de Abílio Cesar Borges, recebidos em abril de 1875. Em 1878, com o fechamento da Escola
Normal da Capital, seus livros teriam sido entregues à Inspetoria Geral da Instrução Pública,
conforme indica José Eustáquio de Sá e Benevides, quando, como diretor da escola que havia
sido reaberta em 1880, solicitou a incorporação desses livros à biblioteca da instituição.
Nos anos de 1880, o acervo bibliográfico da Escola Normal cresceu e se diversificou
consideravelmente, acompanhando a ampliação do currículo da escola, que nesse momento
englobava física, química, biologia, história, geografia, além das línguas portuguesa e francesa,
da aritmética, da pedagogia e da doutrina cristã. A primeira compra de livros só ocorreu, no
entanto, quase três anos após o reinício das atividades da Escola Normal. O responsável por
essa compra foi Paulo Bourroul (1855-1942), médico francês que atuava como diretor interino
e professor da cadeira de Física, Química e Francês na escola.
Ao solicitar uma licença para viajar à França, no final de 1882, Bourroul foi incumbido
por Francisco Brandão, presidente da província, da compra “dos aparelhos necessários para o
ensino da física e da química na Escola Normal, das obras pedagógicas para a biblioteca da
mesma Escola e do estudo da organização de um museu pedagógico” (BOURROUL, 1882, p.
1). Segundo Francisco Brandão (1882, p.1), a escola ressentia-se “da falta de uma biblioteca
apropriada, não possuindo mesmo livro algum de pedagogia”, o que o levava a destinar “a
quantia de um conto de réis”, para que fossem adquiridas “as melhores e mais modernas obras
de pedagogia que convenha possuir a mesma Escola, começando-se assim a construir a sua
biblioteca”. Essa inciativa, conforme Marta Carvalho (2007, p. 20), “pode ser considerada como
uma das poucas e tímidas providências destinadas a dotar a Província de São Paulo de uma
instituição de formação de professores compatível com as transformações culturais que o
progresso material em curso começava a desencadear”.
Paulo Bourroul realizou com sucesso a tarefa que lhe foi atribuída, e da França
despachou para o Brasil 13 caixas, contendo livros, mapas, materiais para lições de coisas e
muitos itens para o laboratório de física e química. Meloni e Alcântra (2019, p. 14) destacam a
variedade dos objetos comprados na França e destinados “a um laboratório escolar de uma
escola normal, ou seja, que não tinha como finalidade principal a formação no campo das
ciências, mas a formação de professores primários”. Para a biblioteca, foram comprados mais
de 120 títulos, que abarcavam álgebra, geografia, história, física, química, botânica, zoologia,
pedagogia e instrução pública, indicando uma diversidade de conteúdos maior do estava
previsto no currículo da escola. Os livros do renomado historiador Victor Duruy, Histoire
Grecque, Histoire Romaine, Histoire du Moyen-âge e Histoire de France, editados entre 1879