entanto, as demandas de gerir um espaço tão grande, que tinha um aluguel muito alto, tomava
todo nosso tempo de militância; mas nosso maior problema era o acondicionamento dos livros
e documentos, pois o espaço não havia sido planejado para essa função específica, o que
colocava em risco a integridade dos materiais.
Foi refletindo esses problemas que resolvemos mudar a Biblioteca para uma pequena
sala ao lado da estação de metrô Vila Madalena, em São Paulo. Ali teríamos um melhor controle
do acesso ao acervo, um cuidado maior com sua manutenção, daríamos início a atividades que
estávamos ansiosos e ansiosas para começar e, fora tudo isso, conseguiríamos arcar com os
custos do aluguel, mediante a contribuição dos e das militantes do coletivo.
A partir de então, a biblio pôde realizar suas atividades como os grupos de estudos em
geografia, educação, história, movimento operário autônomo, pensadores anarquistas, cinema,
um específico sobre a Greve Geral de 1917 e hoje segue com o de História do Anarquismo em
formato remoto. Alguns desses grupos de estudos gestaram outras ações, como o “Congresso
Internacional Élisée Reclus e a Geografia do Novo Mundo”, realizado na USP, e a publicação
do livro Anarquistas no Sindicato, um debate entre Neno Vasco e João Crispim, que, aliás, foi
co-editado com o Núcleo de Estudos Libertários Carlos Aldegheri, o NELCA, coletivo que
reúne militantes do litoral sul de São Paulo. Essas atividades passaram a ser feitas
recorrentemente e hoje a Biblioteca é também uma editora, que tem mais de duas dezenas de
livros, inclusive infantis, e seguimos publicando todos os anos. A realização de Colóquios e
Congressos segue em andamento com participações de companheiros e companheiras de outras
latitudes do globo terrestre, firmando a perspectiva internacionalista do anarquismo, não apenas
no discurso, mas na prática e nos afetos que construímos nesses encontros.
Conseguimos organizar várias outras atividades, como cineclubes, palestras, debates,
minicursos e, desde 2019, seguimos com o projeto de podcast que nomeamos de Antinomia. O
Antinomia teve muita inspiração em outro podcast, o Desobediência Sonora, mas, ao invés de
centrarmos nossa atividade em entrevistas, o objetivo é debater os temas atuais desde uma
perspectiva dos movimentos sociais e do anarquismo. Mas, dentre todas essas atividades,
ressaltamos as Feiras Anarquistas que ocorrem todos os anos. Elas já foram organizadas em
parceria com o Ativismo ABC - coletivo que, infelizmente, já não existe mais - e hoje segue
sendo feita com o Centro de Cultura Social de São Paulo e o NELCA; neste ano de 2022,
realizamos nossa décima segunda edição.
Nas já tradicionais Feiras, temos a exposição dos livros de editoras anarquistas,
apresentações teatrais, debates, rodas de conversa, oficinas, apresentações musicais, exibições
de filmes e lançamento de livros. Foi construindo a Feira Anarquista que sentimos a necessidade