ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17496
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Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-8, e022036, 2022.
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ENTRE TRINCHEIRA, PALCO E LETRAS HOMENAGEM A ANTONIO
ARNONI PRADO
Ricardo Gaiotto de Moraes
1
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
rgaiotto@gmail.com
Carolina Severo Figueiredo
2
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
carolinasfig@gmail.com
Foto de Antonio Arnoni Prado por Antonio Scarpinetti. Fundo: ASCOM/UNICAMP.
SOBRE ANTONIO ARNONI PRADO
Antonio Arnoni Prado nos deixou no dia 11 de setembro de 2022, aos 79 anos de idade.
Professor de Literatura Brasileira, no Instituto de Estudos da Linguagem, na Universidade
Estadual de Campinas, durante mais de 30 anos. Foi Antonio Candido, seu orientador de
mestrado e doutorado, que o definiu como “um crítico extremamente bem aparelhado para seu
mister, que alia à livre inspiração de um ensaísta a operosa tenacidade de trabalhador
universitário”. Para nós, alunos do Arnoni, como o chamávamos, o intelectual – com vastíssima
1
Professor Adjunto do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas e do Programa de Pós-graduação em
Literatura, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
2
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Literatura, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17496
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erudição estava sempre ao lado do professor disposto a ouvir e a explicar, em tom de conversa,
qualquer que fosse a vida e, naquele instante, não parecia haver texto mais difícil do que
nossa capacidade de compreender. Com ele, tínhamos, a fantasia de que podíamos enfrentar
qualquer teoria sobre literatura desde que travássemos um corpo a corpo com o texto literário
como dizia Arnoni: o bom crítico e professor é aquele que explica de maneira que uma turma
em sala de aula possa entender um texto complexo.
Engana-se, no entanto, quem imagina que as explicações armadas por Arnoni em seus
ensaios, aulas ou palestras eram ligeiras a complexidade do raciocínio muito bem arquitetado
era atravessada pela leitura minuciosa que ele fazia de uma gama enorme de textos. Anotador
às margens, saltava aos nossos olhos a infinidade de relações que ele trazia em cadernos escritos
a lápis e nas inúmeras pastas de recortes que guardava em sua sala no Instituto de Estudos da
Linguagem. Em um conjunto dessas pastas estavam as anotações de um estudo que tomou
grande parte de sua vida a literatura e a imprensa anarquista do início do século XX, em São
Paulo. Pesquisando em arquivos do Brasil e do exterior, e realizando estágio de pós-doutorado
na Fondazione Gianjaccomo Feltrinelli, em Milão, na Itália, produziu ensaios e livros que são
referência para o estudo da cultura anarquista no Brasil. Dentre essas publicações, em co-autoria
com Francisco Foot Hardman, destacam-se a coletânea Contos anarquistas, editora Brasiliense,
1985, republicado e ampliado em 2011 com o título Contos anarquistas: Temas e textos da
prosa libertária no Brasil (1890-1935), pela editora Martins Fontes, este editado também em
parceria com Hardman e Claudia Baeta Leal, e ensaios que saíram em periódicos nacionais e
internacionais, dentre eles, “Boêmios, letrados e insubmissos”, “Quando a Itália era no Brás”,
temas que retornaram na primeira parte do livro Trincheira, palco e letras, publicado em 2004,
pela Cosac & Naif, e nos ensaios “Sobre as imagens da revolução no teatro de Luigi Damiani”,
“Nota sobre cultura e anarquismo” e “Elucubrações dramáticas do professor Oiticica”.
A imprescindível contribuição ensaística de Antonio Arnoni Prado para os estudos da
literatura anarquista no Brasil, tema que dialoga diretamente com o dossiê temático apresentado
neste número da RIDPHE_R, reside na forma como o ensaísta amplia de maneira irreversível a
compreensão da história da literatura nas primeiras décadas do século XX, isso porque insere
no panorama literário contos antes invisíveis. É o que traça, por exemplo, em “Boêmios,
letrados e insubmissos”, ao observar, em textos publicados na imprensa anarquista,
antecipações do “texto-piada e dos jogos dialetais histriônicos”
3
largamente utilizados também
por Oswald de Andrade, Antônio de Alcântara Machado e Juó Bananere.
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PRADO, Antonio Arnoni. Trincheira, palco e letras. São Paulo: Cosac & Naif, 2004. p. 729.
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Para além dos ensaios, capazes de apontar rumos originais para a pesquisa sobre o
anarquismo no Brasil, é de grande valia a antologia Contos anarquistas: Temas e textos da
prosa libertária no Brasil (1890-1935), que Arnoni preparou em colaboração com Francisco
Foot Hardman e Claudia Baeta Leal, porque nela o leitor pode tirar suas próprias conclusões a
partir do contato com esses textos antes de difícil acesso. Numa homenagem a Antonio
Candido, Arnoni nos contava que o maior tributo “que se pode prestar a um intelectual é
comentar criticamente a sua a obra” e, por isso, publicamos, neste espaço, como tributo ao
grande intelectual e professor uma leitura contemporânea do livro Contos anarquistas: Temas
e textos da prosa libertária no Brasil (1890-1935) organizado por Arnoni, Foot e Leal.
CONTOS ANARQUISTAS, TEMAS & TEXTOS DA PROSA LIBERTÁRIA NO
BRASIL (1890-1935)
Os últimos dez anos no Brasil e no Mundo foram surpreendentes. Poucos poderiam
prever a proporção do impacto que a tecnologia causou em tão curto período, sobretudo por
conta das redes sociais e da particularidade de seus discursos na nossa cultura. Arte, literatura
e música geradas por Inteligências Artificiais acessíveis ao público são uma realidade,
provocando debates fundamentais a respeito de autoria, anonimato e do caráter humano do fazer
artístico. No início do século XX, em contrapartida, grupos de resistência libertária
praticavam textos anônimos em autorias coletivas ou individuais, e demandavam que não
apenas a arte fosse humana e de acesso universal, como tivesse o povo como autor e principal
consumidor dessa cultura.
É o caso de muitos textos do livro Conto anarquistas, temas & textos da prosa libertária
no Brasil (1890-1935), organizado por Antonio Arnoni Prado, Francisco Foot Hardman e
Claudia Feierabend Leal e publicado pela Martins Fontes em 2011. Esta edição a que nos
referimos é revista e ampliada de uma primeira versão, publicada em 1985 (ano do fim
institucional das duas décadas de Ditadura Civil-Militar no Brasil), e que, graças ao ineditismo
do compêndio, pôde democratizar uma série de contos, crônicas e peças de difícil acesso
produzidas por grupos anarquistas na primeira metade do século passado.
Esta primeira versão nasce, segundo os próprios organizadores, a partir de investigações
sobre o que Antonio Arnoni Prado chama de um “projeto nacional hegemônico”, desenvolvido
pelo setor da política brasileira que se interessava em excluir ou repudiar autores que se
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identificavam com uma ética libertária, como Lima Barreto
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, além da necessidade de se criar a
arqueologia de uma “outra história literária possível”
5
. É na introdução do livro que nos
deparamos com uma das questões mais instigantes a respeito da literatura anarquista, e que é o
cerne da pesquisa: tendo como essência a difusão dos ideais políticos à classe trabalhadora, não
é o romance o gênero de maior evidência, mas o conto ou o teatro. Devido à curta extensão da
forma do conto, era possível não apenas disseminá-la com muito maior facilidade através da
imprensa, mas também deslocar o papel do herói do romance burguês para o trabalhador em
uma vivência real através da “(...) perspectiva proudhoniana da arte em situação”
6
.
Arte em situação é justamente aquela que se coloca no cotidiano social para criticar suas
contradições, tanto pelo meio de divulgação (revistas, jornais e panfletos) como pela forma
simples e direta do seu texto e seus temas. O conto, por sua brevidade, pode apresentar uma
rie de acontecimentos simples relacionáveis à vida de qualquer indivíduo da classe operária,
público-alvo direto das histórias selecionadas para o livro. Assim, funcionam tanto como uma
propaganda da ética e política ácrata como um convite à ação direta. Como a charge, a crônica
ou a canção, outros gêneros comuns na propagação do anarquismo, o conto tem essa função de
pílula situacional. Uma narrativa rápida para uma situação urgente.
O período escolhido para a seleção dos contos coincide com a Primeira República,
iniciada por cinco anos de Ditadura Militar (1889-1894), e conduzida durante trinta anos por
uma oligarquia industrial e latifundiária até o Golpe de 30, que levaria à ditadura do Estado
Novo. A efervescência política deste tempo anterior à Segunda Guerra levantava todo tipo de
luta libertária no Ocidente (como os levantes de diversas vertentes socialistas na Rússia e outras
partes da Europa, os zapatistas e sandinistas, os movimentos sufragistas pelas democracias,
etc.), mas também, em contrapartida, o recrudescimento de políticas autoritárias como o
fascismo e o nazismo, que inspirariam em política e método, em diferentes graus, a série de
ditaduras militares que castigaram a América Latina durante o século XX.
A coletânea traz em suas páginas iniciais uma cronologia de momentos históricos deste
período, possibilitando aos leitores identificar as forças sociais em combate no tempo de cada
narrativa. Além disso, outra adição interessante à versão de 2011 são os textos traduzidos do
espanhol e italiano e seus originais, ao fim do livro, para cotejo do leitor. A importância das
4
PRADO, A. A. Entrevista com Antonio Arnoni Prado. In: Teresa, [S. l.], n. 1, p. 129, 2000. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/teresa/article/view/121085. Acesso em: 10 dez. 2022.
5
HARDMAN, F. F. Entrevista com Francisco Foot Hardman. In: Teresa, [S. l.], n. 17, p. 226, 2017. Disponível
em: https://www.revistas.usp.br/teresa/article/view/121926. Acesso em: 10 dez. 2022.
6
PRADO, Antonio Arnoni; HARDMAN, Francisco Foot; LEAL, Claudia Feierabend (Orgs.) Contos anarquistas:
temas & textos da prosa libertária no Brasil (1890-1935). São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011, p. XX.
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traduções remete à quantidade de periódicos anarquistas nestas línguas que existiam no Brasil
no início do século passado. Estes paratextos multiplicam em muito os sentidos da leitura, mas
de forma alguma a restringem, visto que a própria escolha dos organizadores foi a de dividir os
contos não de forma cronológica ou pelo idioma original, mas pelo conteúdo dos textos em
diferentes blocos temáticos.
São seis blocos com um número variante de narrativas em cada. O primeiro deles,
Formação Militante, foi acrescentado ao livro nesta segunda versão, de 2011, a partir das
pesquisas de Claudia Feierabend Leal. Sua contribuição adicionou treze novas narrativas às
trinta e sete da primeira edição, distribuídas entre os blocos temáticos. Quatro delas estão neste
primeiro bloco. São contos que abordam questões basilares do pensamento e ação anarquista,
como o anticapitalismo, a rejeição à religião organizada, a recusa ao Estado. O conto “Entre
operários (diálogo)” (1902), de Guglielmo Marroco, é um exemplo de como o diálogo como
forma literária funciona como dispositivo didático, como uma simulação da interação entre
trabalhadores. É um exemplo do estilo de autor-povo como procedimento de disseminação
sintética do ideário anarquista e da consequente formação militante da classe trabalhadora.
O segundo bloco temático, Projeções da utopia libertária, apresenta narrações mais
simbólicas e menos didáticas do que os da primeira parte e buscam inflamar a utopia através de
imagens com forte carga poética, quase místicas. É o caso de “Oração” (1932), de uma das
pioneiras do pensamento anarcofeminista no Brasil, Maria Lacerda de Moura, e “Germinal!”
(1898), assinado por G.D., iniciais do jornalista, poeta e artista Luigi “Gigi” Damiani. São
textos bastante imagéticos. Com muitas referências bíblicas ou religiosas (“O Amor - Deus
único nos parques silenciosos das minhas Catedrais interiores”, “Não matarás - é o segredo da
Esfinge na evolução humana”), o texto de Moura evoca um universo para reivindicar, para si e
para a ação conjunta entre as pessoas, o poder da Criação do mundo (o mundo futuro). Da
mesma forma, “Germinal!” se apropria das imagens do calvário de Cristo para falar dos
sofrimentos e ataques lançados aos militantes anarquistas na luta de um porvir igualitário.
É curiosa a suposta ambivalência entre o materialismo de um setor anarquista e a
linguagem transcendental ou simbólica dos contos, comum na literatura de pensadores
anarquistas místicos e cristãos como Léon Tolstói e Simone Weil. Esta aposta no simbolismo
pode ter, também, relação com os movimentos de vanguarda deste início de século XX,
vinculados de alguma forma com movimentos político-artísticos disruptivos como o Dadaísmo.
A própria contraposição à escola Parnasiana é amálgama destas inclinações, já que é essencial
ao anarquismo que o fazer artístico deva atuar como um processo de quebra das elites
intelectuais e acadêmicas. Nesta linha, inclusive, entra o bloco Negação do Estado e da ordem
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burguesa, composto de nove narrativas, a maioria com autoria atribuída a pseudônimos (como
Lanceta, O Desertor, Gil e Photographo).
O texto de autoria conjunta “Maluquices” (1916), assinado por Um Grupo de Alienados,
tem uma textualização mais próxima do manifesto. Acusa o ufanismo das violências causadas
pelo Estado naquela década - a fome que vitimou centenas de pessoas na seca de 1915 no Ceará,
ou os massacres da Guerra do Contestado, em Santa Catarina. A narração, pontuada pela frase
“E não coisa melhor do que ser brasileiro” a cada denúncia, ironiza um patriotismo sem
bases materiais básicas para a população geral. “Maluquices”, escrito por autores que se
definem como alienados - talvez por ironia por saberem estar fora de uma ordem do senso
comum de sua época, talvez prevendo que suas críticas seriam vistas pelo poder como uma obra
de maluco. “O espantalho da loucura”, em bloco temático posterior, também associa a razão
dominante à insanidade - contraditoriamente, aqui, insano é o olhar do anarquista ao ver a moral
vigente em revés. Essa discussão se fundamenta na ideia de louco como divergente das normas
sociais, como o Outro.
Um dos contos mais surpreendentes da coletânea se encontra no bloco Moral
anarquista, intitulado “Livre amor” (1903), extremamente atual mesmo após 120 anos de sua
publicação. Não que os outros contos não tenham a sua importância (inclusive, muitos parecem
descrever as condições atuais da política brasileira), mas salta aos olhos o caráter deste tipo de
crônica, uma vez que reivindica para a mulher o direito de ser livre para dissociar-se do marido
se for de seu interesse. Para o narrador, que descreve um diálogo com outro trabalhador que
acredita ser o “livre amor” uma forma de prostituição, esta forma de relacionar-se apenas se
houver afeto mútuo é a única maneira possível. Bastante próprias do nosso século, as ideias
materializadas no que se cunhou “Anarquia relacional” possivelmente tiveram seu embrião
neste tipo de pensamento já centenário.
O bloco Miséria Urbana apresenta uma série de narradores flâneurs, que transitam pela
metrópole e observam atordoados a desigualdade social neste contexto de industrialização
brasileira. Crônicas como “Na morgue” (1904) ou “Placas fotográficas, 1” (1906) descrevem
esta industrialização e a desgraça de amigos que morreram em circunstância da miséria. Típico
da geração entre os séculos XIX e XX, o narrador flâneur anarquista não apenas descreve a
fome, os miseráveis, os necrotérios. Ele toma para si a dor que e infere seu culpado: a
burguesia, o Estado, o ufanismo, as polícias. Para este narrador, os inimigos da classe
trabalhadora são claros.
Por fim, o bloco Cotidiano Operário traz alguns textos interessantes para destaque
como “Um sonho” (1907), assinado pelo Chapeleiro Anônimo, história da concretização, em
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sonho, da utopia anarquista em uma fábrica de chapéus. Mais uma vez, o pseudônimo que dá o
tom de autor-povo e o devaneio como maneira de vivenciar a materialização de uma vida digna
aos operários das fábricas. Outro exemplo do sonho de insurgência dos trabalhadores está no
capítulo final de da novela “Vitória da fome” (1911), de Pausílipo da Fonseca. Amigo de Lima
Barreto, Pausílipo teria apresentado a ele O Correio da Manhã, onde Lima veio a publicar “Os
Subterrâneos do Morro do Castelo” em 1905, e que tem como tema também a industrialização,
o crescimento das metrópoles do início do século e suas consequências.
E se na época em que muitos destes textos foram publicados, o Brasil e o mundo
presenciavam o recrudescimento de políticas autoritárias como o fascismo italiano, hoje, um
século depois, vivenciamos uma retomada neofascista. A também chamada Onda Conservadora
que surge a partir de 2010, coincidindo a publicação desta edição da coletânea Contos
Anarquistas e que viu emergir governos de extrema-direita em todo o mundo, sinais de
declínio agora nesta segunda década dos anos 2000. É neste contexto que a leitura destes contos
escolhidos se faz ainda mais necessário, não apenas para que tomemos consciência do que os
cronistas (anônimos ou não) do Brasil desejavam difundir, mas para mantermos vivo o olhar
sobre as questões que são ainda muito proeminentes no nosso país: a displicência de leis
trabalhistas, os trabalhos análogos à escravidão, a desigualdade social e a luta pelo direito à
produção e fruição de arte e cultura à toda a população.
REFERENCIAS
HARDMAN, Francisco Foot. Entrevista com Francisco Foot Hardman. In: Teresa, [S. l.], n.
17, p. 226, 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/teresa/article/view/121926.
Acesso em: 10 dez. 2022.
LOPES, Milton. Um anarquista carioca: o escritor Lima Barreto e suas ligações com o
movimento libertário. In: Emecê. Boletim do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa, ano
VIII, nº 22, mar. 2012. Disponível em:
https://marquesdacosta.files.wordpress.com/2012/05/emece_22.pdf. Acesso em: 12 dez.
2022.
PRADO, Antonio Arnoni. Boêmios, letrados e insubmissos: nota sobre cultura e anarquismo.
In: Revista Iberoamericana, vol. LXX, nos. 208-209, jul-dez. 2004, p.721-733.
PRADO, Antonio Arnoni. Entrevista com Antonio Arnoni Prado. In: Teresa, [S. l.], n. 1, p.
129, 2000. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/teresa/article/view/121085. Acesso
em: 10 dez. 2022.
PRADO, Antonio Arnoni. Trincheira, palco e letras. São Paulo: Cosac & Naif, 2004.
ISSN 2447-746X
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PRADO, Antonio Arnoni; HARDMAN, Francisco Foot; LEAL, Claudia Feierabend (Orgs.)
Contos anarquistas: temas & textos da prosa libertária no Brasil (1890-1935). São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2011.
Recebido em: 03 de novembro de 2022
Aceito em: 28 de dezembro de 2022