O secretário, aberto a mudanças, havia conhecido o trabalho realizado pela
Professora Maria Nilde, em 1959, na implementação das classes
experimentais do Instituto Narciso Pieroni do município de Socorro, no
interior do Estado de São Paulo que, adotando o ensino renovado, inovou na
metodologia e nas práticas pedagógicas e propiciou um aprimoramento
cultural e social ao seu alunado. Entusiasmado com esta pedagogia, ao
conhecer a experiência de Socorro, Luciano de Carvalho criou o Serviço de
Ensino Vocacional, o SEV, sob a coordenação da Professora Maria Nilde,
órgão destinado a coordenar as Unidades de Ensino Vocacional, diretamente
subordinado à Secretaria Estadual de Educação, e não à Coordenadoria de
Ensino Normal, como costumava acontecer (TAMBERLINI, 2018, p.2).
A partir de 1962 foram criados os primeiros ginásios, hoje correspondentes às séries
finais do ensino fundamental e, nos anos seguintes, foram instaladas as outras escolas, uma na
capital e cinco no interior do Estado. Em 1968 houve a implementação do curso noturno, com
currículo e estrutura adequados para receber os alunos e alunas que trabalhavam e o segundo
ciclo, correspondente ao atual ensino médio. A proposta curricular, objetivos, fundamentação
teórica, novas formas de avaliação, promoção da cultura local, forte interação com a
comunidade, discussão de temas atuais, maior protagonismo dos alunos, práticas pedagógicas
peculiares, eram marcas destas escolas, atentas à diversidade de seus estudantes. Valorizando
as estruturas coletivas e a participação no espaço público, debatendo questões relativas aos
problemas locais e nacionais, o Ensino Vocacional se tornou alvo de perseguições pelo regime
militar vigente na época, que o considerou subversivo. Com o progressivo recrudescimento do
regime, as perseguições se intensificaram, sobretudo após a edição do Ato Institucional nº 5, o
AI-5, culminando com a invasão concomitante de todas as escolas pelo exército e a polícia
federal, em 12 de dezembro de 1969, até a extinção do Ensino Vocacional, com a edição do
Decreto Estadual 52.460 de 05 de junho de 1970.
No período da ditadura militar e até a década de 1990, não havia muitos trabalhos
acadêmicos que abordassem esta pedagogia diferenciada, exceto algumas obras com teor mais
crítico que, a partir de análises genéricas, englobando sob a definição de “escola nova”
diferentes experiências de renovação educacional, a caracterizaram como dispendiosa, mais
atenta aos aspectos psicológicos da formação de seu alunado, em detrimento da formação lógica
(RIBEIRO e WARDE, 1980), sem proceder a uma análise mais profunda ou detalhada de seus
documentos ou de suas práticas pedagógicas. Da década de 1990 em diante, dissertações e teses
de ex-professores e pesquisadores, começaram a ser elaborados, podendo contar com a
constituição dos acervos do Centro de Documentação e Informação Científica “Professor
Casimiro dos Reis Filho”, CEDIC, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
organizado em 1990, por iniciativa da Professora Maria Nilde Mascellani e do Centro de
Memória da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, fontes que