cara, como a “Casa de educação no campo” de Hermann Lietz, na Alemanha. Importa ainda
destacar experiências extremamente originais e inovadoras, como o “modelo educativo
antiburguês e libertário” de Gustav Wyneken, implementado também na Alemanha, que muito
influenciou a juventude de seu país até a Primeira Guerra. Valorizava a iniciativa dos jovens, a
autonomia, bania a autoridade da família e os métodos escolares conformistas, defendendo uma
formação escolar que valorizasse as línguas modernas, o conhecimento científico, a natureza –
sob a influência do pensamento de Rousseau - o apreço pelo popular, pela vida simples. O
modelo de escola nova de Kerschensteiner também se enquadra dentre os mais originais e
avançados, com a criação de sua “escola do trabalho”, que foi criada em Mônaco, quando este
educador efetuou uma reforma das escolas profissionais pós-elementares. Com formação
pedagógica inspirada em Dewey, Kerschensteiner propunha uma renovação do currículo
tradicional com a introdução do trabalho.
O trabalho é de fato a atividade fundamental do homem e como tal deve ser
posto no centro da atividade infantil, mas deve ser um trabalho preciso e sério,
desenvolvido coletivamente e cotado de valor real (isto é, produtivo, mesmo
que não-econômico). Para desenvolver tal trabalho as escolas precisam ser
dotadas de laboratórios e oficinas aparelhadas. (CAMBI, 1999, p. 517).
O trabalho para este autor deve ser educativo, propiciando formação profissional, moral
e social. Se recordarmos os postulados dos discípulos de Rousseau no período pós Revolução
Francesa, Condorcet e Lepelletier, que não viam incompatibilidade entre os princípios da
liberdade e da igualdade, destoando das correntes preponderantes no liberalismo, enfaticamente
defendiam em seus planos de educação pública a educação para ambos os sexos, pública,
gratuita, laica e estatal, que possibilitasse aos educandos uma formação que lhes propiciasse
autonomia nos planos material, político e moral (CUNHA, 1977). Embora suas ideias tenham
sido concebidas há mais de um século antes das primeiras experiências escolanovistas, e ainda
não englobassem a adoção dos métodos ativos, é a vertente francesa, herdeira do pensamento
de Rousseau, somada a outras contribuições, que iria inspirar, bem depois, a partir de meados
da década de 1920, as proposições de Roger Cousinet e Célestin Freinet, que não apenas
elaboraram “métodos didáticos bastante significativos e orgânicos, mas também uma constante
reflexão sobre os fundamentos teóricos e as implicações políticas características da educação
nova” (CAMBI, p. 523). Estes dois autores, mais próximos das formulações socialistas,
preocupavam-se com a formação intelectual, física, moral e social, visando ainda desenvolver
nos estudantes o espírito de sociabilidade e colaboração.