ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
1
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
AS FOLHAS DA REVISTA LA ESCUELA POPULAR (1912-1914) E OS SONHOS DE
UMA ESCOLA REVOLUCIONÁRIA
Kaithy das Chagas Oliveira
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Brasil
kaithy.oliveira@ifg.edu.br
RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal analisar panoramicamente o conteúdo produzido pela
Revista La Escuela Popular (1912-1914), órgão de difusão da Liga de Educación Racionalista
argentina. A sucursal argentina foi criada no ano de 1912 seguindo o modelo da Liga
Internacional pela Educação Racional da Infância (1908), criada pelo catalão Francisco Ferrer
y Guardia, que buscava continuar a divulgação dos propósitos da educação racionalista em
escala transnacional. A análise quanti-qualitativa dos vinte volumes publicados mensalmente
pela Revista indicou os principais temas discutidos ao longo dessa produção, bem como as
principais personalidades que realizaram publicações no periódico. Os aspectos da proposta de
educação racionalista e as críticas proferidas às escolas estatais e confessionais ganharam
destaque nesta análise.
Palavras-chave: Revista La Escuela Popular. Liga de Educación Racionalista. Argentina.
LAS FICHAS DE LA REVISTA LA ESCUELA POPULAR (1912-1914) Y LOS
SUEÑOS DE UNA ESCUELA REVOLUCIONARIA
RESUMEN
Este artículo tiene como principal objetivo analizar panorámicamente los contenidos
producidos por la Revista La Escuela Popular (1912-1914), órgano de difusión de la Liga de
Educación Racionalista argentina. La filial argentina fue creada en el año 1912 siguiendo el
modelo de la Liga Internacional para la Educación Racional de la Infancia (1908), creada por
el catalán Francisco Ferrer y Guardia, que buscaba continuar la difusión de los propósitos de la
educación racionalista a escala transnacional. El análisis cuanti-cualitativo de los veinte
volúmenes publicados mensualmente por la Revista indicó los principales temas tratados a lo
largo de esa producción, así como las principales personalidades que realizaron publicaciones
en la publicación periódica. Los aspectos de la propuesta educativa racionalista y las críticas
proferidas a las escuelas estatales y confesionales ganaron protagonismo en este análisis.
Palabras clave: Revista La Escuela Popular. Liga de la Educación Racionalista. Argentina.
THE SHEETS OF THE MAGAZINE LA ESCUELA POPULAR (1912-1914) AND
THE DREAMS OF A REVOLUTIONARY SCHOOL
ABSTRACT
This article has as its main objective to analyze panoramically the content produced by the
Magazine La Escuela Popular (1912-1914), the diffusion organ of the Argentine Liga de
Educación Racionalista. The Argentine branch was created in the year 1912 following the
model of the International League for the Rational Education of Childhood (1908), created by
the Catalan Francisco Ferrer y Guardia, which sought to continue the dissemination of the
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
2
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
purposes of rationalist education on a transnational scale. The quanti-qualitative analysis of the
twenty volumes published monthly by the journal indicated the main themes discussed
throughout this production, as well as the main personalities who published in the journal. The
aspects of the rationalist education proposal and the criticism proffered to state and confessional
schools gained prominence in this analysis.
Keywords: Revista La Escuela Popular. League of Rationalist Education. Argentina.
LES DOSSIER DU MAGAZINE LA ESCUELA POPULAR (1912-1914) ET LES
RÊVES D'UNE ÉCOLE RÉVOLUTIONNAIRE
RÉSUMÉ
Cet article a pour principal objectif d'analyser de manière panoramique le contenu produit par
la Revista La Escuela Popular (1912-1914), organe de diffusion de la Liga de Educación
Racionalista argentine. La branche argentine a été créée en 1912 sur le modèle de la Ligue
internationale pour l'éducation rationnelle de l'enfance (1908), créée par le Catalan Francisco
Ferrer y Guardia, qui cherchait à poursuivre la diffusion des objectifs de l'éducation rationaliste
à une échelle transnationale. L'analyse quanti-qualitative des vingt volumes publiés
mensuellement par le Journal a permis d'indiquer les principaux thèmes abordés tout au long
de cette production, ainsi que les principales personnalités qui ont fait des publications dans le
périodique. Les aspects de la proposition d'éducation rationaliste et les critiques formulées à
l'encontre des écoles publiques et confessionnelles ont occupé une place prépondérante dans
cette analyse.
Mots-clés: Revista La Escuela Popular. Ligue de l'enseignement rationaliste. L'Argentine.
El pueblo proletario que trabaja, que sueña, que
lucha y que ama, sea en este caso, el brazo
victorioso. Que ese brazo levante esta bandera. ¡Y
habremos encontrado el recto camino del futuro
que conduce inevitablemente a la Revolución
Social! Julio R. Barcos, 1913.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade apresentar e discutir o conteúdo da Revista La
Escuela Popular, publicada ao longo dos anos 1912 até 1914, em Buenos Aires, Argentina.
Trata-se de uma produção de divulgação das ações da Liga de Educación Racionalista, fundada
em 1912, que teve significativa circulação entre entusiastas da Educação Racionalista do início
do século XX, na América Latina.
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
3
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
A Revista La Escuela Popular é parte de um conjunto polissêmico e polifônico que
disputou o sentido político e pedagógica da Escola Popular
1
em princípios do século XX na
Argentina. O que reverberou nos mais variados contextos em que se projetava um tipo de escola
voltada à construção de uma organização social revolucionada pela classe trabalhadora de todo
o mundo.
Tal disputa se constituiu como contraponto ao modelo de escola hegemônico que vinha
se formando mediante a dicotomização do espaço escolar, na ocasião da formação de uma
segunda rede de ensino que se voltava à classe trabalhadora argentina, a Escola Popular.
Segundo Tragtenberg (2018), essa divisão da escola se deu em função dos interesses de
“reprodução das relações de produção”, que ao mesmo tempo “garante distribuição material,
repartição dos indivíduos nos dois polos da sociedade” e “garante função política e ideológica
de inculcação” (p. 189). A ideia de universalização da escolarização operou, portanto, com um
elemento constitutivo da consolidação do Estado nacional argentino e foi tema permanente dos
discursos imaginativos da nação, como argumenta Anderson (2017).
Assim como em outras localidades da Região, o discurso oficial propagado pela
historiografia da educação hegemônica traz uma visão parcial acerca da diversidade de
proposições de Escolas Populares no país, silenciando, desse modo, as vozes dissonantes que
trouxeram projetos revolucionários de escolarização. Com o intuito de escutar o “silêncio dos
vencidos” (DE DECCA, 1997), mediante a mirada realizada a partir de uma “história a
contrapelo” (BENJAMIN, 2012; CHAUÍ, 1981), a análise da Revista La Escuela Popular,
guardada como um tesouro pela militância anarquista por mais de um século, visa contribuir
para o desvendamento desta contribuição ao debate acerca dos princípios orientadores da
Educação Integral e Racionalista, que ainda nos tempos atuais se faz relevante para a reflexão
acerca da função social, política e pedagógica da escolarização da classe trabalhadora.
O CONTEXTO DE EMERGÊNCIA DA LIGA DE EDUCACIÓN RACIONALISTA
ARGENTINA
Há um estreito vínculo entre a origem dos movimentos operários dos meados do século
XIX, em seus projetos revolucionários de escala internacionalista, e a proposição de uma Escola
1
O aprofundamento acerca da noção de disputa pela concretização da Escola Popular na América Latina, na
passagem do século XIX para o XX, mediante a comparação da proposição das escolas racionalistas e das escolas
estatais e/ou confessionais, bem como a comparação dos casos argentino e brasileiro, foi objeto da tese de
doutorado intitulada: Folhas libertárias na América Latina: disputas pelos sentidos políticos das Escolas
Populares no início do século XX, na Argentina e no Brasil”, defendida no ano de 2021, junto ao Programa de
Pós-Graduação em Estudos Comparados sobre as Américas, da Universidade de Brasília.
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
4
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Popular concebida e realizada a partir deste objetivo revolucionário. O tema ganhou
significativa importância nos debates da Primeira Internacional (AIT), especialmente com a
crítica ao sistema escolar predominante no cenário europeu, a escola clássica. Segundo Codello
(2007), a partir destas críticas foi possível elaborar “[...] as definições dos fundamentos da
educação politécnica e da educação integral [...]” (p. 161) que fundamentaram uma rie de
experiências educacionais que se desenvolveram a partir daí.
O seguimento mais numeroso da Primeira Internacional, a ala libertária, desenvolveu a
proposição da Instrução Integral que se articulava em torno da defesa da ciência, da justiça
social e da liberdade, como aspectos imprescindíveis à formação das crianças, jovens e adultos.
Se contrapondo, portanto, à organização escolar tradicional ou clássica. Desdobra-se dessa
compreensão a ideia de que a revolução social deveria ser, ao mesmo tempo, uma revolução
educacional. Essa premissa serviu de guia para as experiências pedagógicas que se tornaram
modelo para o pensamento e a ação libertárias, assumidas como escolas antiautoritárias, tais
como: Orfanato Prévost em Cempuis (França), no período de 1880 a 1894, proposto por Paul
Robin; Escola Moderna (Escolas Racionalistas) de Barcelona (Espanha), no período de 1901 a
1906, constituída a partir de uma rede de intelectuais e militantes em torno de Francisco Ferrer
y Guardia; A Colmeia (França), no período de 1904 a 1917, proposta de Sébastién Faure (1858-
1942).
E foi alinhando-se aos interesses revolucionários transnacionais que se deu a
organização operária dos finais do século XIX e início do século XX na Argentina (GODOY,
2013), concebendo, simultaneamente, um projeto educacional, em acepção ampla. inúmeros
registros de esforços no sentido de constituir centros de estudos, bibliotecas populares ou
mesmo escolas laicas/livres, vinculados às primeiras agremiações operárias dos finais do século
XIX, no contexto argentino. Tal antecedente preparou um projeto educacional
libertário/racionalista viabilizado pela Federación Obrera Argentina (FOA), criada em 1901
que passou a ser chamada de Federación Obrera Regional Argentina (FORA)
2
, a partir de seu
quarto congresso em 1904. A análise das Resoluções dos congressos anuais da FORA
demonstra que desde o segundo congresso, realizado em 1902 em Buenos Aires, havia menções
acerca da incumbência do movimento operário da região platina e suas agremiações em
constituir espaços específicos de Enseñanzalivre ou laica para crianças, jovens e adultos.
2
A FORA realizou relevante atuação, tanto com o movimento operário, como com o campesinato, até os anos
1930, na região Platina. O “forismo quintista”, que estabeleceu o “comunismo anárquico” como princípio
orientador das lutas revolucionárias do início do século na Argentina, foi importante referência para a
consolidação de várias agremiações operárias na América Latina e em outras localidades do globo (COLOMBO,
2013).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
5
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Além de incentivar a criação de cursos de Esperanto, como língua internacionalista a ser
adotada pela comunidade forista.
As experiências viabilizadas pela militância/intelectualidade foram além do círculo
forista, alcançando apoio de livres-pensadores(as), funcionários(as) públicos, professores(as),
entre outros seguimentos entusiastas com uma reforma substantiva da Escola Popular argentina.
No que se refere à propositura de escolas racionalistas, é possível identificar, nas três primeiras
décadas do século XX, características de avanços e retrocessos na consolidação do projeto de
implementação de espaços de formação libertária.
Segundo Dora Barrancos (1990), esse período pode ser descrito a partir de três etapas
diferentes de proposição de enseñanza racionalistana Argentina. A primeira década expressa
a pujança de implementação de uma série escolas vinculadas às agremiações trabalhistas, dentre
as quais algumas Escolas Modernas que seguiam o modelo de Barcelona, concebida por
Francisco Ferrer y Gaurdia. De modo subsequente, um momento intermediário, após as
incisivas repressões realizadas no final do ano de 1909, às vésperas do centenário da
independência argentina, até o episódio de sua “Semana Trágica”, em 1919. Um terceiro
momento, que ocorre entre os anos de 1920 até 1930. Segundo ela:
Esta segmentación obedece, esencialmente, a la evidencia de ciclos de
florecimiento-extinción que tienen que ver con una serie de razones. Por un
lado, con la propia evolución del anarquismo argentino, afectado de manera
insoslayable por los cambios experimentados en la propia sociedad nacional,
que tuvieron reflejos claros en el orden interno de la doctrina. Obviamente
pesaron los duros episodios de represión, en particular durante la primera
década, lo que afectó no solamente las practicas sindicales, desarrolladas con
singular vigor por lo menos hasta mediados de la década del [19]10, sino al
conjunto de las expresiones culturales que el anarquismo animó.
(BARRANCOS, 1990, p. 86-87).
As Escolas Modernas começaram a surgir na Argentina nesse primeiro ciclo de
“florescimento-extinção” categorizado por Barrancos (1990) e é expressão categórica da
articulação transnacional realizada pelo movimento anarquista. Estas escolas seguiram os
princípios orientados pela experiência realizada pelo educador catalão Francisco Ferrer y
Guardia (1859-1909), com a Escuela Moderna de Barcelona, que funcionou entre os anos
letivos de 1901-1902 e 1905-1906, tendo sido, em seguida, fechada pelo governo espanhol.
Todo seu material foi confiscado e destruído; o mesmo aconteceu com a editora que publicava
os seus livros” (GALLO, 2013, p. 244). A perseguição realizada pelo Estado espanhol à Ferrer
foi motivada pela tentativa de censura à Escola Moderna, por ser racionalista e crítico às escolas
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
6
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
tradicionalistas confessionais que vigoravam no país. Essa tentativa de silenciamento de Ferrer
e da Escola Moderna foi frustrada prontamente pela militância anarquista transnacional,
multiplicando esse modelo de escola pela Europa e América.
E foi sob a égide da solidariedade revolucionário que a primeira Escola Moderna do
contexto argentino iniciou suas atividades. A primeira aparição desta experiência foi registrada
no Número 286, de 5 de maio de 1904, no La Protesta
3
, sendo mencionado o início das
atividades da Escola Moderna no dia 4 de maio de 1904. Barrancos (1990) comenta que não
muitos registros acerca dos desenvolvimentos desta primeira experiência identificada. Em 1907
o projeto da Escuela Moderna ganharia novo fôlego com a criação da Comisión de
Administración de la Escuela Moderna de Buenos Aires.
A reunião realizada em 25 de abril de 1907, com a representação de inúmeras
agremiações de trabalhadores e trabalhadoras, instaurou a Comisión Administrativa
4
de
implantação da Escuela Moderna de Buenos Aires. O acontecimento foi celebrado pela
militância forista, com publicação em primeira página do jornal diário La Protesta, que relatava
o início dos trabalhos da comissão, anunciando a finalidade deste projeto:
Según el programa de la “Escuela Moderna”, el niño aprenderá a mirar la vida
según es, abrirá los ojos sin miedo, para mirar de frente las cosas y a los
hombres, sin temor; aprenderá a buscar, examinar, a pensar, a discutir, a
criticar y no aceptando uno solución sino cuando su razonamiento se lo indica
como lógica y no porque se le haya dado por tal, como lo que se le enseña en
las escuelas del estado, a respectar lo que nadie conoce, y una educación
falseada que impide ver las cosas tales como son.
3
Um dos mais importantes periódicos de divulgação das ideias e ações anarquistas do início do século XX, com
grande circulação em diversas partes da Europa e Américas. Segundo Rubio (2018): Inicialmente titulada La
Protesta Humana. Desde su nacimiento apareció quincenalmente hasta octubre de ese mismo año [1897]. A
partir de allí fue semanal hasta el número 30 para luego volver a ser quincenal hasta el nº 98, cuando una vez
más retomó la tirada semanal hasta 1904. […] pasó a llamarse solamente La Protesta y el de abril de 1904
se transformó en diario. Las primeras suscripciones para el periódico se recolectaban desde la Librería
Sociológica de Seratoni y desde la Librería Francesa Piette (luego de Sadier). Su primer administrador fue
Francisco Berri, y su primer director, Gregorio Inglán Lafarga, quien mantuve hasta 1902, cuando fue
reemplazado por Elam Ravel. En agosto de 1904 asumió la dirección Alberto Ghiraldo, quien en octubre de ese
mismo año anexó como suplemento cultural de frecuencia semanal su revista Martín Fierro. Ghiraldo renunció
en 1906 y asumió como director Juan Creaghe” (p. 255).
4
A reunião foi apresentada no diário La Protesta (Ano X, N. 1924, 1907) com a seguinte descrição: Se
encontraban presentes los delegados de las siguientes sociedades: Obreros Curtidores, Foguistas, Herradores;
Obreros de Mozos, Carpinteros y Anexos (Sección Belgrano), Constructores de Carros, Torneros en Madera,
Sobreros, Fundidores y Modelistas, Pintores Unidos, Maquinistas de Calzado, Cortadores de Cazados,
Herreros de Obras, Escultores en Maderas, Carpinteros, Conductores de Carros, Obreros del Puerto,
Mosaiquistas, Talabartera, Mecánicos, Sastres, Mecánicos y Anexos, Aserradores de Boca y Barracas,
Ebanistas y Anexos, Planchadores y Planchadoras, Tabaqueros, Albañiles, Aserradores (Central), Federación
de Calzado, Conductores de Vehículos, Unión Electricistas, Carpinteros de Ribera. La Comisión quedó
constituida en la forma siguiente: Secretario Geral, Domingo Blumetti; Secretario de Notas, JoCassini;
Tesorero, Miguel Cabrera; Contador, Angel Orlanda; Vocales: Bernardo Siciliani, Abraham Patelli, Domingo
Capelli, Lacasse, José Villar.”
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
7
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
La Escuela Moderna de Buenos Aires se propone sencillamente enseñar a los
individuos que deben respetarse mutuamente, sin leys, y sin parásitos, obrando
de este modo, tomemos las conciencia de que hacemos una excelente obra
revolucionaria.
[…] Si la burguesía nos ha privado los medios de luz que podría iluminar
nuestro cerebro poniendo la venda de la ignorancia, a nosotros nos incumbe
el deber de organizarnos y adquirir todos los conocimientos de la vida siendo
como es, patrimonio universal. (LA PROTESTA, año X, n. 1924, 1907).
A rearticulação da militância e/ou rede de intelectuais, professores(as) e livre
pensadores(as) em torno da criação de Escolas Modernas na Argentina ocorria em solidariedade
à perseguição sofrida da Francisco Ferrer, com sua prisão decretada, por motivos
obscurantistas, em 1906 e o fechamento da escola que estava sob sua direção naquele momento.
Segundo Leutprecht (2018, p. 68),
Após um ano de prisão, Ferrer y Guardia foi posto em liberdade. Com as
Escolas Modernas fechadas, ele não cessou de militar pela educação
racionalista, ministrando palestras pela Europa. Uma das grandes medidas
nesse aspecto foi a criação da Liga Internacional pela Educação Racional da
Infância, em 1908. Tendo o próprio Ferrer y Guardia como presidente, o
comitê da instituição era composto por: o matemático francês Charles-Ange
Laisant como vice-presidente; o naturalista belga Jean-François Elslander; o
naturalista alemão Ernst Haeckel; o inglês Willian Heaford, responsável pela
obra homônima à de Ferrer y Guardia, A Escola Moderna de Barcelona, de
grande circulação entre os países de língua portuguesa; o antropólogo italiano
Giuseppe Sergi; o pedagogo anarquista suíço Henri Roorda Van Eysinga; e,
por fim, a francesa Henriette Meyer, antiga colaboradora de Paul Robin, que
atuava como secretária.
Conforme destacado por Leutprecht (2018) a criação da Liga Internacional pela
Educação Racional da Infância, em 1908, foi a continuidade da obra de Ferrer por uma outra
via, uma vez que estava impedido de continuar com sua Escola Moderna aberta. A motivação
fundamental da criação da Liga foi a continuidade da divulgação da proposta racionalista de
educação pelo mundo. Desse modo, os locais que buscavam apoiar o Projeto das Escolas
Racionalistas acabavam por constituir sucursais desta Liga.
5
Esse interesse pode ser
identificado no contexto argentino na primeira cada do século XX, quando ocorria a
primeira fase de abertura de escolas vinculadas aos movimentos operários em todo o país.
O projeto de expansão das Escolas Racionalistas na Argentina foi malogrado pelos anos
de forte repressão política e social voltadas às grandes manifestações populares, incluindo uma
5
A título de exemplo, temos a Liga Popular para la Educación Racional de la Infanciade Montevideo, no
Uruguai, foi inaugurada em abril de 1911 e noticiada com grande entusiasmo no primeiro volume da Revista
Francisco Ferrer (Ano 1, Número 1, 1911, p. 6-7).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
8
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
série de greves gerais desenroladas desde o ano 1907 e que possuíam pautas diversificadas,
envolvendo principalmente a reivindicação de condições de dignas de vida da classe
trabalhadora que vinha se consolidando na Argentina do início do século. A escalada de
violência estatal culminou no Estado de Sítio em 14 de maio de 1910, desdobrando-se em uma
legislação draconiana de perseguição à imigrantes e argentinos envolvidos em qualquer
atividade de mobilização operária, especialmente quando se tratava da perspectiva libertária.
6
As Escolas Modernas de Buenos Aires, Villa Crespo e Luján, assim como, a Escuela Laica de
Morón, a Escuela Laica de Lanús e a Escuela Racionalista del Parque dos Patricios, que
tiveram grande centralidade na propaganda anarquista promovida pelo diário La Protesta da
primeira década do século XX, foram diretamente impactadas com a onda repressiva, com
fechamento forçado de suas sedes ainda no ano 1909 e com muita dificuldade de retomada de
suas atividades na próxima década.
O fuzilamento de Ferrer, em 13 de outubro de 1909, mobilizou grandes esforços de
divulgação de sua obra nos anos posteriores, impedindo que a militância e entusiastas de seu
projeto caísse na paralisia após tantos ataques à causa revolucionária e educacional que o mártir
representava. Em maio de 1911 foi criada a Revista Francisco Ferrer
7
, exposta como “Revista
de Educación Racional continuadora de la obra de la Escuela Moderna”, que possuía como
figura central Samuel Torner, professor de educação racionalista na Catalunha, que se exilou
na Argentina após a “Semana Trágica” espanhola (1909). A Revista alcançou uma tiragem de
15.000 exemplares no ano de sua criação (BARRANCOS, 1990, p. 221).
Vale destacar que “nenhuma proposição libertária ganhou tanta repercussão em todo o
planeta” (OLIVEIRA, 2021, p. 164) como foi o projeto de educação racionalista sintetizado
pelas proposições de Escolas Modernas de base ferreriana. O dramático final de Ferrer, envolto
em uma controversa acusação que o levou à pena capital em 13 de outubro de 1909, em
6
A Ley 7029, conhecida como Ley de Defensa Social”, foi um dispositivo jurídico que impactou o projeto de
expansão das Escolas Modernas argentinas desse período. Operando como censura de várias atividades que
tentaram se estabelecer nos anos subsequentes às 1910. O detalhamento destas perseguições se encontra na tese
de doutorado Oliveira (2021).
7
Segundo Oliveira (2021), A Francisco Ferrer - Revista Racionalista teve sua primeira publicação em maio de
1911, sob a direção do professor barcelonês, discípulo de Ferrer, Samuel Torner. Os seguintes colaboradores
figuram na capa da revista: H. Giner de lo Rios, Odón de Buén, Carmen de Burgos (Columbine), Consuelo
Alvarez (Violeta), Soledad Villafranca, Anselmo Lorenzo, Dr. Del Valle Iberlucea, William Heaford, Carlos
Malato, Paraf Javal, Anatole France, Angel Falco, Tarrida de Mármol, Alicia Moreau, Alfredo Naquet, Alberto
Ghiraldo, Octavio Dinale, Paul Gille, Nicolás Estévanez e Julio Barcos. Esta lista de colaboradores indicava
o prestígio da revista, não para aqueles que estavam interessados em debater os caminhos educacionais e
pedagógicos de uma sociedade transformada pela revolução na Argentina, mas em todo o mundo. Os
colaboradores e as colaboradoras eram oriundos de várias partes do mundo, tais como: Cuba, Estados Unidos da
América, Espanha entre outros, reafirmando o aspecto transacional que a Pedagogia Racionalista assumia” (p.
195-196).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
9
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Montjuïc, Barcelona, o converteria em um dos maiores mártires do século XX, impulsionando,
ao mesmo tempo, a propaganda revolucionária e os projetos de escolarizações libertárias.
Ao longo das publicações dos 18 (dezoito) volumes de publicação da Revista Francisco
Ferrer, nos anos de 1911 e 1912, era demonstrado de modo reiterado o interesse em criar sua
filial da Liga Internacional pela Educação Racional da Infância (livre tradução), constituída por
Ferrer em anos anteriores. O último número Revista Francisco Ferrer, publicado em 31 de
março de 1912, a nota da redação lamenta a dificuldade em viabilizar essa proposta: “En
Montevideo, en el Brasil, en Norte América y hasta en la Habana, hemos recibido impresos en
donde se nos comunica la fundación de secciones de la Liga Internacional, y nosotros que
estamos en la Argentina permanecemos aislados y callados. ¿Es hora?” (La Redacción,
REVISTA FRANCISCO FERRER, Ano II, n. 18, p. 15, 1912).
E foi com o espírito de continuidade da divulgação da obra ferreriana que a Liga de
Educación Racionalista foi constituída na Argentina. Assim, em “1912 la revista ‘Francisco
Ferrer’ dio paso a la publicación de la ‘La Escuela Popular’” (BARRANCOS, 1990, p. 221),
periódico mensal destinado ao fomento de experiências de Educação Racionalista, seja sob o
formato do conjunto de atividades constituídas pela retomada de abertura das Escolas
Modernas, compreendidas como centros de encontros político-culturais, ou por conferências
periódicas e cursos avulsos voltados aos mais variados públicos. A Liga seguiu essa orientação
até o ano de 1915, momento em que termina suas atividades dentro dos princípios iniciais e
convertendo esforços na profissionalização especializada em um programa médico e sanitarista,
assim como outras lutas em meios universitários (BARRANCOS, 1990, p. 228).
A REVISTA LA ESCUELA POPULAR: INSTRUMENTO DE DIFUSÃO DAS
PROPOSTAS DA LIGA DE EDUCACIÓN RACIONALISTA
A Revista La Escuela Popular foi um periódico importante para o debate acerca do lugar
que deveria ocupar a Escola Popular na América Latina do início do século XX, em um contexto
de intensas disputas de seus sentidos políticos e pedagógicos. Os 20 (vinte) volumes, publicados
mensalmente, foram produzidos entre os anos de 1912 e 1914, tornando-se o principal veículo
de divulgação dos trabalhos realizados nos dois primeiros anos da Liga de Educación
Racionalista na Argentina e, para além disso, se colocava como insaciável divulgadora e
debatedora do caráter laico da escolarização moderna/racionalista. A Revista passou a ser o
órgão de disseminação dos debates acerca do conhecimento científico produzidos
internacionalmente em toda a região.
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
10
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Indício da circulação da Revista entre a militância anarquista e livre pensadores(as)
latino-americanos(as) é a presença dos 10 (dez) primeiros números em posse do arquivo pessoal
de Edgard Leuenroth (1881-1968) um dos mais destacados tipógrafos, intelectuais e
militantes anarquistas brasileiros , disponível para consulta no Arquivo Edgard Leuenroth
(AEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Além disso, o registo do
anúncio da disponibilidade desta Revista no jornal A Lanterna (ver imagem abaixo) em 19 de
outubro de 1912. Considerando que o primeiro número da revista foi publicado neste mesmo
mês e ano, é “possível concluir que a revista argentina teve lançamento simultâneo nos dois
países, indicando uma clara articulação da militância no sentido de divulgar a obra educacional
libertária” (OLIVEIRA, 2021, p. 178).
FIGURA 1 - Anúncio da Revista La Escuela Popular no Jornal A Lanterna
Fonte: Jornal A Lanterna, Ano XII, n. 161, 19/10/1912.
A Comisión Técnico Administrativa inicial da Liga de Educación Racionalista, com
sede em Santiago del Estero 464, em Buenos Aires, foi composta por: Alicia Moreau
8
, Julio R.
Barcos, Enrique del Valle Iberlucea, Urbano Rodríguez, Juan Emiliano Carulla, Luis Magrasi,
Vicente Fonda, Baldomero Herrero, Apolinario Barrera, Miguel Cabrera, Juan Franchi, Renato
Ghia, Héctor Mattei, Heriberto D. Staffa. Muitos dos membros eram professores e realizaram
grandes contribuições à Liga, seja com a proposição de conferências periódicas à grandes e
diversificados públicos, ou com publicações de artigos na Revista.
8
Alicia Moreau de Justo (1885-1986), médica e política argentina, foi uma pioneira no movimento de mulheres
no país. Em entrevista concedida à Barrancos (1990), ela relatou que “su frenético envolvimiento de aquellos
primeros años, como si tratase de ‘una pasajera que va en ómnibus y se sorprende por todo, y todo sucede con
enorme rapidez” (p. 222).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
11
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
A partir do seu segundo número, a Revista La Escuela Popular passou a apresentar as
Bases y Fines da Liga de Educación Racionalista argentina no início da publicação,
reafirmando os compromissos firmados em assembleias anteriores. Assim, ficava instituído os
seguintes propósitos da Liga:
Articulo1º Queda constituido con el nombre de Liga de Educación
Racionalista, una asociación popular cuyos fines son los siguientes:
a) Hacer conocer por todos los medios de propaganda los fines y principios de
la educación racionalista.
b) Tratar de hacer converger los esfuerzos de todos los que comprenden la
necesidad de reformar la Escuela actual, para la elaboración de un sistema de
educación y de un plan de enseñanza que realice el concepto científico y
humanitario de la Pedagogía moderna.
c) Llevar a la práctica este concepto por la fundación de escuelas racionalistas,
que serán campos de experimentación de ese plan y sistema.
Artículo 2º Acepta como principio de acción que el problema de la educación
debe ser considerado desde el punto de vista social y desde el punto de vista
individual, por lo tanto:
a) La escuela debe preparar en cada educando un elemento útil a la
colectividad, y siendo el progreso la condición de vida de esta hará de cada
niño un hombre susceptible de concebir un ideal de mejoramiento integral de
la vida, orientará a los espíritus en formación hacia el futuro, no hacia el
pasado.
b) La instrucción no es todo; sola no forma sino eruditos. Debe intentarse el
desarrollo equilibrado y armónico de todas las actitudes y tendencias útiles
para formar al hombre sano, de mente clara y sin prejuicios, cuya vida moral
tenga por base el sentimiento de solidaridad social.
c) Todo sistema de educación debe partir del conocimiento exacto de la
naturaleza física y psíquica del niño e inspirarse en los métodos de la ciencia.
d) La verdad aceptada y demostrada, dentro de su carácter relativo, lo
inspirará, desechándose por lo tanto todo dogma, todo hecho que no tenga otro
apoyo que la autoridad o la tradición.
e) La escuela no debe imponer, debe demostrar y persuadir; despertar la
inteligencia, estimular el raciocinio, hacer que en cada sujeto se afirma una
individualidad. (REVISTA LA ESCUELA POPULAR, año I, n. 1, 1912, p.
9-10).
Segundo Barrancos (1990), a Liga passou a ser bem mais atuante no ano subsequente à
sua abertura. Realizou a mudança de alguns membros, mas passou a contar com inúmeros
colaboradores, tais como: “Mercedes Gauna, una singular militante libertaria, Raquel
Camaña, identificada con el socialismo de indiscutible protagonismo en el campo de la
educación y las luchas femeninas” (p. 223). Outras participações proeminentes: Rosalía
Granowsky, Hermenegildo Rosales, Francisco Segovia, Vicente Medina. Um traço relevante
acerca das personalidades que compunha os trabalhos realizados pela Liga de Educación
Racionalista argentina é a recorrente presença de mulheres na comissão técnica, nas
publicações da Revista e nas variadas atividades mobilizadas pela Liga, sinalizando o que
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
12
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Cordero (2017) chamou de precoce preocupação com a emancipação feminina, um traço muito
presente nas produções libertárias da passagem do século XIX para o XX.
Comparada à revista que sucedeu (Revista Mensual Francisco Ferrer), a Revista La
Escuela Popular possuía uma feição bem mais modesta. Não incorporava nenhuma imagem
em suas páginas e não apresentava impressões coloridas, como era comum nas publicações de
outrora. Os dois primeiros números traziam uma revista com 18 (dezoito) páginas e a partir do
terceiro número (año I, n. 3, 1912) ampliou para 22 (vinte e duas páginas), um avanço
comemorado pela Comisión Técnico Administrativa. Ainda nesse terceiro número, na seção de
notícias, é mencionada a intenção em tornar a revista quinzenal, uma vez que havia grande
demanda de publicações. Tal mudança estava condicionada a um aumento substancial de
assinantes, o que não foi identificado no transcorrer das publicações.
A divisão das seções de conteúdos explorados pela revista respeitava certa ordem de
exposição, embora tivesse alguma alteração entre os números. na capa (ver figura abaixo)
era apresentado o sumário da publicação, indicando os artigos e autores(as) que compunha cada
número. A folha de rosto era destinada, principalmente, para a apresentação Bases y Fines da
Liga de Educación Racionalista e a composição da Comisión Técnico-Administrativa. As
folhas finais eram reservadas para as notas informativas e notícias divulgadas pela Liga, além
de espaço reservado para a prestação de contas (despesas e receitas da revista). A página final
(capa) é destinada à propaganda de obras que deveriam compor as bibliotecas da militância e
interessados na educação libertária, incluindo obras de Eliseo Reclus, Enciclopedia Espasa,
Libros de Esperanto e outras publicações da Escuela Moderna de Barcelona. O interior da
revista é composto por vários gêneros textuais, que vão desde artigos, relatos de conferências
proferidas por membros da Liga, aforismas, textos teatrais, poemas entre outros. A quantidade
desses conteúdos é bastante variada entre os números da Revista, apresentando entre cinco e
onze publicações, com número de páginas variados e autores(as) diversos(as).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
13
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
FIGURA 2 Capa da Revista La Escuela Popular
Fonte: Revista La Escuela Popular, año I, n. 2, 1912. Biblioteca Archivo de Estudios Libertarios
(Grupo BAEL) / Federación Libertaria Argentina (FLA)
O conteúdo tratado na revista, embora heterogêneo, possui como fio condutor a
necessidade de uma reforma radical na educação escolar, de modo que ela pudesse, de fato,
contribuir para uma formação emancipatória, constituída pelos princípios da racionalidade,
educação integral, igualdade de gênero e solidariedade. Em caráter exploratório, os temas mais
recorrentes encontrados nos vinte volumes da Revista foram: 1) necessidade da reforma
substancial da concepção de escolarização argentina; 2) questões docentes, incluindo a
formação, postulados teórico-práticos e a necessidade de envolvimento com mobilizações
trabalhistas; 3) Formação Integral; 4) relação teoria e prática; 5) crítica aos limites da escola
estatal e clerical, caracterizadas por seus aspectos disciplinadores e cerceadores do pensamento,
pela via do patriotismo, do dogma e do tradicionalismo; 6) a questão da infância, em seus
aspectos psicossociais; 7) reabertura das Escolas Modernas, em especial àquelas voltadas ao
público da Educação de Jovens e Adultos (EJA); 8) menções à vida e obra de Francisco Ferrer;
9) divulgação científica das mais variadas áreas do conhecimento; 10) críticas à família
burguesa; 11) emancipação feminina; 12) censura e repressão estatal, obstáculos à continuidade
do projeto de abertura de Escolas Modernas na Argentina; 13) questões médicas e higiene.
Além destes temas a Revista se encarregava de divulgar os cursos oferecidos pela Liga, trazia
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
14
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
notícias Escolas Modernas fundadas pelo mundo e propunha o Esperanto como linguagem
internacionalista.
O gênero textual mais recorrente é o artigo opinativo com aproximadamente uma
centena de autores(as) ao longo dos vinte volumes da Revista. Os autores que mais publicaram
textos na Revista foram: Julio R. Barcos (1883-1960), que assina 11 artigos; Heriberto D.
Staffa, que assina 10 artigos e Carlos N. Vergara (1859-1929), que assina 7 artigos. Os dois
últimos realizaram importantes debates, seja por meio da Revista La Escuela Popular, seja em
conferências ministradas pela Liga de Educación Racionalista. Um dos principais temas que
gerava controvérsia entre o militante e o educador era a questão do patriotismo, que destoavam
nessa leitura haja vista o posicionamento que assumiam em relação aos desdobramentos
necessários à sociedade justa concebida pelos dois.
Segundo Puiggrós (1996), Carlos Norberto Vergara
9
“no era totalmente ajeno al
anarquismo” (p. 69). Tratado como dissidente pelo Consejo Nacional de Educación argentino,
buscava aprofundar relações democráticas nos espaços em que transitava. Sua contribuição nas
publicações da Revista La Escuela Popular era voltada às denúncias das limitações dos
Colégios Nacionais e da Escolas Normais, que em sua concepção no le dan a la juventud, ni
ciencia, ni moral, ni religión”, assumindo, assim, uma postura de combate contra la enseñanza
teoricista y verbalista (PUIGGRÓS, 1996, p. 68). Sua defesa intransigente das relações
democráticas nos espaços escolares, com alguma semelhança da perspectiva de autogestão
libertária, bem como a preocupação do acesso aos conhecimentos científicos nestes espaços,
faz de Vergara uma personalidade importante na divulgação das propostas da Liga.
Heriberto D. Staffa, que possui poucas informações disponíveis para além dos dados
publicados na Revista, era membro da Comisión Técnico-Administrativa da Liga e era
responsável pela contabilidade da Revista La Escuela Popular. Um dos relatos mais relevantes
assinado por Goirnale d’Italia, intitulado Atentado a la libertad de enseñanza, trata do
episódio em que Staffa e Ghia foram vítimas da censura estatal e teve suas conferências
canceladas pela polícia, acusados de utilizarem o espaço das conferências para promover ações
anarquistas, considerado atentado grave após os desdobramentos da Ley de Defensa Social.
Ambos foram ameaçados de deportação. Segundo relatado:
9
O educador foi uma proeminente personalidade que fomentou os debates em torno na democratização da
educação argentina buscou praticá-la nos espaços onde teve alguma atuação. A exemplo disso está o período
em que dirigiu a Escuela Normal de Mercedes, em 1887, onde implantou uma série de modificações didático-
pedagógicas, à revelia do que era previsto nas regulamentações nacionais, que orientavam desenvolver o caráter
centralizador e homogeneizante na formação de professores que atuariam na escola elementar(OLIVEIRA,
2021, p. 85).
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
15
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Nosotros queremos creer que la absurda intimación haya partido de un
funcionario subalterno, que no tiene la percepción exacta de sus deberes. Y en
esa creencia osamos esperar que el jefe de policía, enterado de la abusiva
disposición no tardará en derogarla, aunque no fuera más que para salvar la
institución que representa del ridículo que inevitablemente la cubriría, si
tuvieran curso criterios tan erróneos y en abierta lucha con el espíritu liberal
de la Constitución. (REVISTA LA ESCUELA POPULAR, año I, n. 8, p. 15,
1913).
Staffa era um militante incansável da proposta de educação racionalista, sempre
envolvido com vários projetos pensados pela Comissão Técnica da Liga. Havia, no entanto,
muitos obstáculos para a continuidade dessa obra, principalmente após o ambiente persecutório
que se estabeleceu na Argentina a partir dos anos 1910. Seguía afirmando que no lo ha
hecho, no ha sido por falta de voluntad, y si, por carecer de los recursos necesarios para ello
(REVISTA LA ESCUELA POPULAR, año I, n. 13, p. 3, 1913).
Considerando os autores que mais publicaram textos na Revista La Escuela Popular,
encontra-se Julio Ricardo Barcos, uma personalidade um tanto controversa por ser um militante
e pedagogo anarquista, grande divulgador da proposta de educação racionalista, envolvido com
inúmeras atividades relacionadas à essa obra, e com breve passagem como Inspetor do Consejo
Nacional de Educación argentina. Também teve destacada atuação como defensor da
emancipação feminina e do livre desenvolvimento de crianças (MURO, s/d). Barcos foi uma
das figuras mais proeminentes que agitou o debate acerca da implantação das Escolas
Modernas, em Buenos Aires, chegando a dirigir algumas delas. Mobilizou grandes esforços
para a criação da Liga de Educación Racionalista na Argentina e de seus instrumentos de
divulgação, como é o caso da Revista La Escuela Popular.
Seus textos nesta revista trazem debates importantes acerca da disputa pelo sentido
político de pedagógico da Escola Popular na região latino-americana, sempre em interlocução
com diversas agremiações trabalhistas. Em resposta à carta endereçada à Liga, intitulada "Una
carta de Bahía Blanca", onde foi um dos signatários, explica os aspectos financeiros que
envolvem a abertura de uma Escola Moderna na publicação intitulada: "Nuestra respuesta.
Inconvenientes que existen para la apertura de las escuelas racionalistas". O parâmetro
utilizado para elaborar a resposta partiu do diálogo realizado com a rede de militantes e livres-
pensadores(as) brasileiros, possivelmente com personalidades como Edgar Leuenroth e João
Penteado, demonstrando o aspecto transnacional que o projeto de abertura de Escolas Modernas
se baseava (veja a imagem abaixo). Seguem os argumentos utilizados:
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
16
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
FIGURA 3 Fragmento de carta publicação na Revista La Escuela Popular
Fonte: Revista La Escuela Popular, año I, n. 5, 1913, p. 18.
Julio R. Barcos também trazia uma preocupação permanente com a função ocupada pelo
Estado nacional em sua defesa da propriedade privada e dos interesses da classe dominante,
bem como as implicações destes princípios para a escolarização de crianças e jovens. Já no
artigo de abertura do primeiro número da Revista essa noção é demarcada a partir da seguinte
reflexão:
He aquí, pues, cómo el Estado, órgano de clase que obedece en todas sus
gestiones a los intereses de las minorías dominadoras, fracasa enormemente
desde el punto de vista científico, social y humano en su imperialismo
educacional. Más aún: he aquí cómo se impone la necesidad de conjurar el
peligro grande que entraña para la causa de la libertad y de la razón, el
monopolio estatal de la enseñanza”. […] “El problema de la educación es un
problema pedagógico-social, de fundamentalísima importancia […]. Es
mirando, entonces, desde la cumbre de los fenómenos sociales y no desde el
claustro de la pedagogía, ese instrumento del mejoramiento humano, que se
llama escuela, como debe encarar el pueblo estos asuntos. (1912, año 1, n. 1,
p. 1-2).
Assim, Barcos reitera que não basta reconocer que la escuela estatal es mala
(REVISTA LA ESCUELA POPULAR, 1912, año 1, n. 1, p. 2) e coloca como um dos aspectos
mais relevantes a questão da formação de professores(as), elemento imprescindível da mudança
radical da Escola Popular. Em seu artigo publicado em janeiro de 1913, intitulado Pestes
intelectuales dentro del magisterio o autor argumenta o aspecto pernicioso da formação
voltada ao disciplinamento dos corpos e o autoritarismo cotidiano dos espaços escolares:
La obediencia incondicional y ciega; la abdicación del propio criterio
profesional y el respecto ilimitado al famoso principio de autoridad; la
disciplina regimentada por la violencia y el miedo, ó en otros términos, el arte
de domesticar y domesticarse; el concepto equivocado de los méritos
individuales en paragón con la posición social que ocupan los individuos y no
con sus virtudes; el infantilismo y la asexualidad, […] el fetichismo del
reglamento, que en manos del superior es instrumento de tortura y para el
inferior, anillo de hierro de su pensamiento y su acción docente, - ¡ah, y como
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
17
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
abundan en las escuelas hombres-reglamento! el gesto severo para con los
pequeños, meloso y humilde para con los superiores: eso sobre todo: la
circunspección clásica del dómine delante de los niños que son la sonrisa
inocente del espíritu y la jovialidad estruendosa de la vida […]. (BARCOS,
REVISTA LA ESCUELA POPULAR, 1913, año 1, n. 4, p. 9-10).
A denúncia do formato autoritário das escolas confessionais ou estatais ocupa grande
interesse das reflexões de Barco. Em conferência proferida em "La casa Suiza", em 17 de julho
de 1913, intitulada Plan de una escuela integral”, é apresentada a crítica à educação
tradicionalista, trazendo o contraponto da educação integral de teor racionalista:
La verdad es que el ensayo de la escuela libre e integral de auto y mutua
educación, de que piense hablaros, encontró al vetusto edificio de la escuela
clásica, de disciplina rígida, de severidad claustral, de automática uniformidad
de consciencias, con que la luz de las teorías modernas no había penetrado
más allá de sus umbrales, defendida como la última ciudadela del error por
estos tres incorruptibles centinelas do atraso: la ley, la pedagogía y el maestro.
[…] Como concesión a las doctrinas del positivismo científico se había hecho
laica. Pero la escuela laica con libros apestados de prejuicios y maestros
religiosos y estados sostenedores de una religión dogmática, así se llame
católica o protestante, resultaba en la practica una extravagante ensalada con
la que se ha venido intoxicando largo tiempo, la inteligencia de muchas
generaciones. (BARCOS, REVISTA LA ESCUELA POPULAR, año I, n. 10,
1913, p. 4).
Nesta mesma conferência, Barcos (1913) traz um contraponto emocionado ao modelo
de escola tida como autoritária e disciplinadora. Ele descreve as atividades desenvolvidas pela
escola La Comena”, uma proposição de Educação Integral proposta por Sébastién Faure, e
afirma que esta “es la escuela que yo he visitado en mis sueños revolucionarios de la educación,
en los viajes de mi fantasía de maestro por mundos que, si no son reales, os aseguro bajo mi fe
de convencido, que tampoco son quiméricos” (BARCOS, REVISTA LA ESCUELA
POPULAR, año I, n. 10, 1913, p. 13). E foi com o objetivo de viabilizar este sonho de uma
escola laica/racionalista, integral, mista e solidária que a atuação militante do pedagogo
anarquista Julio Ricardo Barcos caracterizou sua atuação junto à Liga de Educación
Racionalista nestes anos que teve a Revista La Escuela Popular como órgão difusora de suas
propostas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os poucos registros documentais destas experiências anti-hegemônicas não só voltadas
à escolarização da classe trabalhadora, como também produzidas a partir desta classe, devem
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
18
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
ser desvendados, buscando escutar estas vozes silenciadas pela historiografia da educação que
se fez oficial no processo de imaginação das nações (ANDERSON, 2017). Foi com este
objetivo que a análise documental da Revista La Escuela Popular visa trazer uma pequena
contribuição para o descortinamento destas propostas quase esquecidas.
A análise panorâmica aqui realizada deixa em aberto uma gama considerável de
possíveis análises passíveis de serem efetuadas em recortes e aprofundamentos posteriores. Os
aspectos dos discursos médicos no contexto educacional como guia importante do processo de
modernização nacional é um elemento comum de rios locais na América Latina e que se
apresenta de modo muito potente nas publicações da Revista e assume lugar relevante dos
próprios desdobramentos da Liga em anos posteriores destas publicações (BARRANCOS,
1990). Outro tema passível de aprofundamento é o lugar da mulher nas lutas revolucionárias e
na proposição de Escolas Populares libertárias. Correlatamente as discussões pertinentes à
família e aos conceitos de infâncias podem se desdobrar destes aprofundamentos possíveis.
Mais de um século separa a publicações desta Revista e o contexto educacional que
vivemos na contemporaneidade. Voltar à estas experiências, de um sonho de uma escola
revolucionada, como acreditava Barcos, não se pauta por aspectos saudosistas ou anacrônicos,
mas de renovação das esperanças de uma “educação que nos ajude a pensar e não apenas a
obedecer” (autor/a desconhecido/a), sempre ecoando os princípios libertários da educação laica,
integral, livre de todos os tipos de preconceitos, antiautoritária, solidária e acessível a todos e
todas. Este é o horizonte necessário e imprescindível ao combate de perspectivas neofascistas
e neoconservadoras que nos espreitam nos tempos atuais.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do
nacionalismo. Tradução Denise Bottman. 5ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras,
2017.
BARRANCOS, Dora. Anarquismo, Educación y Costumbres en la Argentina de
principios de siglo. Buenos Aires: Editorial Contrapunto, 1990.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Organização e tradução de João Barreto. Belo
Horizonte: Autêntica, 2012.
CHAUÍ, Marilena. História a contrapelo (Prefácio). In: DE DECCA, Edgar Salvadori. O
silencio dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1981.
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
19
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
CODELLO, Francesco. A Boa Educação”: Experiências libertárias e teorias anarquistas a
Europa, de Godwin a Neill. Volume 1: A teoria. Tradução de Silene Cardoso. São Paulo:
Imaginário/Ícone, 2007.
COLOMBO, Eduardo. Una historia escamoteada. In: COLOMBO, Eduardo (Compilador).
Historia del movimiento obrero revolucionario. Buenos Aires: Libros de Anarres, 2013.
CORDERO, Laura Fernández. Amor y anarquismo. Experiencias pioneras que pensaron y
ejercieron la libertad sexual. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2017.
DE DECCA, Edgar Salvador. 1930: O silêncio dos vencidos. Memória, História e
Revolução. 6. ed. 1ª Reimpressão. São Paulo: Brasiliense, 1997.
GALLO, Silvio. Francisco Ferrer Guardia: o mártir da Escola Moderna. Pro-
Posições, Campinas, v. 24, n. 2, maio/ago. 2013. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73072013000200015. Acesso em: 30 out. 2022.
GODOY, Clayton Peron Franco de. Ação direta: transnacionalismo, visibilidade e latência
na formação do movimento anarquista em São Paulo (1892-1908). Tese (Doutorado em
Sociologia) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo,
2013.
LEUTPRECHT, Douglas Bahr. O legado de Francisco Ferrer y Guardia em movimento:
Apropriações do modelo Pedagógico Racionalista nas Escolas Modernas Nº 1 e de Stelton
(1913-1925). 2018. 230 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade do Estado de Santa Catarina. Disponível em
https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/000050/000050ac.pdf. Acesso em: 03 dez.
2022.
MURO, Gabriel. Julio Barcos, el inspector anarquista. ESPECTROS, Buenos Aires, año 1, n.
2. Disponível em https://espectros.com.ar/wp-content/uploads/Julio-Barcos_el-inspector-
anarquista_por-Gabriel-Muro.pdf. Acesso em: 03 dez. 2022.
OLIVEIRA, Kaithy das Chagas. Folhas libertárias na América Latina: disputas pelos
sentidos políticos das Escolas Populares no início do século XX, na Argentina e no Brasil.
2021. 270 f. Tese (Doutorado) Instituto de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação
em Estudos Comparados sobre as Américas, Brasília, 2021. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/handle/10482/42235. Acesso em: 30 nov. 2022.
PUIGGRÓS, Adriana. Sujetos, Disciplina y Curriculum: en los orígenes del sistema
argentino (1885-1916). 3. ed. Buenos Aires: Galerna, 1996.
RUBIO, Lucas Domínguez. El Anarquismo Argentino. Bibliografía, Hemerografía y
Fondos de Archivos. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Libros de Anarres, 2018.
TRAGTENBERG, Maurício. A escola como organização complexa. Educ. Soc., Campinas,
v. 39, n. 142, p. 183-202, jan./mar. 2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/pnS8pJwmqZQmy74Nq4dKpHf/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 10 fev. 2021.
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v8i00.17481
20
Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 8, p. 1-20, e022013, 2022.
Ridphe_R
Bibliotecas e arquivos consultados
Argentina
Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas (CEDINCI);
Biblioteca Archivo de Estudios Libertarios (Grupo BAEL)/Federación Libertaria
Argentina (FLA);
Biblioteca Popular José Ingenieros.
Brasil
Acervo João Penteador do Centro de Memória da Educação da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo (FEUSPE);
Biblioteca Terra Livre;
Arquivo Edgard Leuenroth - Centro de Pesquisa e Documentação Social (AEL), da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Periódicos consultados
Argentina
La Protesta Humana / La Protesta;
Revista Mensual Francisco Ferrer;
Revista Mensual La Escuela Popular;
Boletín de la Liga de Educación Racionalista.
Brasil
O Amigo do Povo;
A Lanterna;
A Voz Do Trabalhador;
Boletim da Escola Moderna;
O Início.
Recebido em: 01 de dezembro de 2022
Aceito em: 17 de dezembro de 2022