pessoas com deficiência visual e baixa visão, a
partir dos conceitos das dimensões de acessibilidade de Romeu Sassaki (2005). Dentre as seis
(arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática, instrumental),
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foram avaliadas duas, que se destacam pela mensagem expográfica: as dimensões de
acessibilidade arquitetônica e comunicacional (Fig. 3).
FIGURA 3 Acessibilidade plena (CARLETTO et al, 2007)
Fonte: autoras.
As dimensões foram analisadas a partir de diferentes métodos, sendo a dimensão
arquitetural realizada a partir de observação espacial das normativas inclusas no desenho
universal, enquanto a dimensão comunicacional foi avaliada a partir de entrevistas com a
curadoria, para compreensão da narrativa expográfica, em conjunto com o estudo de público.
Para este último, foram aplicadas observações e um questionário com dez (10) perguntas
objetivas após a visita in loco, para pessoas com diferentes graus de deficiência visual. Os
questionários foram aplicados em 4 dias intercalados, devido as medidas de segurança contra
covid-19, para um total de nove (09) pessoas com deficiência visual (PCDV) e baixa visão
(BV), com idades entre 17-54 anos entre homens, mulheres e jovens, aqui identificados
numericamente, para preservar suas identidades.
O DISCURSO CURATORIAL DA EXPOSIÇÃO “BALEIA À VISTA”
De acordo com Cury (2006), a “exposição é a ponta do iceberg”, pois um processo
de construção de valorização desde a seleção do objeto até expô-lo. Nesse sentido, cabe aos
profissionais de museus (arquitetos, museólogos, biólogos, etc.) a construção desse encontro,
estudando formas de como o objeto irá se apresentar e ser compreendido pelo público. Em
síntese, é oferecer uma experiência de conhecimento através da mensagem expositiva (CURY,
2006).
A exposição é a ferramenta direta que liga o museu com a sociedade, pois é através dela
que o público tem contato com o conteúdo patrimonial e ela comunica quase todas as ações do
museu. No que tange às dimensões comunicacionais de acessibilidade, são diversas estratégias
utilizadas por museus, como a língua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual,
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comunicação face-a-face, sob a forma escrita (SASSAKI, 2005; GRACIOLA, 2013). Segundo
Barbosa (1993, pg.12)
3
:
A exposição exibe algo que vale a pena ser exposto ao público pelo seu valor
cultural; mostra algo que é interessante de ver por que representa uma
conquista no campo da cultura ou um marco importante na nossa história e é
de “interesse público”. Os objetos que compõem a exposição o interessantes
porque se destacam do resto do seu tipo. (Tradução nossa).
No caso da amostra exibida no AJH com a curadoria dos biólogos Horácio Higuchi e
Renata Emin, a exposição “Baleia à vista” reúne dois esqueletos, que não estão completos, e
três peças ósseas de espécies de baleias que migram pela Costa Norte do Brasil: “baleia-fin
(Balaenoptera physalus), baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), baleia-azul (Balaenoptera
musculus), baleia-minke-antártica (Balaenoptera bonaerensis) e cachalote (Physeter
macrocephalus)”. A mostra expositiva também procura alertar as pessoas para os perigos que
ameaçam a sobrevivência desses mamíferos. A caça é um dos principais perigos para esses
animais, que é permitida em alguns países como a Noruega, Islândia e Japão. Além disso, as
mudanças climáticas, a poluição dos mares e a captura acidental também colocam em risco os
animais (MUSEU GOELDI, 2019).
Segundo a bióloga Renata Elmin, o número expressivo de baleias que são registradas
na zona costeira do Pará explica que “Diferente dos litorais do Sudeste e Sul do Brasil, por
exemplo, na Costa Norte temos muitos quilômetros de águas rasas, por isso, raramente vamos
ter baleias à vista, mas elas ocorrem, sim, em nossa região. Das 85 espécies que fazem parte do
grupo dos Cetáceos, onde estão as baleias, já foram registradas na zona costeira amazônica 27
espécies”. Apesar de raras ocorrências, a bióloga fala que “temos que nos orgulhar dessa
biodiversidade” (MUSEU GOELDI, 2019).
Para Horácio Higuchi, curador do Aquário do Museu Goeldi, as baleias estão ameaçadas
de extinção se as práticas ilegais “não forem revistas”, como a comercialização do óleo ou até
mesmo do consumo da carne dessas espécies. Portanto, medidas urgentes devem ser tomadas
para reverter esse quadro de extinção. Diante disso, o curador faz um alerta sobre um consumo
desmedido da sociedade e que essas ações afetam a biodiversidade do mundo. Para o curador,
se cada visitante que passar pela exposição, “além de conhecer um pouco sobre as baleias, sair
3
“La exposición exhibe algo que es digno de exponerse ante un público por su valor cultural; muestra algo que
resulta interesante ver porque representa un logro en el campo de la cultura o un hito importante de nuestra história
y es de "público interés". Los objetos que integran la exposición son interesantes porque se destacan entre los
demás de su tipo.” (Barbosa, 1993, pg.12).
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mais consciente da necessidade de protegê-las, ficaremos satisfeitos” (MUSEU GOELDI,
2019).
Portanto, o discurso curatorial empenha-se em construir conscientização não sobre
as baleias, mas amplia o debate para as diferentes demandas sociais referentes à proteção da
biodiversidade, crise climática e conscientização social sobre o modo de existir. Logo, é
importante que esta mensagem seja apreendida por todas as pessoas que possam vir a visitar a
exposição, considerando que é do interesse de todos um planeta mais saudável.
AMBIÊNCIA OU DESCOBERTA? O ESPAÇO ARQUITETÔNICO E
EXPOGRÁFICO NO AQUÁRIO JACQUES HUBER (AJH)
A dimensão arquitetônica ocorre quando proporciona o conforto e a independência de
se chegar a algum lugar, entendimento das relações espaciais, e assim usufruir dos
equipamentos disponíveis (SASSAKI, 2005). No planejamento de exposições “a ideia de que
exposição é ação com reflexão, é experimentação, é prática embasada em teoria, é ensaio e erro
(MUSEUMS AND GALLERIES COMMISSION, 2001, p. 12)”.
Para Tojal (2015, p. 192), é “[...] estimulando a exploração e a apropriação mais direta
do objeto cultural, fonte primária do conhecimento e autoconhecimento. Para alcançar tal
objetivo, se faz necessário, na concepção da exposição, uma equipe com a presença de
museólogo, arquiteto, educador, biólogo, entre outros profissionais. Pois é assim que a ideia de
um tema é colocada em prática, ou seja, uma equipe interdisciplinar possibilita que a linguagem
dos objetos seja aprendida, criada e recriada pelo visitante (CURY, 2005; CASTRO, 2014, pg.
22).
Os espaços físico e arquitetônico de um museu devem ser acessíveis, bem como suas
informações, sejam elas gerais ou de uma linguagem expositiva. De acordo com Sassaki (2005),
das seis dimensões da acessibilidade, a arquitetônica precisa ser destacada, pois permite e
garante uma experiência acessível nos ambientes de um museu. Diante do exposto, o AJH
possui uma maquete para orientar as PCDV para melhor apreciar e localizar as exposições.
De acordo com Souza et al (2022), o conceito de aquário surge no período romano,
precisamente no século I, em que os peixes eram armazenados por um reservatório de mármore,
com intuito decorativo de destacar o status social. Mais tarde, essa denominação é utilizada para
nomear prédios que abrigam esses recintos, agora com lâminas de vidro que possibilitam a
melhor visualização das espécies.
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Entretanto, para quem nunca enxergou, é possível confundir o que de fato é um aquário,
como afirmou o visitante 3, pois podem ocorrer confusões entre a compreensão mental de um
aquário, objeto de tamanho pequeno a médio, presente em casas e estabelecimentos, e o prédio
denominado de aquário, como na sua fala “para uma pessoa com cegueira, falar de determinada
forma, tem que construir a informação”. Neste caso o ideal é falar “o prédio do aquário AJH”.
A exposição foi desenvolvida numa área de 90,64m², subdividida em cinco expositores
para exibição das rias espécies de baleias. Quanto ao espaço do circuito, o AJH (Fig. 4) possui
ao centro do salão uma largura de 4,86cm, o que permite a exibição de exposições temporárias.
A disposição do acervo permite que o visitante visualize os ossos em diversos ângulos (Fig. 5)
e, ao fundo, os mostruários permanentes com espécies vivas.
A cenografia do ambiente, onde as baleias Fin e Jubarte estão apresentadas, faz alusão
a um banco de areia, de 30cm de altura (Fig. 6), onde esses animais foram encontrados
encalhados, os demais ossos estão expostos em cima de bases com altura de 75cm, assim como
piso podotátil em todo o entorno da exposição, facilitando a locomoção independente do PCDV,
conforme orientação da NBR9050.
FIGURA 4 Projeto expográfico Exposição “Baleia à vista” e sinalização podotátil
Fonte: autoras.
FIGURA 5 Maquete 3D
Fonte: Norberto Ferreira.
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FIGURA 6 visitante em cadeiras de rodas
Fonte: autoras.
Dentro do circuito expositivo, existe painéis com informações e curiosidades das
baleias, que são vistas pelas pessoas com visão (Fig. 7), o que confirma que nem toda
mensagem curatorial é acessível para todos os públicos. O público PCDV precisa de adaptações
na linguagem expográfica que atendam às suas limitações. Neste caso, o museógrafo deve
exercer a função estratégica de elaborar uma linguagem museal acessível, coletando
informações sobre o seu público e propondo soluções voltadas às suas necessidades para a
melhor apreciação da exposição.
FIGURA 7 Acervo sem texto em Braille
Fonte: autoras.
No caso das PCDVs, a solução é recorrer a meios que empreguem os sentidos dos quais
eles estejam dotados, ou seja, a audição, o tato e o olfato (ou a percepção química, em sentido
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mais amplo). Alguns museus se valeram de recursos que exploram esses sentidos para que
DVs possam apreciar os acervos (GARCIA LUCERGA, 1993; CARDOSO, 2004 apud
CARVALHO, 2013, pg. 51). Entretanto, a maioria dos bons resultados obtidos no uso desses
recursos se deve a programas de dinamização específicos para DVs, e nem sempre o material
apresentado ao público em geral é o mesmo proposto àqueles (SARRAF, 2006).
Segundo Carvalho (2013), os autores Zamboni & Heitzman (2005) citam algumas
propostas como: 1) Reprodução bi ou tridimensional, por exemplo, maquete 3D com
informações em Braille; 2) Tecnologia assistiva que são serviços e recursos especializados para
PCDV (ad, áudio); 3) identificar e direcionar o ambiente de cheiros específicos.
No caso da exposição do AJH, foram incluídas réplicas tridimensionais executadas pelo
artista e taxidermista Davi Melo, que concebeu réplicas das Baleias Fin e Jubarte (Fig. 8 e 9).
Estas foram construídas para serem resistentes ao toque, e são confeccionadas utilizando ferro,
argila e fibra de vidro, e estão fixadas ao lado dos esqueletos, sendo, assim, objetos que servem
tanto para pessoas com visão como para as sem visão. Em ambos os casos, o objetivo é ter
conhecimento da representação do animal, no qual o esqueleto está exposto, com a
possibilidade de toque.
As dimensões adotadas para as réplicas (baleias) se baseiam no princípio do desenho
universal com relação ao uso do equipamento e conforto, pois a dimensão foi reproduzida com
100cm por 60cm de largura para beneficiar a todos e principalmente as PCDV, que enxergam
com os dedos e até onde seus braços alcançam.
FIGURA 8 Processo de criação e Réplica Baleia Jubarte artista Davi Melo
Fonte: autoras.
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Ridphe_R
FIGURA 9 Réplica Baleia Fin montagem da exposição artista Davi Melo
Fonte: autoras.
[...] a exploração dos objetos, considerando que a compreensão global ou
imagem sintética de uma determinada forma é construída e assimilada pelo
portador de deficiência visual, a partir do reconhecimento inicial das partes ou
detalhes desta forma (percepção analítica), para somente depois se constituir
na percepção da forma como um todo (percepção sintética. (TOJAL,1999, p.
18)
Segundo Tojal (1999) e Ferreira (2016), os objetos ao toque não devem ultrapassar a
medida dos braços (TOJAL, 1999, p.17; FERREIRA, 2016, p.136). Entretanto, vale lembrar
que estamos falando de medidas antropométricas, e devemos considerar uma medida
intermediária que não afete as diversas alturas. Ainda de acordo o autor, quanto maior for o
tamanho do objeto para o toque, a PCDV demora e cansa (FERREIRA, 2016, pg. 136).
Contudo, no caso da exposição Baleia a vista, as réplicas com 1m de comprimento e 60cm de
largura foram satisfatórias, testadas e aprovadas por todos os visitantes deste estudo, ou seja,
está de acordo com baixo esforço físico, flexibilidade e uso simples do objeto.
Vale ressaltar que, ao tocar nos ossos, a surpresa e fascínio de perceber que o animal é
de grande porte resulta em uma experiência única e valorosa, uma vez que a visitante não
imaginava que poderia haver a possibilidade de tal oportunidade, e a imaginação é variada. O
visitante 1 cita que “a construção para compreensão das informações dos significados para os
cegos é baseada em 3 conceitos: o primeiro é concreto, o segundo concreto não palpável
(ex.:baleia, elefante, avião), ou seja, sabe que existe, mas não tem fácil acesso para o toque e o
terceiro, e último, é o abstrato (ex.: u, ar, vazio, assim como as cores). Então o acesso à réplica
facilita a compreensão desse concreto não palpável, e muito mais em estar presente e tocar no
original.”
O manuseio dos objetos táteis, e o tempo a ser gasto neles, está relacionado ao tamanho
das peças (Fig. 10), e que peças de grande porte deixariam a experiência da visita cansativa, e
por esta razão o tamanho e quantidade deveriam ser menores (TOJAL, 1999; FERREIRA,
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2016). Não se pode conceber ou pré-conceber uma visita pré-estabelecida de como a PCDV
deve explorar, desconsiderando a diversidade das pessoas e interesse, pois corre-se o risco de
ter um olhar capacitista para o visitante PCDV, sempre o idealizando como alguém cansado.
FIGURA 10 Visitantes explorando a exposição Baleia à vista
Fonte: autoras.
Outra adaptação realizada na exposição para PCDVs é a inclusão de textos em braile.
Estes apresentam informações resumidas das espécies ao lado das réplicas (Fig. 11 e 12),
possibilitando para o visitante a complementação da informação e a ampliação da apreensão do
discurso expográfico.
A escrita em Braille é formada por células de seis pontos em relevo que possibilita a
leitura a partir do toque. Essa escrita é fundamental, pois possibilita autonomia às PCDVS se
comunicarem e obtém conhecimento no dia a dia. Nos museus, a escrita é essencial para uma
comunicação acessível dos conteúdos da exposição, como citam os visitantes sobre a exposição
Baleia à vista, que consta um texto da apresentação da exposição discorrendo sobre a intenção
dessa exposição, pontuando a relevância do tema proposto, e textos informando
especificamente as Baleias Fin e Jubarte, que acompanham as réplicas para melhor
compreensão. Essa associação de estratégias de acessibilidade foi importante para que as PCDV
possam apreciar e estabelecer um pertencimento com a narrativa da exposição, tornando esses
espaços mais convidativos e frequentados por todos.
Os visitantes aprovaram a presença dos textos em Braile. Entretanto, sugeriram outras
tecnologias, em especial que beneficiasse outras PCDVs, que não dominassem este tipo de
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linguagem, tais como equipamento PenTop
4
, QR Code
5
com audiodescrição, que com auxílio
de um mediador poderia ser acessado, possibilitando acesso ao discurso expográfico.
FIGURA 11 Réplica da Baleia Fim com texto em Braille
Fonte: autoras.
FIGURA 12 Réplica da Baleia Jubarte com texto em Braille.
Fonte: autoras.
4
Pentop traduzida para o português significa caneta leitora o equipamento é uma tecnologia assistiva, este por
sua vez.dispo~em de produtos, recursos, serviços que garantam autonomia e segurança para as pessoas com
deficiência.
5
È um código de barras criado por Denso Wave, que significa Quick Response Code (“código de acesso rápido”
tradução nossa). https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_QR.
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NADA SOBRE NÓS SEM NÓS: A IMPRESSÃO DO PÚBLICO PCDV SOBRE A
BALEIA À VISTA, NO AJH DO MUSEU GOELDI
Os museus devem ter políticas públicas de acessibilidade na instituição, ou seja, a
inclusão deve fazer parte das práticas museológicas, abrangendo de forma interdisciplinar todas
as áreas de trabalho. Vale ressaltar que toda e qualquer ação de políticas públicas de
acessibilidade irá favorecer a todos, e assim teremos de fato a inclusão (TOJAL, 2016).
O papel do museu não é revelar o implícito, nem o explícito, não é resgatar o
submerso, não é dar voz aos excluídos (nem aos incluídos...), não é oferecer
dados ou informações. Em suma, o museu não é um doador de cultura. Sua
responsabilidade social é excitar a reflexão sobre as múltiplas relações entre o
presente e o passado, através de objetos no espaço expositivo. (Ramos, 2004
apud Castro, 2014, p.17).
Antes de relatar a exploração da visita no aquário, foi desenvolvido um roteiro com duas
propostas de observação, ativa e passiva, sendo a primeira sem intervenção e a segunda de
forma participativa com os visitantes. Ao iniciar a visita a partir da entrada do AJH com o grupo
de 3 pessoas, o visitante 1 pergunta se “tem linha guia?”, então a autora responde que “não”, e
descreve de forma sucinta que “há uma rampa com sinalização tátil no início e final para acessar
a entrada do AJH”, porém não entra muito em detalhes porque a ideia é colocar em prática a
primeira proposta de observação passiva.
Ao iniciar a exploração pela rampa, percebeu que os visitantes demonstraram cautela e
até mesmo insegurança na área externa de acesso da rampa, resultado da ausência de um mapa
tátil, orientando espacialmente como chegar na porta de acesso interno, assim como a podagem
constante da vegetação, uma vez que no dia da visita estava invadindo o circuito de acesso (Fig.
13).
As memórias espacial, temporal e cinestésica representam um conjunto de
faculdades específicas desenvolvidas pelos portadores de deficiências visuais,
que lhes permitem identificar por associação e referencial adquirido a sua
localização espacial e temporal a partir de sensações inter-relacionadas
principalmente com os sentidos do tato, audição, olfato e ecolocalização.
(Tojal,1999, p.20)
No que diz respeito ao acesso interno, a movimentação também não se deu de forma
fluida, já que, por não ser clara o suficiente, a sinalização, que direcionava para a maquete que
apresenta o espaço interno, não foi adequada em um primeiro momento para estes explorarem
o espaço em geral. Neste momento, o visitante 1 destaca na sua fala “não sei se nós teríamos
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autonomia de andar sozinho. Nosso objetivo é reconhecer o espaço, porém reconheço que foi
precipitado em sair explorando sem reconhecer o espaço e sair andando, não se faz isso”.
Diante do exposto, viu-se a necessidade de treinar os recepcionistas, mediadores para ambientar
previamente o visitante PCDV.
FIGURA 13 Visitante na entrada do AJH
Fonte: autoras.
Essa situação evidencia que, apesar de atender a NBR9050/04, com a maquete e piso
táteis, verificou-se que não foi o suficiente, pois existe uma dimensão que vai além da inclusão
que é a socialização (inclusão social), uma vez que estamos falando das pessoas. A visitante 2
destaca na sua fala deixa eu te dar um toque, por exemplo, as visitas serão guiadas, ou
não?”, a autora responde que não, pois a intenção é que seja com autonomia, mas se o visitante
desejar um guia, isso pode ser viabilizado”.
Após a resposta da autora, a visitante 2 destaca na sua fala “porque por exemplo, vamos
imaginar que o cego venha em grupo, sei um, dois ou três que não conheçam nada, não
conheçam o espaço né, aí acho que seria interessante que a visita fosse guiada e que a pessoa
logo fizesse uma noção do espaço, entendeu, descrevesse o espaço. Assim, por exemplo, ah
logo na entrada tem um piso aqui que diferencia se você for direto. Vai explicando, descrevendo
todo o espaço, entendeu? Pra pessoa que não vendo, que não conhece, pra ele ter uma noção
tanto do tamanho, do que tem no espaço. sim, depois deixar ele fazer o reconhecimento, mas
ele teria que ter essa informação prévia do espaço”.
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Por esta razão, após este ponto a observação passa a ser totalmente participativa
seguindo a sugestão da visitante. Após isso, a autora realizou uma breve orientação do espaço
para os demais grupos, o que funcionou perfeitamente, ou seja, o reconhecimento do local se
dá através da percepção da sinalização no ambiente, o que afirma Tojal (1999, p. 19, 20), que é
caracterizada pela referência adquirida “da memória espacial, temporal e cinestésica” do
indivíduo a partir dos movimentos corporais através do contato com objetos ou deslocamentos
repetidos sistematicamente.
A sinalização tátil direcional e/ou de alerta para a orientação de cegos nem
sempre é suficiente para o desfrutar de uma ambiência de qualidade, uma vez
que todos os sentidos se mesclam na cognição do espaço, induzindo a uma
ação sobre ele. A amplitude de um espaço pode representar liberdade, mas
também coerção no ato de caminhar sem atrativos visuais, táteis, auditivos ou
cinestésicos. (DUARTE; COHEN; BRASILEIRO; SILVA, 2013, p. 21, apud
DUARTE et al, 2018, p.90)
O ato de acessar uma edificação museológica, conseguir penetrar nela,
percorrer seus espaços, perceber as exposições que o museu abriga e sentir-se
acolhido e feliz ao desfrutar as manifestações artísticas ou culturais ali
exibidas faz parte de uma tendência mundial. (COHEN, 2012, p.120)
Portanto, a falta de percepção da sinalização não significa que esteja errada, indica que
não há humanização da NBR9050/04. Duarte (2018) compreende que mesmo com a norma de
sinalização sendo aplicada, ressalta a importância de que haja ambiência no espaço e
sensibilização, uma vez que a Tríade vai além das características de acessibilidade (técnicas),
dos princípios universais e a inclusão, que se entende como acessibilidade emocional”,
conceito descrito por Cohen et al (2012).
Quanto ao circuito e ao texto da exposição, cada visitante informou que eles estão
compreensivos e que passa a mensagem em relação a abordagem feita pelo curador, sobre a
ocorrência das baleias na Amazônia e ameaças de extinção a partir da caça desses animais. Foi
percebido pela autora que todos os visitantes ficaram encantados e eufóricos por tocar num
animal que sabem e escutam falar que existe, mas não imaginavam que teriam oportunidade de
tocar.
Dentro da norma da acessibilidade, os textos precisam apresentar fonte ampliada, para
facilitar para pessoas com BV, mas como os textos da exposição eram grandes, não foi possível
ter fontes maiores. A visitante 7, em relação ao texto da exposição, comentou, ressaltando que,
por ela ser uma pessoa de baixa visão, o tamanho da fonte dificultou a leitura, mesmo com a
iluminação focal, porém sugeriu que uma lupa resolveria (Fig. 14). a visitante 6 na sua
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fala sente a necessidade do uso do QR CODE contendo Audiodescrição (AD)
6
com
informações para quem não tem a leitura em Braille”, reforçando o que já havia sido pontuado
por outro visitante.
FIGURA 14 visitante com baixa visão lendo e tocando na réplica
Fonte: autoras.
Para o visitante 4, que visita o museu desde a infância, mas que a exposição Baleia à
vista foi a sua primeira, destaca na sua fala “que foi muito interessante. Primeiro porque estou
pensando muito sério na minha vida, de seguir na parte de biologia, né...muito sério
mesmo...achei interessante anatomia da parte óssea das baleias e de todas elas e das réplicas
também”. De acordo com ele, o museu como patrimônio representa para ele e para sociedade
um pedaço da Amazônia que mostra os animais, as árvores e tudo, e que como posso falar
isso...que não é em todo lugar que tem, né? É só aqui mesmo...então é uma parte do nosso
Pará”. Para ele de um modo geral o museu e o aquário estão preparados para atender as PCDVS,
como ele destaca “em algumas coisas, sim, tipo tem os textos, já tem a maquete, já tem o piso,
né, pra pessoa se guiar. que tem que ter também algum funcionário ou alguém que esteja
disposto ali pra fazendo audiodescrição (AD) pra nós. Do que tem, do que acontecendo.
Entendeu?”. Ao perguntar se o audioguia supriria a substituição do mediador ou recepcionista
para fazer a AD, ele afirma contundente que “não, não teria graça teria que ser a pessoa”.
6
“Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à
atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. “(CAT, SEDH, 2007 apud BRASIL, 2009, p. 30).
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Entre os entrevistados, foi unânime a presença do guia (medidor, recepcionista) para se
sentirem à vontade, porque eles querem contato humanizado para que se sintam acolhidos no
ambiente no momento da visitação. Corroboramos que é essencial a humanização nos
ambientes culturais e reiteramos o conceito da autora Regina Cohen (2012) sobre
“acessibilidade emocional” para que a pessoa com deficiência visual se sinta acolhida e
aproveite a experiência no local. (COHEN, 2012)
Para o visitante 5, a experiência na exposição foi positiva com algumas ressalvas. No
que se refere ao texto em Braille, para o visitante é importante e essencial. Ficou satisfeito por
contemplar na exposição, mas para quem perdeu a visão recentemente e não tem o domínio da
leitura, nesse caso, para ele não foi acessível. Enfatiza que o contato com mediador é essencial
para quem perdeu a visão, pois para ele se localizar e ambientar no espaço é um processo mais
novo e lento.
De acordo com visitante 6 e os demais, a maquete tátil obteve grande êxito na percepção
e orientação para localizar a exposição Baleia à vista no ambiente interno. Entretanto, no que
se refere ao prédio arquitetônico, já não atende, uma vez que não há volume para compreender
o patrimônio arquitetônico. A maquete tátil (bi-dimensional) é uma representação parcial da
arquitetura, para que a PCDV possa explorar e obter maior compreensão da organização geral
do espaço e da estrutura desse patrimônio, no qual habita temporariamente. Esse recurso de
acessibilidade é importante para alcançar com sucesso a visita para a exposição Baleia à vista.
É sabido e comprovado que esse recurso proporciona à PCDV segurança e
independência. Para Mussi (2016) a maquete tátil contribui para a compreensão do
deslocamento e ajuda na elaboração do mapa mental (Fig. 15) (MUSSI et al, 2016). Segundo
Dischinger et al (2010), na ausência dos recursos táteis o uso da audiodescrição é uma das
soluções para uma boa compreensão e percepção na visita a exposição, além do contato direto
(MEDEIROS et al, 2012).
De fato, para explorar a percepção ambiental de pessoas com deficiência
visual, é importante buscar elementos que permitam maior aproximação da
ambiência/espaciosidade do local em estudo (Paula, 2004), a fim de
estabelecer nexos entre ambiente experenciados e ambientes propostos. No
caso da ausência total ou parcial de visão, boas soluções exigem, além de
conhecimento teórico, contato direto com usuários (...) para compreender seus
processos de percepção e orientação espacial (DISCHINGER & BINS ELY,
2010, p. 95.) (MEDEIROS et. al, 2012, p. 64)
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FIGURA 15 localizando a exposição Baleia à vista
Fonte: autoras.
Para Sarraf (2015, p.15 e 16), acessibilidade e comunicação sensorial proporcionam
benefícios para todos os indivíduos que escolhem os museus e espaços culturais como suas
opções de lazer”. Para tanto, os recursos de acessibilidade, especificamente para PCDV,
(rampa, elevadores, audioguia, iluminação, réplicas, canetas tradutoras, etc.) utilizados na
exposição viabilizam uma comunicação acessível baseada nos “dois sentidos”, ou seja, uso da
réplica acompanhada do texto em Braille ou até mesmo da mediação dos mediadores ou AD
(SARRAF, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise permitiu apresentar a realidade das PCDV ao visitar a exposição Baleia à
Vista, no aquário do Museu Paraense Emílio Goeldi. Estas tiveram acesso a uma parte do
conhecimento da narrativa da exposição, pois não havia texto em braile de todos os conteúdos,
e ainda assim seria necessária a complementação de outros recursos de acessibilidade como
audioguia, AD e mediador para oferecer à PDCV a completude da narrativa expográfica.
Durante a visita, foi observado um movimento contrário à parametrização das
“dimensões das réplicas” para o uso do toque, uma vez que na exposição não foi perceptível
problemas às PCDVs e BV ao tocarem no esqueleto de baleia, de 14 e 8 metros, o que não
estaria de acordo com os tamanhos citados por Tojal (1999) e Ferreira (2016), o que poderia
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lhe provocar desconforto ou cansaço. Muito pelo contrário, houve surpresa e encantamento7,
por tocarem em um animal tão grande, que só imaginavam.
Isso pode ser exemplificado pela fala com entusiasmo da visitante 3 ao dizer A boca
da baleia é tão grande que me engole inteira, não vou mais entrar no mar”. Portanto, reiteramos
que a parametrização “não” deve ser colocada como uma regra, por que cada exposição tem
uma proposta.
Quanto aos pontos positivos, foi relatada pelos visitantes a importância essencial do uso
do texto em Braille, mesmo com sugestões de outros recursos de leitura como a caneta leitora;
AD com ou sem QRCODE; as réplicas; o piso tátil existente para locomover no espaço e a
maquete tátil bidimensional, que tem a função de orientar o visitante.
No que diz respeito aos pontos com necessidade de aprimoramento da exposição, podem
ser citados a presença de maquete 3D para compreender o prédio e seus detalhes arquitetônicos;
a presença de um mapa tátil localizado na entrada do aquário; a formação continuada dos
recepcionistas para acolher e pré-informar a PCDV e o tamanho de fontes ampliado ou uso de
lupa, para visitantes com BV. Assim como conteúdo sensorial, disponíveis para exploração dos
outros sentidos, o que ampliaria as possibilidades comunicacionais para exposições futuras.
Os dispositivos de acessibilidade são ferramentas que potencializam a vivência na
exposição e, ao eliminar barreiras para as PCDVS, os museus reforçam seu papel como espaços
democráticos, preparados para acolher de maneira diversa a humanidade da sociedade.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer aos participantes Lorival F. do Nascimento, Elisandra B. Vilhena,
Taiane Martins, Tiago Gatinho, Marco Antônio, Ana Clara Maciel, Silvana R. Ferreira, Wesley
Ferreira, Fernando Rodrigues, que concederam parte do seu tempo para responder as entrevistas
para realização deste trabalho.
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Recebido em: 01 de setembro de 2023
Aceito em: 30 de dezembro de 2023