Nesse estudo abordaremos a atuação da AJJ.
A ASSOCIAÇÃO DOS JOVENS DA JURÉIA
O contexto, que antecede a fundação da AJJ, tem início em meados de 1986 quando as
famílias expatriadas da Juréia começaram a chegar na comunidade da Barra do Ribeira para
recomeçar a vida longe de seu território de origem. Na busca pela sobrevivência passaram a
fazer bicos, trabalhar em construção civil, praticar a pesca da manjuba, limpar casas de turistas
e realizar variados trabalhos braçais.
O contexto, pelo qual passavam as comunidades caiçaras, serviu de motivação aos
jovens para a fundação da AJJ. Distantes do território de origem, onde tinham contato com a
terra e a cultura tradicional, viam-se expostos a uma cultura urbanizada e ao crescimento do
turismo desordenado que crescia trazendo para o bairro um novo estilo de música, roupas e um
jeito de viver capitalista.
Referente a perda do território e da inversão de valores provocados pela expansão do
turismo desordenado, Diegues apresenta o seguinte posicionamento:
a política ambiental equivocada, que transforma os caiçaras em grandes devastadores
da natureza, e a especulação imobiliária, com a construção de casas de veraneio,
expulsando-os de suas terras são, a nosso ver, os processos sociais que mais atingem
o modo de vida caiçara, uma vez que leva a perda de seu território, como local de
reprodução social. Esses processos vieram acelerar, de maneira geral, o fluxo
migratório para as favelas das cidades litorâneas, iniciado anteriormente. (DIEGUES,
2005, p.313)
A restrição ambiental e a expansão desordenada do turismo contribuíram, e ainda
contribuem, para a desmotivação dos jovens, sobretudo os estudantes, no sentido de distanciá-
los da terra onde seus pais cultivavam a roça de subsistência, praticavam o mutirão e realizavam
o fandango caiçara. Essa desmotivação pela cultura local, por conta do distanciamento da terra,
contribuiu para que os jovens passassem a ter mais contato com os turistas que os influenciaram
a um novo estilo de vida.
Procurando refletir essa realidade, os jovens encontravam na AJJ espaço para organizar
a formação e lutar pelo território caiçara. Discutiam o direito à terra, compartilhavam a memória
do fandango, construíam a viola branca iguapeana e a rabeca (instrumentos do fandango
caiçara) e produziam artesanatos para geração de renda local.
O ambiente da AJJ atuava como uma escola popular, pois enquanto os anciãos
ensinavam a técnica da confecção da rabeca, viola branca e outros artesanatos da tradição