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AS AFRICANIDADES NO CENTRO HISTÓRICO DO CRATO-CE E O ENSINO DE
GEOGRAFIA
Rafael Ferreira da Silva
Universidade Regional do Cariri, URCA, Brasil
rafaelferreira829@hotmail.com
Cicera Nunes
Universidade Regional do Cariri, URCA, Brasil
cicera.nunes@urca.br
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de reconhecer as africanidades nas arquiteturas do Museu Histórico
do Crato e da Igreja de Nossa Senhora da Penha, ambos situados no centro histórico da cidade
do Crato-CE. Nesses dois equipamentos urbanos existe um conjunto de conhecimentos
africanos. Para realizar essa pesquisa fizemos uma revisão bibliográfica a fim de nos
fundamentar na perspectiva da afrodescendência e trabalhar com a iconografia. Para tanto,
dialogamos com autores, como Cunha Junior (2010, 2011, 2020), Silva (2019), Souza (2016) e
Quirino (2018). O artigo articula reflexões no campo da história, geografia e educação, reflete
a importância da produção desse conhecimento e aponta os percursos urbanos (SILVA;
CUNHA JUNIOR, 2019) como possibilidade metodológica na construção de uma educação
antirracista.
Palavras-chave: Africanidades. Espaço geográfico. Interdisciplinaridade. Educação
antirracista.
LAS AFRICANIDADES EN EL CENTRO HISTÓRICO DE CRATO-CE Y LA
ENSEÑANZA DE LA GEOGRAFÍA
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo reconocer las africanidades en las arquitecturas del Museo
Histórico de Crato y la Iglesia de Nuestra Señora de Penha, ambas ubicadas en el centro
histórico de la ciudad de Crato-CE. En estas dos instalaciones urbanas hay un conjunto de
conocimientos africanos. Para llevar a cabo esta investigación hicimos una revisión
bibliográfica con el fin de basarnos en la perspectiva de la ascendencia afrodescendiente y
trabajamos con iconografía. Para ello, dialogamos con autores como Cunha Junior (2010, 2011,
2020), Silva (2019), Souza (2016) y Quirino (2018). El artículo articula reflexiones en el campo
de la historia, la geografía y la educación, refleja la importancia de la producción de este
conocimiento y señala las rutas urbanas (SILVA; CUNHA JUNIOR, 2019) como posibilidad
metodológica en la construcción de una educación antirracista.
Palabras clave: Africanidades. Espacio geográfico. Interdisciplinariedad. Educación
antirracista.
THE AFRICANITIES IN THE HISTORIC CENTER OF CRATO-CE AND THE
TEACHING OF GEOGRAPHY
ABSTRACT
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This article aims to recognize the Africanities in the architectures of the Historical Museum of
Crato and the Church of Our Lady of Penha, both located in the historic center of the city of
Crato-CE. In these two urban facilities there is a set of African knowledge. To carry out this
research we made a bibliographic review in order to base ourselves on the perspective of Afro-
descent and we worked with iconography. To this end, we dialogue with authors such as Cunha
Junior (2010, 2011, 2020), Silva (2019), Souza (2016) and Quirino (2018). The article
articulates reflections in the field of history, geography and education, reflects the importance
of the production of this knowledge and points out the urban routes (SILVA; CUNHA JUNIOR,
2019) as a methodological possibility in the construction of an anti-racist education.
Keywords: Africanities. Geographical space. Interdisciplinarity. Anti-racist education.
LES AFRICANITÉS DANS LE CENTRE HISTORIQUE DE CRATO-CÉ ET
L'ENSEIGNEMENT DE LA GÉOGRAPHIE
RÉSUMÉ
Cet article vise à reconnaître les africanités dans les architectures du Musée historique de Crato
et de l’église Notre-Dame de Penha, tous deux situés dans le centre historique de la ville de
Crato-CE. Dans ces deux équipements urbains, il y a un ensemble de connaissances africaines.
Pour mener à bien cette recherche, nous avons fait une revue bibliographique afin de nous baser
sur la perspective de l’ascendance africaine et nous avons travaillé avec l’iconographie. À cette
fin, nous dialoguons avec des auteurs tels que Cunha Junior (2010, 2011, 2020), Silva (2019),
Souza (2016) et Quirino (2018). L’article articule des réflexions dans le domaine de l’histoire,
de la géographie et de l’éducation, reflète l’importance de la production de ces connaissances
et souligne les itinéraires urbains (SILVA; CUNHA JUNIOR, 2019) comme possibilité
méthodologique dans la construction d’une éducation antiraciste.
Mots clés: Africanités. Espace géographique. Interdisciplinarité. Éducation antiraciste.
INTRODUÇÃO
Uma parte considerável do acervo cultural de base africana foi transferida para o Brasil
durante a diáspora forçada, influenciando na formação cultural e na remodelação do espaço
geográfico. Nesse sentido, Quirino (2018) afirma que a colonização brasileira foi realizada por
africanos e não por europeus, pois colonizar é transferir conhecimentos necessários para a
transformação do espaço no tempo, inserindo novas técnicas e preservando as existentes.
Compreendemos que o espaço geográfico e sua complexidade são compostos por uma
diversidade de conhecimentos africanos que se apresenta na constituição da materialidade e da
imaterialidade, a exemplo das arquiteturas, dos ferreiros, da oralidade nos quilombos, a
religiosidade, dentre outros, a análise das africanidades que marcam a presença africana e
afrodescendente nos lugares permitirá reconhecer tal diversidade. Para realizar essa pesquisa,
fizemos uma revisão bibliográfica a fim de nos fundamentar na perspectiva da
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afrodescendência. Para tanto, dialogamos com autores, como Cunha Junior (2010, 2011, 2020),
Quirino (2018), Silva (2019), Nunes (2011) e Souza (2016).
Os autores supracitados nos auxiliaram a refletir sobre uma nova história sociológica e
cultural brasileira tendo como marcador a atuação da população africana e afrodescendente. O
primeiro autor destaca a importância de reconhecer a constituição das africanidades e
afrodescendências na reconfiguração da cultura e da sociedade brasileira, enquanto o segundo
autor afirma que a colonização no Brasil ocorreu através de africanos. Por sua vez, as autoras
apontam que é preciso articular novas reflexões sobre a história africana e afrodescendente no
campo da educação, tecendo estratégias pedagógicas que auxiliem na superação do racismo e
no reconhecimento do protagonismo negro.
A discussão proposta neste artigo é parte de um estudo mais amplo que busca identificar
os conhecimentos tecnológicos africanos que dão base à formação do espaço geográfico na
cidade do Crato, situado na região do Cariri cearense. Do ponto de vista metodológico, é uma
abordagem qualitativa de cunho bibliográfico e iconográfico. Inicialmente, reflete-se a partir
dos estudos de Quirino (2018) sobre a colonização africana no Brasil, e Cunha Junior (2010,
2019, 2020) com reflexões acerca da constituição das africanidades e afrodescendências.
Corroboram ainda os estudos de Miller (2019), que pesquisa sobre história africana e a
economia europeia baseada no escravismo de africanos na África e nas Américas; e Stella
(2018) que apresenta em suas pesquisas a organização social e econômica dos egípcios, bem
como os conhecimentos tecnológicos empreendidos no urbanismo, sobretudo nas construções
das pirâmides. Ao longo das discussões, ilustramos com algumas imagens as semelhanças entre
a arquitetura cratense e africana.
Nesse contexto, problematizamos as africanidades na formação da cultura brasileira e
na ressignificação do espaço geográfico, tendo em vista a complexidade dos conhecimentos
africanos empreendidos no urbanismo brasileiro. O artigo também articula reflexões no campo
da história, geografia e educação; contempla a importância da produção desse conhecimento; e
aponta os percursos urbanos como um referencial teórico-metodológico que, estrategicamente,
é articulado para que o professores e alunos identifiquem as africanidades no espaço geográfico,
sobretudo na arquitetura (SILVA; CUNHA JUNIOR, 2019). Esse referencial é uma das
possibilidades metodológicas que auxilia na construção de uma educação antirracista na qual o
trabalho na escola possa colaborar, numa releitura crítica da presença e participação da
população negra para a formação do lugar.
Contextualizamos a presença negra na cidade do Crato com base no pensamento de
Silva (2019) e Silva e Cunha Junior (2019), onde analisamos, através de percursos urbanos,
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dois equipamentos históricos: o Museu Histórico do Crato e a Igreja de Nossa Senhora da
Penha. Os percursos urbanos são uma metodologia que permite um itinerário pelos lugares,
observando atentamente os detalhes da espacialidade material e as sociabilidades diante do
processo de mutação urbanística (RICO; COELHO; GOUVEIA, 1996 apud SILVA; CUNHA
JUNIOR, 2019).
No Cariri cearense, estudos questionam o discurso que invisibiliza a presença negra
nesse território e apontam a necessidade de descortinar o acervo cultural de base africana,
reconhecendo o protagonismo social negro (NUNES, 2011; SANTOS, 2018; SILVA, 2019).
Por outro lado, identifica-se que, apesar dos avanços nas produções e discussões nos últimos
anos, na perspectiva de uma educação antirracista, ainda há uma lacuna no ensino de geografia
sobre as relações étnico-raciais.
COMPREENDENDO O PASSADO AFRICANO E RESSIGNIFICANDO AS
AFRICANIDADES BRASILEIRAS
Na formação social do Brasil existe um acervo de artefatos da cultura negra que deve
ser descortinado para compreendermos o passado africano e ressignificá-lo na cultura brasileira.
Dentre os artefatos culturais há a arquitetura, os ofícios, a agropecuária, a mineração, as artes,
etc., que sinalizam o patrimônio cultural negro e nos permitem analisar a participação da
população negra na formação do espaço geográfico durante a diáspora forçada (CUNHA
JUNIOR, 2010).
Ao problematizarmos as influências dos conhecimentos da população negra na
formação sociocultural do Brasil, partimos da ideia de que colonizar é transferir conhecimentos
necessários para a formação dos territórios e a implantação de novos significados sociais e
culturais. Essa ideia difere do tipo de colonização europeia, na qual se baseia na tomada forçada
de territórios e na desconfiguração de culturas, isto é, “o colono branco vinha com o espírito
atormentado pela ganância, repetindo o estribilho da mãe-pátria” e dimensionando informações
equivocadas sobre as culturas de base africana (QUIRINO, 2018, p. 11).
De acordo com Cunha Junior (2020), a população africana possui uma diversidade
inesgotável de conhecimentos arquitetônicos, de mineração, de carpintaria, de agricultura e
pecuária. Esses conhecimentos foram expropriados pelo escravismo criminoso dos europeus,
cuja preocupação era dizimar comunidades africanas, assim como afirma Miller (2019), que
muitas comunidades tradicionais, como vilas em Zimbábue e vilas em Angola, foram destruídas
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pela violência do escravismo europeu, independentemente da importância cultural que tais
populações possuíssem.
Todas as ações criminosas dos escravizadores foram estrategicamente pensadas para a
manutenção da riqueza de um continente, a saber, Europa. Um exemplo é a transferência das
populações dos centros africanos, especificamente do baixo rio Zaire para o Caribe, Akan e as
ilhas equatoriais de São Tomé e Príncipe. A intenção da movimentação com as populações
africanas na condição de escravizadas era destiná-las ao trabalho da exploração do ouro, à
construção de cidades e ao plantio da cana-de-açúcar. Ademais, o cultivo de cana-de-açúcar se
intensificou nas Ilhas de São Tomé e Príncipe e, posteriormente, no Brasil, durante os anos de
1570, quando o escravismo estava efervescente (MILLER, 2019).
É relevante compreendermos que a presença da população africana no Brasil marcou
profundamente a sociologia e a cultura desse lugar, bem como a constituição de um legado
ancestral que deve ser ressignificado e reconhecido pelas proporcionalidades corretas na
história social brasileira. Nesse sentido, acreditamos que, para reconhecer a história de matriz
africana na cultura brasileira, é imprescindível ultrapassar as narrativas eurocêntricas que
invisibilizam a importância das populações africanas na produção do espaço geográfico.
Nascimento (2018) aponta um grave problema na historiografia brasileira quando essa
não reconhece o protagonismo dos africanos e afrodescendentes na formação e/ou
reconfiguração social e cultural dos territórios durante a travessia transatlântica. Para a autora,
o eurocentrismo nega a história da população negra por meio de vários dispositivos, a exemplo
das narrativas que versam sobre a história de que o homem branco é o civilizado e as populações
africanas são a-históricas.
Cunha Junior (2020) afirma que as teorias racistas tentam justificar o escravismo
criminoso, cujos ideários são baseados em atraso cultural da população africana diante do
processo acelerado de transformação do espaço geográfico, isto é, a Europa cria no imaginário
social e egocêntrico a ideia de dominadores das pátrias e dos mares. Entretanto, os egípcios já
navegavam há mais tempo.
Os discursos de que a Europa colonizou e promoveu a civilização no mundo foram base
para a formulação de teorias racistas, a exemplo da superioridade racial branca. Essas teorias
estão sendo estudadas nas escolas de ensino básico e nos cursos superiores das universidades
públicas brasileiras. Embora existam professores nas universidades, na educação básica e
pesquisadores vinculados a grupos de estudos, comprometidos com a discussão das relações
étnico-raciais, refazendo, sobretudo, uma revisão sobre a história africana, ainda se faz
necessário uma ampliação da discussão sobre a temática nas instituições educacionais, tendo
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em vista a implemetação da Lei 10.639/03. Acreditamos que é preciso repensar qual foi a
atuação europeia no Brasil, problematizando a ideia de colonização europeia, em primeiro
lugar, porque “nós nunca fomos colonizados pelos europeus, fomos invadidos e destruídos, mas
não colonizados. Portanto não existe nada a descolonizar e sim a retomar as bases africanas
modificadas no tempo e no espaço” (CUNHA JUNIOR, 2020, p. 63).
Souza (2016) diz que para superar as teorias eurocêntricas defendidas nas áreas do
conhecimento, em especial na geografia, é necessário ampliar o olhar sobre o espaço,
observando atentamente as contribuições da população negra e indígena que deixam marcas
importantes nos lugares. O real papel da ciência deve ser o de dimensionar conhecimentos sobre
a sociedade, bem como as interações culturais que modificam o espaço no tempo, demarcando
novos sentidos sociais através da materialidade e imaterialidade.
A expressividade social e os valores ancestrais das populações africanas e
afrodescendentes podem ser identificados nas sociabilidades e nas escritas das cidades
brasileiras. “[...] As cidades refletem as concepções de vidas, os valores dos grupos humanos,
as culturas e as relações sociais, neste sentido é que a compreensão da situação da população
negra passa pela compreensão das cidades [...]” (CUNHA JUNIOR, 2020, p. 63).
O fato é que as edificações arquitetônicas das cidades brasileiras são influenciadas pelas
formas urbanísticas das cidades africanas. Para entendermos tais influências, Diop (2014)
apresenta um relevante estudo sobre as unidades culturais na África, identificando as
mobilidades sociais, especialmente, as que foram realizadas pelos egípcios, nos quais
transportavam conhecimentos de escrita, edificações, religiões, sistemas políticos e
agropastoril. Esse estudo é basilar para que Cunha Junior (2020) reflita e construa o
conhecimento sobre as africanidades brasileiras, buscando reconhecer na escrita do espaço
geográfico, o sentido ancestral.
Ao problematizarmos sobre as formas urbanas brasileiras, é fundamental refletirmos
sobre as especialidades do trabalho africano na elaboração arquitetônica. Mesmo na condição
forçada do trabalho, os africanos ressignificaram e desenharam suas ancestralidades no urbano,
como meio de liberdade, de oralidade e de conectividade com suas raízes do passado e re-
enraizando uma nova história social e étnica em novos espaços.
No contexto brasileiro, as cidades se intercalam com uma diversidade de formas,
funções, relações sociais contra-hegemônicas, sistemas econômicos e a pluralidade cultural que
estão associados diretamente ao continente africano quanto à organização social e técnicas e
tecnologias inseridas nas construções arquitetônicas. A produção do tijolo, as simetrias dos
desenhos nas paredes de edifícios, casas e museus e a utilização da madeira para o telhado, são
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alguns dos exemplos dos conhecimentos africanos que podem ser percebidos na arquitetura
brasileira. Quando existe uma pluralidade na constituição dos objetos geográficos, sobretudo
arquitetônicos, torna-se impossível pensarmos em cidades modelos no Brasil, pois o tempo
define modificações sociais importantes para as novas materializações no espaço.
Para aprofundarmos melhor a análise sobre os conhecimentos africanos, estudaremos o
conjunto de africanidades do município do Crato, situado no sul do estado do Ceará,
identificando as variadas técnicas e tecnologias de matriz africana na arquitetura. A partir desse
estudo, acreditamos que ampliará a construção das propostas pedagógicas antirracistas na
escola, bem como auxiliará os pesquisadores de diversas áreas da produção do conhecimento a
reconhecerem o pensamento africano inserido no espaço geográfico.
AS AFRICANIDADES NO ESPAÇO GEOGRÁFICO DA CIDADE DO CRATO-
CEARÁ
O Crato emerge em meados do século XVIII com a chegada dos missionários
capuchinhos que, inicialmente, sob as ordens da Igreja Católica, determinam o aldeamento dos
indígenas Cariris, cuja denominação de tal aldeamento seria Missão do Miranda, onde,
atualmente, se encontra a Praça da Sé. Após realizarem essa demarcação religiosa, os europeus
chegaram em grupos maiores e colocaram em prática o sistema de dominação religiosa,
territorial e econômica. O primeiro símbolo que marca a presença do catolicismo europeu é a
construção da capela dedicada a Nossa Senhora da Penha, edificada em taipa de mão e coberta
de palha (FIGUEIREDO FILHO, 2010).
Após a intensificação da chegada de pessoas em terras caririenses, especificamente no
Crato, a igreja foi substituída pela construção com torres, aberturas de portas e janelas, gerando
certa imponência na escrita da cidade para aquele período. Essa construção ocorreu no início
do século XIX e na primeira metade do século XX, cuja primeira torre data de 1852, e a
segunda, ao Oeste da igreja, é de 1910 (FARIAS FILHO, 2007).
Durante o período escravista, houve uma significativa inserção de populações negras no
Crato, marcando momentos da história citadina com as influências dos conhecimentos africanos
e afrodescendentes no que se refere à agricultura, pecuária e às técnicas e tecnologias
construtivas. Até a primeira metade do século XIX, a parte urbana do Crato não possuía grande
expressividade, quando comparado a Icó (SILVA, 2019).
Na segunda metade do século XVIII, mais precisamente no ano de 1764, o Crato é
elevado a Vila Real do Crato, e, após grandes transformações espaciais e políticas, é instituída
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cidade em 1853. Essas novas configurações são marcadas pelas construções da Igreja de Nossa
Senhora da Penha e o Senado da Câmara Municipal, mais conhecido por Casa do Júri (FARIAS
FILHO, 2007 apud SILVA, 2019).
O desenvolvimento econômico da cidade do Crato foi baseado na agricultura e na
cultura do gado. Alguns produtos, como as produções de rapadura, doces, aguardente, etc.,
tiveram significativas relevâncias para a economia local, com destaque para os ciclos da
exportação regional da rapadura, chegando a vários estados nordestinos, a exemplo de
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (FIGUEIREDO FILHO, 2010). Ao
problematizarmos a base econômica do estado do Ceará, que não estava alinhada aos grandes
ciclos econômicos do açúcar na lógica de mercado externo brasileiro, é possível percebermos
uma grande concentração cultural africana, bem como a presença de afrodescendentes no
espaço geográfico cearense.
Cunha Junior (2011) enfatiza que a economia do Cea tem sua base fixada na
comercialização dos produtos internos, como a rapadura, a carne de charque e as sandálias de
couro, retirando o estado dos grandes marcos de exportações do açúcar, uma vez que no Ceará
não se produzia açúcar em grande escala, cujo produto era de interesse dos europeus. Embora
não se produzisse açúcar o suficiente para a manutenção do comércio europeu, não significa
afirmar a inexistência de população negra no território cearense.
Os estudos de Silva (2019), Santos (2018) e Nunes (2011) apontam uma nova história
sobre a formação sociológica e cultural da região do Cariri cearense que servirá como base para
a compreensão da presença negra no estado do Ceará. A produção do espaço geográfico
cearense, principalmente do Cariri, se deve, em grande parte, à atuação social dos africanos que
fixaram seus conhecimentos tecnológicos na forma urbana, nas relações comerciais, na
ressignificação religiosa quanto à formação de irmandades negras, terreiros de umbanda e
candomblé, nas manifestações das congadas e na organização social das comunidades
quilombolas.
O estado do Ceará é constituído pela presença de populações afrodescendentes e a ideia
de inexistência dessas populações está apenas no imaginário social brancocêntrico. Para Silva
(2019), no Cariri cearense, espacialidades de conhecimentos de africanos e afrodescendentes
significativas, estando sinalizados pelas técnicas construtivas empregadas na forma urbana do
centro do Crato e na formação dos bairros negros durante o êxodo rural do final do século XIX
e início do XX.
Dentre os equipamentos urbanos do Crato que compõem a parte central da cidade,
estudaremos dois buscando entender as africanidades no processo de colonização africana
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citadina. Para Silva e Cunha Junior (2019), a metodologia dos percursos urbanos é
imprescindível para percebermos as contribuições da população negra na elaboração dos
símbolos materiais fixados no espaço. Para ampliar os conhecimentos sobre a atuação social da
população negra, no contexto escolar, é fundamental que os professores, especialmente de
geografia, se apropriem da referida metodologia e alinhem ao ensino geográfico como
mecanismo de auxílio na construção crítica do aluno no processo de análise espacial, sobretudo
identificando na arquitetura as marcas das africanidades.
Os percursos urbanos são um referencial teórico-metodológico que cooperam para o
campo do patrimônio histórico-educativo
1
e demais áreas da produção do conhecimento ao
colocarem os professores e alunos para observar, coletar dados e analisar, onde tal análise tenha
um resultado que valorize a memória e a história da população, em especial africana e
afrodescendente.
É importante salientar que esse texto o objetiva demonstrar que, através da
realização de percursos urbanos, é possível identificar conhecimentos técnicos e tecnológicos
das populações africanas na constituição da arquitetura, mas também propor uma ampliação
das discussões desses conhecimentos na educação patrimonial. Além disso, que o processo de
ensino-aprendizagem nas instituições educacionais valorize a presença negra na produção do
patrimônio histórico, principalmente quando o Estado em grande parte do território brasileiro
se ausenta de salvaguardar o patrimônio da população, como apontam Silva, Castro e
Castellanos (2021, p. 6), “no Brasil, a salvaguarda do patrimônio histórico educativo têm sido
um privilégio de poucos lugares”.
O primeiro equipamento urbano a ser estudado é o Museu Histórico do Crato, antiga
Câmara e Cadeia, e o segundo é a Igreja de Nossa Senhora da Penha. Conforme Silva e Cunha
Junior (2019), o centro do Crato possui um conjunto material e imaterial que forma o
patrimônio afroarquitetônico. O Museu Histórico do Crato se localiza na antiga Rua do Fogo,
atualmente conhecida por Senador Pompeu. Figueiredo Filho (2010) afirma que na referida rua
acontecia a feira antiga do Crato todas as segundas-feiras, onde se aglomeravam pessoas de
todas as localidades do Crato e de outros estados como Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte.
1
Segundo Martínez (2016, p. 149-50) o patrimônio histórico educativo “está intrinsecamente ligada ao conhecer,
entender e divulgar a importância cultural e social da instituição escolar. A guarda e conservação da
documentação escolar, fundamental para preservar a memória educativa, permite também valorizar os resquícios
da construção da escola como espaço social peculiar da sociedade que a compõe.”
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A construção do edifício ocorreu durante o ano de 1877, logo após Crato se tornar cidade
em 1853. Existem algumas configurações no edifício que convém destacar para entendermos
sua arquitetura, como “[...] a porta de ingresso à escada que leva ao pavimento superior, onde
se localizava a Câmara, encontra-se na fachada que se volta para a praça; e, o acesso à cadeia é
feito na outra fachada [...]” (GURGEL, 2012, s/p, apud SILVA; CUNHA JUNIOR, 2019, p.
157). A praça, a qual a autora menciona é a da Sé, na qual se localiza a igreja de Nossa Senhora
da Penha. O Museu carrega na sua materialidade a expressividade social negra que resulta na
constituição das africanidades.
Na Figura 1 apresentaremos características de africanidades que possibilitam desvelar
conhecimentos africanos e afrodescendentes na elaboração do Museu Histórico do Crato.
Observem que existem várias portas, tanto na frente quanto na lateral, uma quantidade de
janelas no andar superior e janelas grandes na parte inferior, com formato quadrado e uma das
portas ao lado direito da foto apresenta o formato de flanco. A fachada contém desenhos em
formato fractais e, nas laterais, combinações repetitivas, aparentando ser símbolos adinkras
2
os
quais pertecem aos povos Akan. É pertinente a atenção para o trabalho com a madeira na
produção das janelas e na parte interna, cujo chão é feito de madeira e o telhado com grandes
vigas de madeira largas e com duas quedas-d´água. As paredes aparentam serem robustas,
provavelmente construídas com tijolos de tamanho que se aproximam ao tijolo de adobe
3
e com
preenchimento de barro cru para o fechamento.
2
“Adinkra é um conjunto de ideogramas estampados, principalmente em tecidos e adereços e esculpidos em
madeira ou em peças de ferro, como se fossem carimbos. Cada um dos símbolos possui um nome e significado
que pode estar associado a um fato histórico, uma característica de um animal, a um vegetal ou a comportamento
humano” (CARMO, 2016, p. 51). “Os mbolos de Adinkra m significados em várias camadas e níveis de
interpretação. Estes símbolos Akan são carimbados em panos de cores variadas e simbolizam parábolas,
aforismos, provérbios, ditos populares, eventos históricos, penteados, traços do comportamento animal ou
formas de objetos inanimados ou feitos pelo homem” (WILLIS, 1998, p. 17 apud CARMO, 2016, p. 52). Dybax
(2016, S/P) enfatiza que “a palavra adinkra significa adeus e são símbolos que transmitem ideias, representam
provérbios, preservam e transmitem valores do povo akan, que habitavam as regiões que hoje compreendem os
países de Gana e Costa do Marfim.”
3
“O adobe é um tijolo de terra crua, geralmente muito grande com relação aos tijolos de hoje, cuja técnica de
produção implica ser seco inicialmente à sombra e depois ao sol, este tijolo é muito utilizado na África do Rio
Níger. Para constituição do tijolo de adobe se misturam argila, fibra vegetal, estrume de gado e óleos vegetais
ou animal” (CUNHA JUNIOR, 2010, p. 28-9).
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FIGURA 1 - Casa Câmara e Cadeia e atual Museu Histórico do Crato
Fonte: Portal Oficial da Prefeitura Municipal do Crato.
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Conforme Silva (s/d, s/p), na Nigéria existiam construções com quantidades de portas e
janelas em formato quadrado, algumas utilizavam madeira para a estrutura e o fechamento de
barro misturado com esterco de animal e sangue para dar consistência ao material. Em Núbia
antiga, “[...] durante a época balana, construíram-se, ao longo de ruas bem traçadas, prédios
robustos, de plano quase quadrado, com quatro, cinco, seis, até oito salas na parte térrea, e sinais
de que deviam possuir um pavimento superior [...]”.
Ao analisar essa semelhança entre o Museu Histórico do Crato e os prédios antigos
núbios, nos permitiu compreender que existe um processo ressignificativo quanto às técnicas e
tecnologias construtivas de base africana inseridas nos edifícios cratenses que constituem as
africanidades brasileiras. No segundo equipamento urbano representado na Figura 2, a saber, a
Igreja de Nossa Senhora da Penha, identificamos outros desenhos semelhantes a algumas
arquiteturas africanas, principalmente egípcias.
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Disponível em: https://crato.ce.gov.br/
ISSN 2447-746X
DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v9i00.17432
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Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 9, p. 1-16, e023011, 2023.
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FIGURA 2 - Igreja de Nossa Senhora da Penha
Fonte: Memória Histórica do Crato.
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Essa foto é provavelmente do século XX, que as duas torres da igreja estão construídas
e a urbanização da parte central do Crato está acelerada. Nesse sentido, leituras espaciais
importantes podem ser feitas na imagem acima. Inicialmente, é possível observar que existem
pessoas trabalhando, o que sinaliza a mobilidade social e os conhecedores de técnicas de
construções. Outro detalhe é a casa ao lado que tem o telhado em duas quedas-d’água, duas
janelas e uma porta. No lado leste outras casas com várias aberturas de portas em formato
quadrado e em flancos e o telhado em duas quedas-d’água. Os estudos de Weimer (2008)
apontam que esse tipo de arquitetura é comum nas sociedades africanas, especialmente nos
países de Gabão, Mali e Madagascar, como pode ser observado na Figura 3.
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Disponível em: https://www.facebook.com/historiadocrato
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DOI: https://doi.org/10.20888/ridpher.v9i00.17432
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FIGURA 3 - Arquiteturas africanas
Fonte: WEIMER, 2008.
A Igreja de Nossa Senhora da Penha é construída entre os séculos XIX e XX, com a
primeira torre erguida em 1852, e a segunda torre em 1910 (FIGUEIREDO FILHO, 2010).
Chamamos atenção dos olhares para o topo das torres que tem o formato em pirâmide e na parte
superior da frente da igreja a existência de dois janelões. Ressalta-se que o primeiro detalhe
arquitetônico se assemelha com as pirâmides de Gizé, no Egito. Ao visitar a referida igreja,
identificamos que os janelões permanecem iguais, além de um pequeno piso de madeira elevado
a altura das janelas, supostamente essa parte da igreja era reservada para receber pessoas
brancas e, provavelmente, significativas para a cidade.
Esses equipamentos urbanos são imponentes para a cidade do Crato e nos fazem
compreender a complexidade sistêmica dos conhecimentos africanos. Os detalhes
arquitetônicos desses edifícios foram feitos por mãos de africanos e afrodescendentes,
marcando a história do lugar e deixando um legado ancestral. A atuação do carpinteiro, do
pedreiro, do auxiliar de construção, do pintor, do ferreiro e de tantas outras profissões, é parte
desse legado que se materializou nas arquiteturas as quais apresentamos.
Os professores, em particular os de Geografia, ao realizar um percurso urbano pela
cidade do Crato, devem apresentar aos alunos um conhecimento sistematizado e comprometido
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em desvelar a atuação social dos africanos quanto à elaboração construtiva do Museu histórico
do Crato e da Igreja de Nossa Senhora da Penha, bem como outros equipamentos urbanos
citadinos, buscando desprender-se da história eurocêntrica que nega a participação africana na
constituição do urbanismo brasileiro. Entendemos que a arquitetura é um desfecho importante
da história ancestral africana que marca o Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O passado africano, na cultura brasileira, é visto pelo eurocentrismo como algo de
menor interesse, entretanto, o estudo do espaço geográfico revela a existência de um conjunto
de africanidades na arquitetura. Tais africanidades estão simbolizadas nas técnicas e tecnologias
construtivas no urbanismo brasileiro, em especial no município do Crato-CE.
A metodologia dos percursos urbanos possibilitou reconhecer as africanidades e ampliar
as reflexões nas diversas áreas do conhecimento, particularmente no ensino de geografia,
valorizando a memória e a cultura africana. Ao refletirmos sobre a história da presença negra
no Crato, compreendemos que o Brasil é constituído de unidades culturais africanas as quais
foram transferidas durante o escravismo criminoso; essa análise fica mais evidente quando
comparamos as técnicas construtivas entre o continente africano e o urbanismo cratense por
meio da iconografia.
Consideramos que o estudo das africanidades no Crato viabilizou ampliar o olhar para
a região do Cariri, uma vez que tal região é marcada pela presença negra através de
comunidades negras, quilombos e um urbanismo constituídos de técnicas e tecnologias
africanas.
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Recebido em: 25 de setembro de 2023
Aceito em: 05 de dezembro de 2023