ressentimentos remoídos, trapaças, o dar as costas, os apostadores em nos levar para o
ostracismo e similares não faltaram, não faltam, não faltarão. Temos vinte e cinco anos.
O nu-sol veio para enfrentar as punições e inventar liberdades. Atiçar e ser atiçadx como
está expresso nas palavras que abrem verve nossa revista semestral autogestionária, que, neste
ano de 2022, completa 20 anos com as publicações dos números 41 e 42: “revista de atitudes.
transita por limiares e instantes arruinadores de hierarquias. nela, não há dono, chefe, senhor,
contador ou programador. verve é parte de uma associação livre formada por pessoas diferentes
na igualdade. amigos. vive por si, para uns. instala-se numa universidade que alimenta o fogo
da liberdade. verve são labaredas que lambe corpos, gestos, movimentos e fluxos, como
ardentia. ela agita liberações. atiça-me! verve é uma revista semestral do nu-sol que estuda,
pesquisa, publica, edita, grava e faz anarquias e abolicionismo penal.”
Em agosto de 1999, aparecia nossa primeira publicação eletrônica hypomnemata (em
letras minúsculas), caderno público de anotações, http://www.nu-
sol.org/hypomnemata/page/68/, onde consta no número 1 o manifesto abolicionista
(atualmente, também, na seleta abolicionista penal libertária em PASSETTI, 2021) e as
primeiras ideias para produzir os verbetes do abolicionismo libertário (http://www.nu-
sol.org/abolicionismo-libertario-verbetes/).
Entre os cinco anos que sucederam o seminário abolicionismo penal internacional e a
publicação inaugural de verve, houve uma noite, em um bar, em volta de uma mesa com bebidas
e comidas em que nos propusemos a encontrar o nome do núcleo, seu logotipo e suas cores.
Tudo ao mesmo tempo agora, como se dizia, e vieram nu-sol, o nosso boneco de traço
minimalista, desenhado em um guardanapo de papel e as cores preto e azul. Houve também,
mais adiante, o encontro para a parceria com a Editora Imaginário para a Coleção Escritos
Anarquistas (1999-2004), e em muitos números com o Coletivo Brancaleone do grupo Soma.
Nossos primeiros eventos, registrados em DVD, aconteceram com conversações com o
anarquista brasileiro Jaime Cubero e a advogada Lia Junqueira. Eram estas as duas pessoas
fundamentais para existirmos. E assim, inauguramos nossas sessões de sextas-feiras, à tarde, na
universidade para gravar conversações, realizar saraus, receber libertários. No ano de 1998 os
saraus aconteciam sempre às “cinco em punto de la tarde”, festejando naquele ano a existência
libertária de Federico García-Lorca. E toda segunda-feira, desde então, nos reunimos para
conversações internas no nu-sol. “Sessões fechadas?”, perguntavam, provocativamente, alguns
adversários e inimigos, acrescentando: “não é contraditório com quem defende a liberdade?”.
Fechadas sim e sempre serão porque sabemos que infiltrados e alcaguetes não faltam numa
sociedade hierarquizada, com ou sem dialética. No nu-sol se sai livremente, sem ter cumprido