magistério (Robinson Janes), na docência do ensino superior. Nós éramos, digamos assim,
pessoas muito interessadas em fazer teatro, em ouvir música, havia um interesse muito
grande em participarmos de outras atividades culturais que não só a faculdade. Em relação
à faculdade e às pessoas aqui, uma das coisas que me chamava muita atenção é que a turma
do vespertino era composta por muitas professoras da rede, e era uma turma mais dura,
mais difícil de penetrar. E, nesse sentido, em 77 eu me transferi para o período noturno.
Era uma turma mais flexível, que trabalhava em outras atividades, era um pessoal muito
mais interessante. E aí que eu acho que foi a grande descoberta da minha vida; foi aí o peso
da faculdade na minha vida. Não só pela preparação que eu tive a partir dos inúmeros cursos
de História e Filosofia da Educação, que eram uma tônica mesmo, da faculdade, mas
também pela possibilidade de participar do movimento estudantil. Porque, se não houve
essa participação no final dos anos 60, quando eu ainda fazia o ginásio, nos anos 77, 78,
houve a volta do movimento estudantil. E para nós, para o grupo que eu fazia parte aqui,
era fundamental ir para as assembleias, discutir, votar, trazer as decisões para compartilhar
com os colegas da FE. Isso para mim foi uma aprendizagem enorme, porque eu jamais
tinha pensado em participar. Eu me lembro das assembleias da História, que era com muita
gente, e havia então as duas chapas, a Libelu e a Refazendo, e havia toda uma estrutura de
participação. E aqui era uma situação muito difícil, porque a Faculdade de Educação era
muito fechada, então nós tínhamos uma dificuldade muito grande para entrar em sala, para
contar o que tinha havido, os próprios colegas nos rechaçavam muito. Bom, mas esse foi
um aspecto que eu acho que foi muito formativo no tempo que eu passei aqui na Faculdade
de Educação. E, falando dos conteúdos, da Filosofia, da História, evidentemente alguns
professores foram muito marcantes para mim como o Professor Zé Mário Pires Azanha. Eu
confesso que eu me preparei muito para fazer a disciplina dele porque ela era muito difícil,
ele tinha uma maneira de trabalhar que era bastante exigente; então, eu me preparei muito,
e só fui fazer a disciplina com dois outros colegas que tinham um pensamento muito
divergente, com quem foi um prazer fazer essa disciplina: o Pasqual Pelegrino Neto e o
Edson Kozminski. E mais para o final do curso, eu gostei muito de ter aula com as
Professoras Heloysa Dantas e Marta Maria Chagas Carvalho, que me apresentaram autores
muito interessantes com os quais eu pude trabalhar e trabalho até hoje, por exemplo, os
livros História Social da Criança e da Família, do Ariès, e a Mistificação Pedagógica, do
Charlot. E a Heloysa Dantas, que trabalhava com o Wallon, acabou sendo, posteriormente,
minha orientadora de mestrado; foi muito marcante também isso. Eu posso dizer que nós
fizemos parte de um grupo que tentou enfrentar, não de forma muito direta, a estrutura que
havia na Faculdade de Educação. Então, nós ocupamos uma sala vazia, que era um tipo de
depósito, pensando já num centro acadêmico – isso foi em 77, se não me engano. E nós
íamos – ocupávamos literalmente – para lá para ler, discutir, conversar, exatamente com