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O MOVIMENTO DE BUSCA PELAS TRANSFORMAÇÕES DAS CONCEPÇÕES E
PRÁTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Selma Garrido Pimenta
Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação/FEUSP, Brasil
Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Católica de Santos, Brasil
sgpiment@usp.br
Maria Isabel de Almeida
Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação/FEUSP, Brasil
Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Católica de Santos, Brasil
mialmei@usp.br
RESUMO
O artigo tem por objetivo discutir o processo de implementação do Programa de Formação de
Professores da Universidade de o Paulo (PFPUSP) no período 2006-2020, com destaque para
as rupturas e inovações que trouxe ao campo das licenciaturas, bem como a identificação dos
desafios e problemas enfrentados no âmbito da Universidade e frente às legislações federais e
estadual que têm reconfigurado e, na maioria dos casos, desfigurado a formação dos docentes
brasileiros. Com base em pesquisa bibliográfica sobre formação, em documentos da própria
Universidade e na legislação, evidencia os esforços voltados para a superação das dicotomias,
antigas e arraigadas na área, entre teoria/prática e entre saberes científicos/saberes pedagógicos.
Palavras-chave: Licenciaturas. Institucionalização de poticas. Práxis docente.
THE MOVEMENT OF SEARCH FOR TRANSFORMATION OF CONCEPTIONS
AND PRACTICES IN TEACHER EDUCATION
AT THE UNIVERSITY
OF SÃO PAULO
ABSTRACT
The paper aims to discuss the implementation process of the Teacher Training Program at the
University of São Paulo (PFPUSP) in the period 2006-2020, highlighting the ruptures and
innovations it brought to the undergraduate courses for teacher training, as well as the
identification of the challenges and problems faced by the University and the federal and state
legislation that have reconfigured and, in most cases, disfigured the training of brazilian
teachers. Based on bibliographical research on teacher training, on the University's own
documentation and on legislation related to the subject, the efforts aimed at overcoming
dichotomies, so old and ingrained in the area, are highlighted, between theory/practice and
between scientific knowledge/pedagogical knowledge.
Keywords: Teacher training. Institutionalization of policies. Praxis of teaching.
LE MOUVEMENT VERS LES TRANSFORMATIONS DES CONCEPTIONS ET DES
PRATIQUES DE FORMATION DE PROFESSEURS
A L’UNIVERSITE DE SÃO PAULO
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RESUME
Cet article a pour but de discuter le processus de mise en place du Programme de Formation de
Professeurs de l’Université de São Paulo (PFPUSP) au cours de la période 2006-2020,
soulignant les ruptures et les innovations qu’il a introduites dans les cours de formation
universitaire des enseignants. Nous exposons par ailleurs les défis et les problèmes qu’il a fallu
affronter dans le cadre de l’Université, et face aux législations de la Fédération et des états qui
configurent, et souvent défigurent, la formation des enseignants au Brésil. En nous appuyant
sur une recherche bibliographique sur la formation des professeurs, sur les documents de
l’Université et sur la législation relative au thème, nous présentons les efforts pour dépasser les
dichotomies, aussi anciennes que tenaces dans ce domaine, entre théorie et pratique et entre
savoirs scientifiques et savoirs pédagogiques.
Mots-clé: Cours de formation universitaire des enseignants. Institutionnalisation des politiques.
Práxis de l´enseignement.
EL MOVIMIENTO DE BÚSQUEDA DE TRANSFORMACIONES DE LAS
CONCEPCIONES Y PRÁCTICAS DE LA FORMACIÓN DOCENTE EM
LA UNIVERSIDAD SÃO PAOLO
RESUMEN
El objetivo de este artículo es el de discutir el proceso de implementación del Programa de
Formação de Professores da Universidade de São Paulo” (PFPUSP) en el período 2006-2020,
especialmente para las rupturas e innovaciones que trajo al campo de las licenciaturas, a como
la identificación de los desafíos y problemas enfrentados en el ámbito de la Universidad y frente
a las legislaciones federales y estatales que han reconfigurado y, en la mayor parte de los casos,
desfigurado la formación de los docentes brasileños. Con base en pesquisa bibliográfica sobre
formación, en la documentación de la propia Universidad y en la legislación referente al tema,
se destacan los esfuerzos direccionados a la superación de las dicotomías, tan antiguas y
arraigadas en el área, entre teoría/práctica y entre saberes científicos/saberes pedagógicos.
Palabras clave: Licenciaturas. Institucionalización de poticas. Praxis docente.
INTRODUÇÃO
Neste artigo analisamos o Programa de Formação de Professores da Universidade de
São Paulo (PFPUSP) em suas inovações, destacando seus avanços, possibilidades e desafios no
movimento de institucionalização na universidade, bem como os embates e confrontos com
decisões internas da Universidade e com deliberações do CEE-SP e as resoluções nº 1 e 2/2002
do CNE.
O PFPUSP foi aprovado pela USP em 2004 e implementado a partir de 2006. Entre
2006 e 2009, período crucial para a implementação do novo projeto, Selma Garrido Pimenta
foi Pró-Reitora de Graduação e Maria Isabel de Almeida foi assessora da Pró-Reitoria de
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Graduação da Universidade, estando, portanto, ambas diretamente envolvidas nesse processo
de mudanças.
As 15 anos de ações formativas desenvolvidas à luz das proposições expressas no
texto original do Programa de Formação, muitos avanços e alguns entraves foram vivenciados
pelos participantes dessa significativa transformação na formação de professores brasileiros. O
esforço analítico aqui empreendido pelas autoras nutre-se da experiência de gestão do órgão
implementador dessa nova propositura no seio da Universidade, mas também do acúmulo de
conhecimentos advindos da atuação como docentes formadoras de professores, pesquisadoras
e produtoras de conhecimentos sobre educação e educadores, participantes de eventos e redes
nacionais e internacionais, orientadoras de pesquisas de graduandos e pós-graduandos e da
atuação em movimentos sociais, políticos e sindicais vinculados ao campo educacional.
O tema da formação de professores e a relevância social de seu trabalho nos processos
de redemocratização do país por meio da educação escolar, tem mobilizado pesquisadores,
docentes e estudantes nas universidades brasileiras com vistas a superar as insuficiências do
antigo modelo 3+1. A valorização da escola pública e a ampliação do seu acesso conquistada
no país desde finais do século passado, configurou novos cenários e desafios à formação
docente. O estudo teórico da práxis de ensinar permite que a realidade das escolas, seus
contextos, seus problemas, assim como as possibilidades de superá-los, sejam colocados no
centro de todo o processo formativo dos professores. Atividades de pesquisa e de extensão
comparecem nos currículos de modo articulado com o ensino e possibilitando a unidade teoria
e prática na práxis formativa dos cursos. Essa perspectiva se faz presente em projetos
inovadores em atividade em universidades públicas, muitas vezes confrontando-se à
perspectiva das políticas governamentais em curso no país.
É de um Programa de Formão de Professores com essas características que trataremos
neste artigo.
MARCAS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO
Os cursos de licenciatura para a formação de professores da educação básica estão
presentes na Universidade de São Paulo logo após sua fundação em 1934. A Faculdade de
Filosofia, criada naquele momento, incorporou a Escola de Professores do Instituto de
Educação Caetano de Campos e criou em 1939 o seu curso de Didática (CANDAU, 1987;
CACETE, 2014). Esse curso consistia na oferta de seis disciplinas pedagógicas aos bacharéis
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de cursos correspondentes às disciplinas presentes na escola básica, conferindo-lhes também o
título de licenciados. Com isso instituiu-se o modelo de formação assentado em três anos de
bacharelado acrescido de um ano de formação pedagógica, que ficou conhecido como o regime
3+1 (CASTRO, 1974), que se fez presente em outras instituições e se constituiu no paradigma
de formação docente até início do culo XXI. Mantendo a mesma estrutura curricular, a
formação de professores foi tendo seu lócus reposicionado no interior da USP. Segundo Salces
(2020, p. 78), “[...] em 1962 a seção de Pedagogia da então Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da USP foi transformada em Departamento de Educação, que posteriormente se
transformou na Faculdade de Educação em 1969”.
Dessa forma, os cursos de licenciatura na USP constituíram-se como complementares à
formação profissional nas diversas áreas, uma vez que o bacharelado era pré-requisito para a
realização da licenciatura. A formação de professores organizou-se então como fruto da soma
de dois campos de saberes os das áreas específicas e os do campo pedagógico. Essa
justaposição fazia com que o estudante apenas passasse a ter contato com a possibilidade da
docência enquanto opção profissional já na fase final de seus estudos de bacharelado e sem
conseguir compreender a articulação entre esses dois conjuntos de conhecimentos (FÉTIZON,
1984).
Mesmo com esses limites, esse projeto formativo atendia à necessidade de uma escola
voltada ainda para parcelas reduzidas das crianças e jovens brasileiros até meados do século
XX. Mas na segunda metade desse século o país viveu profundas transformações em sua
estrutura econômica, social e urbana, o que trouxe a necessidade de democratizar o acesso à
escolaridade pública (FERNANDES, 1962), e esse modelo formativo passou a se mostrar
ineficaz. Tornou-se evidente que para cumprir seu papel social, a escola precisava contar com
um corpo de professores bem formados e com condições dignas para o exercício do ato de
ensinar e aprender. A formação de professores não poderia mais ficar restrita à justaposição de
saberes e às dimensões técnicas do processo de ensino.
Desde a década de 1980 as questões relativas à formação dos professores, à organização
da escola e à estruturação da profissão docente vem ganhando espaço e relevância nos estudos,
pesquisas e nas poticas internacionais. Também no Brasil, esse mesmo movimento foi
ganhando lugar e atenção no cenário educacional, na perspectiva de se assegurarem direitos
essenciais à cidadania (GUARNIERI, 2005; LIMA, 2004; ALMEIDA; PIMENTA; FUSARI,
2019).
No campo das políticas educacionais é importante destacar a Constituição de 1988 que
garantiu os direitos sociais a todos, incluindo a educação. O direito à educação básica está
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assentado na compreensão de que é dever do Estado assegurá-la de forma gratuita a todos,
incluindo a ideia, que depois foi complementada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente de
1990 e pela Lei de Diretrizes e Bases de 1996, de que a educação básica seria obrigatória,
gratuita e de qualidade, da educação infantil ao ensino médio.
No que se refere à formação dos professores, em articulação com os avanços
assegurados pela LDB de 1996, ao estabelecer que a formão dos professores deveria ser
realizada em cursos de licenciatura plena em vel superior, vieram as diversas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores para a Educação Básica (2002), bem
como um conjunto de Diretrizes específicas para as distintas áreas de conhecimento presentes
na escola. as pesquisas e estudos produzidos em programas de s-graduação, mas não só,
caminharam em várias direções: repensaram o modelo formativo conservador, o já citado 3+1;
ajudaram a formular outros paradigmas que avançaram na superação da ideia do professor
técnico-reprodutor; apontaram a importância da articulação entre a formação inicial e a vivida
ao longo da vida profissional; evidenciaram a estreita relação entre condições de trabalho,
salário e carreira com os resultados do trabalho docente. Enfim, a produção de conhecimento
voltou-se para ressignificar a formão, as condições do exercício docente, o papel dos
professores no seu contexto de trabalho, entendendo-o como profissional autônomo, com
responsabilidades, direitos e competência técnico-política (NÓVOA, 1992a, 1992b; GIMENO;
SACRISTÁN, 1995; CONTRERAS, 2002).
Em meio a essas novas compreensões a respeito do papel social e potico dos
professores, de sua formação e seu trabalho, foi ganhando espaço a compreensão de que a USP
precisaria avançar na reconfiguração de seus cursos de licenciatura. E neste cenário, após
intensos debates, a Universidade de São Paulo formulou o seu novo Programa de Formação de
Professores (PFPUSP), aprovado em 2004 e implementado a partir de 2006. Para maior
compreensão das alterações que o novo programa de formação trouxe aos cursos de
licenciatura, é importante apresentar em linhas gerais o contexto de avanço das pesquisas no
âmbito educacional e a implementação de reformas políticas na área da formação de professores
nacional e internacionalmente.
EMBATES TEÓRICO-POLÍTICOS ACERCA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
No mundo ocidental, as últimas décadas do século passado foram palco da formulação
de poticas que propiciaram significativas alterações nos sistemas de ensino como a elevação
da formação dos professores da escola básica para o nível superior, o investimento na formação
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inicial e contínua, no desenvolvimento das instituições escolares e na elevação do estatuto de
profissionalização dos professores, incluindo a reestruturação de quadros de carreira, das
condições de trabalho e dos salários.
A compreensão dos professores como profissionais trouxe como decorrência o
investimento na valorização, na formão e no desenvolvimento dos seus saberes, fortaleceu a
possibilidade de considerá-los como sujeitos e intelectuais, capazes de produzir conhecimento,
de participar de decies e da gestão da escola e dos sistemas. Essas novas premissas conceituais
trouxeram perspectivas promissoras para a reinvenção da escola democrática e colocaram-se
como contraponto à concepção que compreende os professores e seu papel social no âmbito da
racionalidade técnica e às ações que buscam o controle cada vez mais burocrático do trabalho
docente, evidenciando uma política ineficaz para assegurar a democratização do ensino e
combater a exclusão social no processo de escolarização.
No Brasil, a produção acadêmica na área da educação e da formão de professores foi
significativamente impulsionada com a criação, em 1968, dos cursos de pós-graduação. Com o
apoio de referenciais fundamentados em teorias críticas, alguns programas de pós-graduação
tiveram expressiva contribuição na análise dos problemas educacionais e da escolaridade
brasileira, ampliando o caminho para se colocar a educação e a escola em questão. Foi nesse
contexto que a formação de professores passou a ser firmemente debatida (SAVIANI, 2009;
DINIZ-PEREIRA, 2013). Muitas das proposições resultantes da produção acadêmica, dos
movimentos sociais e das experiências de formação de professores realizadas no âmbito de
universidades, foram incorporadas por alguns governos democraticamente eleitos na década de
1980. Entendia-se que os professores deveriam ter sólida formação teórica para que pudessem
ler, problematizar, analisar, interpretar e propor alternativas aos problemas que o ensino,
enquanto prática social, apresentava nas escolas (PIMENTA, 1996). Essa compreensão suscitou
novas propostas curriculares e novos modos de desenvolvimento do ensino. Ao mesmo tempo,
crescia o entendimento da importância de se elevar ao vel do ensino superior também a
formação de professores para as séries iniciais, o que em parte foi incorporado na nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), aprovada em decorrência da
Constituição de 1988.
A centralidade colocada nos professores traduziu-se na valorização do seu pensar, do
seu sentir, de suas crenças e seus valores como aspectos importantes para se compreender o seu
fazer, não apenas de sala de aula, pois os professores não se limitam a executar currículos, senão
que também os elaboram, os definem, os reinterpretam. Daí a importância dos estudos voltados
para se compreender o exercício da docência, os processos de construção da identidade docente
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e de sua profissionalidade, o desenvolvimento da profissionalização, as condições em que
trabalham, o status profissional e sua capacidade de liderança (FREIRE, 1996; ALMEIDA,
1999; PIMENTA, 1996).
A partir dos anos finais do século XX, foram sendo formuladas propostas para a
formação de professores fundadas em uma concepção orgânica da educação e da formação de
seus profissionais, tendo bem claro o perfil do professor que se pretendia formar para que
pudessem desenvolver uma atuação compromissada com a alteração das profundas
desigualdades sociais e econômicas marcantes do acesso de amplas parcelas de crianças e
jovens à escolarização de qualidade. Como bem o mostram estudos e pesquisas na área, os
professores são profissionais essenciais nos processos de mudanças das sociedades (NÓVOA,
1992a, 1992b; MARCELO GARCIA, 1999; PIMENTA, 1996; CONTRERAS, 2002; DINIZ-
PEREIRA, 2013; LÜDKE; BOING, 2004). Se forem deixados à margem das decisões
pedagógicas e curriculares, por mais interessantes que possam parecer, elas não se efetivam e
o geram efeitos sociais. Por isso, é preciso investir na formação e no desenvolvimento
profissional dos professores
Desses avanços nas compreensões teóricas e poticas a respeito do papel sociopotico
dos professores e suas necessidades formativas decorreram reorientações teórico-
metodológicas para os cursos de licenciatura a parir de três premissas: a estreita vinculação
entre os conteúdos científicos e os pedagógicos; o caráter histórico e construtivo da produção
do conhecimento; a íntima articulação entre teoria e prática. Portanto, ime-se considerar que
a atividade profissional de todo professor tem uma natureza pedagógica, isto é, vincula-se a
objetivos educativos de formação humana e a processos metodológicos e organizacionais de
transmissão, apropriação e produção de saberes e modos de ação. O trabalho docente está
impregnado de intencionalidade, pois visa a formação humana por meio de conteúdos e
habilidades de pensamento e ação, implicando escolhas, valores, compromissos éticos.
Além disso, é no âmbito do processo educativo que mais íntima se afirma a relão entre
a teoria e a prática. Na sua essência, a educação é uma prática intrinsecamente intencionalizada
pela teoria. Decorre dessa condição, a atribuição de um lugar central ao estágio, no processo da
formação do professor. Entendendo que o estágio é constituinte de todas as disciplinas,
percorrendo o processo formativo desde seu início, os cursos de licenciatura precisam
contemplar várias modalidades de articulação direta com as escolas públicas e demais instâncias
nas quais os professores atuarão, apresentando formas de estudo, análise e problematização dos
saberes nelas praticados. O estágio também pode ser realizado como espaço de projetos
interdisciplinares e de pesquisa, ampliando a compreensão e o conhecimento da realidade
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profissional de ensinar (ALMEIDA; PIMENTA, 2014). As experiências docentes dos alunos
que atuam no magistério, como também daqueles que participam da formação continuada,
devem ser valorizadas como referências importantes para serem objeto de discussão e reflexão.
O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO
Com o desafio de superar a fragmentação na formação de professores para a Educação
Básica, tradicionalmente configurada pela soma do bacharelado nas áreas específicas e a
licenciatura na área pedagógica, a USP, após longo processo de discussões iniciado em meados
dos anos 1980, elaborou o Programa de Formação de Professores (PFPUSP, 2004), formulado
por comissão composta de representantes de todas as Unidades envolvidas com a formação de
professores e coordenado pela Pró-Reitoria de Graduação.
A característica principal e inovadora do PFPUSP é que a formação de professores se
configura como um projeto político-pedagógico único, integrado, definido e desenvolvido
conjuntamente pelas unidades envolvidas na oferta dos conhecimentos específicos
1
e da área
pedagógica
2
. Para maior compreensão, seguem os principais pontos estruturantes do Projeto.
Estabeleceu-se então que a finalidade maior dos cursos de licenciatura seria a
formação inicial de professores para a educação sica com capacidade científica e profissional,
politicamente motivados a lidar com a diversidade da população atendida hoje em nossas
escolas. Para tanto, defende-se que os professores tenham donio dos conteúdos da sua área
específica e da área pedagógica como requisitos para que compreendam a complexidade do
mundo da escola de modo a atender as expectativas daqueles que hoje a frequentam,
contribuindo assim para a transformação da realidade brasileira. Ele é orientado por sete
princípios:
1. A formação de professores na USP exige empenho permanente de suas diversas
unidades, pois trata-se do estabelecimento de uma política de formação que requer esforço
permanente de avaliação; acompanhamento e reformulação.
2. A docência e a vida da escola são focos do programa, pois parte-se da compreensão
de que a docência se realiza dentro de um complexo contexto social e institucional.
1
São assegurados por Institutos, Escolas e Faculdades presentes nos vários campi da Universidade de São Paulo.
2
A USP possui uma Faculdade de Educação, localizada no campus da Capital e Departamentos de Educação, nos
campi de Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.
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3. A formação de professores deve ter na escola blica seu principal foco de interesse
de estudo, acompanhamento e melhoria da ação docente, pois a articulação entre os cursos de
Licenciatura e as escolas públicas se constitui em elemento importante para a formação destes,
uma vez que nela está a maioria da população excluída de direitos.
4. O projeto de formão deve assegurar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão, pois só assim os cursos de Licenciatura podem se constituir em uma etapa da
formação profissional, base do permanente e necessário processo de formação continuada.
5. A formação do professor dar-se-á ao longo de todo o processo de formação nos
cursos de graduação, rompendo-se com a ideia da justaposição.
6. As estruturas curriculares dos cursos de Licenciatura devem ser flexíveis e
oferecerem uma pluralidade de caminhos aos licenciandos, o que pode concretizar-se pela
oferta de disciplinas compartilhadas por mais de um curso, além de projetos de formação e de
intervenção multidisciplinares e interunidades.
7. A instituição escolar e sua proposta pedagógica devem ser o eixo norteador das
diferentes modalidades de estágio supervisionado, propiciando ao futuro professor o
conhecimento da instituição escolar como um todo.
A estrutura curricular mínima está organizada em quatro blocos de disciplinas e
atividades, que se articulam com os estágios supervisionados, a prática como componente
curricular, as atividades teórico-práticas de aprofundamento e os conteúdos curriculares de
natureza científico-cultural:
Bloco I - Formação específica - disciplinas e atividades diretamente relacionadas aos
conhecimentos da área específica.
Bloco II - Iniciação à Licenciatura 2 disciplinas e atividades introdurias à formação do
professor da Educação Básica: Introdução aos Estudos da Educação e Disciplina de intersecção
da área específica com a educação básica.
Bloco III - Fundamentos teóricos e práticos da Educação 3 disciplinas e atividades
relacionadas à formação pedagógica em geral: Didática, Psicologia e POEB (Política e
Organização da Educação Básica). São de responsabilidade da Faculdade e/ou Departamentos
de Educação e associadas ao estágio supervisionado.
Bloco IV - Fundamentos metodológicos do ensino 2 disciplinas e atividades relacionadas ao
ensino das áreas específicas: Metodologia do Ensino de... o de responsabilidade da Faculdade
e/ou Departamentos de Educação e estão associadas ao estágio supervisionado.
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Os componentes comuns são fixados por legislação nacional totalizando o mínimo de
2.800 horas
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de curso, a serem desenvolvidos em, no nimo, quatro anos:
1. conteúdos curriculares de natureza científico cultural, com duração nima de 1.800
horas (referem-se aos conteúdos específicos de cada área do conhecimento);
2. estágio curricular supervisionado, com duração mínima de 400 horas, ligadas a trabalho
de campo realizado em contato direto com as unidades escolares dos sistemas de ensino
e a serem compartilhadas entre as unidades de origem (100 h) e a
Faculdade/Departamentos de Educação (300 h).
3. prática como componente curricular, com duração mínima de 400 horas (entendidas
como atividades ligadas à formão profissional voltadas para a compreensão das
múltiplas dimensões das práticas educativas);
4. atividades teórico-práticas de aprofundamento, com duração nima de 200 horas
(atividades formativas em sentido amplo, devendo propiciar a ampliação do universo
cultural e acadêmico do licenciando).
A concepção do PFPUSP previu uma estrutura organizativa dos cursos de formação de
professores com a intenção de criar condições favoráveis ao rompimento com as práticas
formativas segmentadas e as culturas institucionais indutoras da tradição. Assim, propôs “[...]
formas de organização institucional que tenham como objetivo viabilizar projetos articuladores
das licenciaturas que sejam capazes de contemplar [...] a diversidade de perspectivas e
necessidades formativas (PFPUSP, 2004, p.8). Propôs então a criação de uma Comissão
Interunidades de Licenciatura CIL, apoiada nas Comissões Coordenadoras de Curso CoCs.
As CoCs já existiam desde 1990 nos cursos da USP que fossem ministrados por mais
de uma unidade e tradicionalmente cuidavam do acompanhamento do currículo e das atividades
existentes, com a colaboração de representantes dos demais cursos. O PFPUSP agregou-lhes a
responsabilidade de “[...] proposição de novos arranjos curriculares, de atividades formativas
[...], de criar mecanismos institucionais capazes de viabilizar propostas de integração
interdisciplinares e interunidades e projetos de estágio supervisionado” (PFPUSP, 2004, p. 9-
10). Com caráter consultivo, as CoCs passaram então a ter o papel de propor ões para o
aperfeiçoamento constante das licenciaturas às instâncias deliberativas locais ou gerais da
Universidade.
À CIL coube ser “[...] o centro articulador da política de formação de professores da
USP” (PFPUSP, 2004, p. 12), com papel de assessorar o Conselho de Graduação. Composta
3
Essa carga horária, definida pela Resolução CNE 02/2002, foi alterada pela Resolução CNE n. 02/2015 para
3.200 horas.
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por representantes das CoCs de todas as Unidades participantes dos 29 cursos de licenciatura e
por representantes estudantis, recebeu as atribuições de analisar e contribuir com o
aperfeiçoamento das propostas curriculares advindas das CoCs; analisar as propostas de
disciplinas e atividades à luz da diretrizes formativas das licenciaturas; estimular projetos
integrados entre docentes, disciplinas, departamentos ou institutos em atividades formativas e
estágio supervisionado; realizar encontros ou eventos sobre formação e atuação docente para o
público da USP e das escolas parceiras; divulgar aos profissionais das escolas parceiras as
possibilidades de participar em formações e pesquisas desenvolvidas pela Universidade.
Para a efetivação do PFPUSP, todas as unidades com cursos de licenciatura foram
contempladas com novos docentes dedicados centralmente ao Programa. Também foram
contratados educadores com o papel de intermediar a relação entre a Universidade e as escolas-
campo de estágio.
Com esse novo Programa de Formação de Professores, a USP reafirmou seu
compromisso social com a educação básica e buscou formular uma proposta inovadora para a
formação dos professores de maneira a atender a novas exigências sociais e em conformidade
com as determinações legais, o que significa formar profissionais capazes e motivados para
lidar com a diversidade da população atendida hoje pela escola sica.
RUPTURAS NO PARADIGMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INOVAÇÕES
DO PFPUSP
Os docentes formadores de professores da Universidade de São Paulo, mesmo na fase
em que as proposições formativas eram marcadas pelos limites da justaposição de conjuntos de
conhecimentos estanques, estiveram conectados e foram partícipes dos questionamentos
teóricos nacionais e internacionais sobre o tema, atuaram junto aos movimentos sociais e
acompanharam ativamente as ações poticas que foram reposicionando tanto as compreensões
sobre o papel social dos professores como as bases teórico-metodológicas de sua formão.
Esse engajamento foi fundamental para a formulação de um programa de formação capaz de
romper com os limites que historicamente marcaram a formação de professores no país.
Uma primeira marca dessa ruptura foi superar a fragmentação presente no percurso
formativo, expressa na ‘fórmula’ 3+1, responsável por sobrepor dois blocos de conhecimentos
de campos distintos e tratados desarticuladamente, o que instituiu o caráter de complementação
que a licenciatura agregava à formação profissional. O PFPUSP abriu caminho para alterar esse
modelo ao propor um projeto integrado de formação de professores, de responsabilidade das
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unidades do bacharelado e da licenciatura, o que resultou na compreensão de que a formação
docente se faria em um continuum intrinsecamente articulado entre as disciplinas do campo
específico de conhecimento do futuro professor e outras voltadas especificamente à educação,
ao ensino e ao exercício da docência. Essa tecedura se faz presente ao longo de todo o percurso
formativo e sua arquitetura foi possível graças à atuação da CIL enquanto centro político de
gestão e articulação do PFPUSP.
Essa proposta integradora teve importante suporte no compromisso coletivo com a
mudança do paradigma orientador da formação firmado por todas as instâncias da Universidade
e pelo conjunto de formadores presentes na vida acadêmica do licenciando. Expressou-se com
isso a compreensão de que o futuro professor precisa não só dominar de modo verticalizado os
conhecimentos de sua área de especialização, mas também compreender a problemática da
escola contemporânea, bem como dominar teórica e metodologicamente a dimensão
pedagógica do seu fazer. Esse compromisso sedimentou o caminho para acabar com a
concorrência entre os distintos conjuntos de conhecimentos expressa na falsa questão “onde se
forma o professor na área dos estudos específicos ou nos estudos pedagógicos?”
A efetivação desse compromisso coletivo sedimentou-se em cada Unidade com a
elaboração de um projeto próprio para o seu curso de licenciatura em estreita consonância com
o PFPUSP, superando mais um aspecto da desarticulação até então existente. Essa elaboração
foi realizada pelas CoCs, com a colaboração de representantes da Faculdade ou Departamentos
de Educação, e foi amplamente discutido e balizado pelas diretrizes gerais do novo programa
no interior da CIL. Essa articulação mostrou-se importante para assegurar o alcance dos
princípios e objetivos da nova proposta.
Outra ruptura foi assegurar que as questões do universo escolar estejam presentes em
todo o percurso de formação, desde o início dos cursos de ingresso e não mais apenas na sua
etapa final, quando então eram realizados os estágios. Essa articulação entre universidade e
escola, presente desde o início da graduação, permitiu maior aproximação dos licenciandos com
seu futuro local de trabalho e abriu um leque de temáticas a serem aprofundadas e pesquisadas
a partir de sua área de conhecimento, que não se separa do universo do ensino no momento da
atuação profissional. Essa aproximação efetivou-se por meio de rearranjo curricular ou da
criação de disciplinas com caráter introdutório ao universo escolar e também pela realização de
100 horas de estágio supervisionado na Unidade de ingresso do licenciando, o que permitiu
evidenciar a pertinência dos conteúdos estudados nos campos de conhecimentos específicos ao
mundo da escola. As novas possibilidades de se pensar sobre a escola e sobre as questões
referentes ao ensino trouxeram repercussões positivas para o restante do percurso formativo,
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especialmente às 300 horas de estágio supervisionado na Faculdade ou Departamento de
Educação.
O PFPUSP consolidou uma compreensão do estágio supervisionado como elemento
integrador da formação do futuro professor, que é parte um projeto de trabalho da Unidade, a
ser realizado em escolas conveniadas e entendidas como co-formadoras dos licenciandos. Essa
compreensão rompe com a ideia de que os estagiários busquem as escolas para o cumprimento
de uma exigência apenas legal para a sua formação, uma vez que o estágio se coloca como
espaço para investigar, problematizar e propor respostas à realidade escolar, abrindo espaço
para a contrapartida da Universidade às escolas parceiras por meio de ações de formação
continuada aos seus professores.
Para dar conta de tamanha reorganização na formação dos professores foram
contratados novos docentes e educadores destinados especialmente aos cursos de licenciatura.
Assumir que docentes dedicados à formação de futuros professores precisam ter um perfil
voltado aos estudos e pesquisas acerca do lugar social da escola e dos processos de ensinar e
aprender foi um grande passo da USP para iniciar o rompimento da cultura institucional que
tradicionalmente tem secundarizado o lugar e a importância da formação de professores dentre
suas ações. Como aprofundamento dessa ruptura, também foram contratados educadores, com
o requisito de terem experiência como docente na escola sica. Eles são funcionários técnicos
com a função de articular as relações entre Universidade e escolas-campo por meio dos projetos
de estágio; também atuam na organização do trabalho nos laboratórios didático-pedagógicos
em apoio às atividades de estágio, e favorecem a realização de ações de formação continuada
para os professores das escolas públicas parceiras.
A CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS COMO PARTE DA RECONFIGURAÇÃO DA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
À época da implementação do PFPUSP pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG) na
gestão 2006-2009, a USP contava com cerca de 5.500 cargos de professores efetivos para seus
240 cursos de graduação, oferecidos em 42 Unidades (Faculdades ou Institutos) de Ensino,
Pesquisa, Extensão, em seus sete campi situados na Capital de São Paulo e nos municípios de
Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Bauru, Pirassununga e Lorena. Dentre as Unidades, 18
ofertavam cursos de licenciatura, além do bacharelado, sendo 12 na capital, com oferta de 19
cursos de licenciatura, e 06 no interior, com oferta de 10 licenciaturas, totalizando 29 cursos de
licenciatura na Universidade.
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O principal desafio da PRG para assegurar a implementação do novo Programa foi a
conquista de 90 (noventa) novos cargos docentes
4
, apontados pelas 18 unidades que ofereciam
os 29 cursos de licenciaturas como condição para a efetivação das mudanças pretendidas.
Aprovados no Conselho Universitário, os cargos foram sendo preenchidos por meio de
concursos públicos realizados ao longo do período 2006 2009.
Uma vez conseguida a aprovação dos claros, outras questões se colocaram: Quais
disciplinas as unidades iriam propor? Quais concepções teóricas sobre docência e formação de
professores estariam na base das propostas? Como conceberiam o ensino, atividade precípua
do docente?
Dos 90 cargos concedidos, as Unidades realizaram concursos para 86 disciplinas
criadas pelas CoCs em articulação com a CIL e aprovadas pelo Conselho de Graduação. Destas,
65 foram alocadas no Bloco II e 21 foram alocadas no Bloco IV.
O levantamento dos tulos das disciplinas foi realizado pela Profa. Noeli Prestes
Padilha (USP/Ribeirão Preto), tendo por fontes seus arquivos pessoais; Relatórios CIL 2007,
2008, 2009; Editais publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo 2006 a 2009;
registros no Sistema Júpiter (USP); Projetos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura; e
Plataforma CNPq Lattes.
Disciplinas do Bloco II: das 65 disciplinas alocadas nesse Bloco, 21 claros foram
para disciplinas já existentes na Faculdade de Educação, que não serão aqui analisadas por não
se constitrem em inovação curricular. Os demais 44 claros foram destinados às unidades dos
campi do interior e à Escola de Artes, Ciências e Humanidades EACH.
Uma análise dos títulos
5
criados para as disciplinas desses 44 claros, evidencia alguns
avanços e aderências ao proposto no PFPUSP, como destacamos a seguir.
Organizados em 5 agrupamentos, os títulos e temas pertinentes aos editais de concurso
para docente ajudam a evidenciar algumas possibilidades, mas também alguns limites do
movimento de busca pelas transformações nas concepções e práticas de formação de
professores na USP.
Num primeiro grupo estão títulos e temas disciplinares escolhidos pelas Unidades de
Humanas e de Exatas para preenchimento de 17 claros docentes. Essas proposições articulam
4
É importante lembrar que criar cargos novos é um processo difícil, altamente complexo porque envolve
ampliação do orçamento da Universidade. Assim, a concessão dos cargos solicitados exclusivamente para as
Licenciaturas, evidenciou o apoio da então Reitora Profa. Dra. Suely Vilela ao novo Programa.
5
Para uma compreensão ampliada de possíveis transformações ou permanências no âmbito das unidades que
oferecem licenciaturas seria necessária a análise das Ementas, Programas e Referências Bibliográficas das
disciplinas criadas, bem como dos Editais dos concursos e dos Perfis dos candidatos aprovados. Esse estudo está
ainda por ser feito.
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temáticas das áreas específicas de conhecimento e a área da Educação, sugerindo um olhar mais
ampliado e um diálogo possível e necessário entre suas especificidades. Também é possível
identificar que elas não se restringem a nomenclaturas tradicionais, mas expressam maior
abrangência e riqueza temática, evidenciando novas compreensões e contribuições das
Unidades à formação docente, o que é coerente com o proposito maior do PFPUSP articular
os conhecimentos da área específica e os educacionais. Num segundo grupo estão14 disciplinas
cujos títulos se referem diretamente ao ensino dos conhecimentos específicos em diálogo com
os conhecimentos pedagógicos. Em um último grupo de 09 disciplinas, os títulos se referem a
instrumentação, tecnologias e experimentos de ensino na área de Exatas.
Esse movimento mostra a efetiva inserção da formação de professores nos bacharelados
da Universidade. No entanto, contrariando as finalidades da criação dos novos claros, nesse
Bloco II do Programa, encontramos em uma Unidade 04 disciplinas que em seus títulos não
evidenciaram relação com formação de professores.
Disciplinas do Bloco IV: esse bloco concentra as disciplinas de Metodologia do Ensino
de... e Estágios Supervisionados, destinadas a articular os saberes pedagógicos e os conteúdos
específicos; foram criados 21 novos claros. A FE recebeu 13 claros; os demais 08 foram para
as unidades do interior e a EACH.
A análise do conjunto de disciplinas/claros para ambos os blocos evidencia o processo
inicial de mudanças na cultura institucional sobre a formação de professores na Universidade
6
.
No entanto, sabemos que um projeto, ainda que coletivamente formulado como o PFPUSP, não
é suficiente para alterar substantivamente as concepções e práticas existentes. Criar novas
disciplinas voltadas à formação de professores no âmbito dos bacharelados foi um passo
importante, mas outras ações institucionais foram organizadas para levar aos bacharelados e
aos docentes ingressantes os fundamentos teórico, epistemológico e político do campo da
formação de professores.
No período de nossa gestão (2006-2009), criamos e implementamos dois Programas
com finalidades e objetivos próprios, que deram suporte ao esforço de implantação do PFPUSP.
Um foi o Programa de Pedagogia Universitária, voltado à formação pedagógica dos
professores da Universidade e à valorização do trabalho docente nos cursos de graduação
(PIMENTA; ALMEIDA, 2011). O outro foi o Programa Ensinar com Pesquisa e Pesquisar o
Ensinar (PIMENTA, 2021), que apoiou com bolsas e recursos financeiros o desenvolvimento
6
Outras análises sobre o PFPUSP podem ser consultadas em PIPITONE; ZUFFI e RIVAS (2010); e ZUFFI,
2016, docentes que estiveram à frente dos trabalhos da CIL.
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de 4.425 projetos de pesquisa sobre o ensino de graduação na USP, cujos resultados foram
apresentados por docentes e estudantes de graduação em eventos nacionais e internacionais.
Esses dois Programas contribuíram para inserir a temática da formação de professores em todos
os cursos de bacharelado e licenciatura da Universidade.
EMBATES ATUAIS ENFRENTADOS PELO PFPUSP
Ao longo dos 15 anos de existência do PFPUSP muitas dificuldades foram enfrentadas
e superadas, quer seja no âmbito das Unidades ou mesmo da Universidade. Porém, nos últimos
5 anos os obstáculos e até mesmo os ataques mudaram de patamar e partiram de duas
direções. Num primeiro plano houve ações poticas externas, quer seja no plano estadual ou
federal, que enfraqueceram e minaram as estruturas da formação de professores no país. Mas
também ocorreram ações internas à Universidade que atingiram o Projeto em sua estrutura
organizativa e articuladora das licenciaturas. É delas que falaremos a seguir.
O PFPUSP e as DCNs CNE n. 01 e 02/2002 - contradições teóricas e políticas
Tendo por parâmetros legais as Resoluções n. 01 e 02 do Conselho Nacional de
Educação (BRASIL/MEC/CNE 2002) que definem as diretrizes curriculares nacionais para a
formação de professores em todo o país, a USP, no uso de sua autonomia conforme o artigo
207 da Constituição Federal de 1988, reiterada pela LDBEN/1996, propôs inovações nos
fundamentos, princípios e formas institucionais em seu PFPUSP que avançam em relação a
esse documento legal.
Essa legislação estabeleceu as competências como núcleo da formação docente o que
configura o exercício profissional como técnico/prático. Essa compreensão guarda relação com
a concepção tecnicista dos anos 1970 que reduz o trabalho docente à transmissão de
conhecimentos. Sua formação consistiria, assim, no domínio dos conhecimentos das áreas
específicas e das habilidades pedagógico-instrumentais para ensinar, mantendo o modelo 3+1.
O conceito de competências (ALMEIDA, 2009) substitui o de conhecimentos
teóricos, saberes e qualificação próprios ao exercício profissional docente. o se trata de
simples troca de palavras, mas de profunda alteração nos sentidos e significados da formação e
da profissão docente uma vez que expropria dos professores sua condição de sujeitos dos
conhecimentos teóricos/práticos que lhes permite compreender, analisar, propor e criar novas
formas de exercer sua profissão, a partir da análise das situações nas quais o ensinar ocorre.
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Embora o PFPUSP expresse em seus princípios uma compreensão diversa dessa
Diretriz, pode-se indagar: terá sido essa concepção tecnicista a adotada por Unidades da USP
ao definirem suas novas disciplinas? Em parte, talvez, se considerarmos que essa concepção
praticista redutora da formação e do trabalho do professor era (e talvez ainda o seja) fortemente
enraizada na sociedade em geral, incluindo as universidades.
Nesse sentido, é oportuno o Relatório elaborado pela CIL (2016), que apresenta suas
análises sobre o PFPUSP em andamento. Por meio de questionários respondidos pelos
Coordenadores de seus 29 cursos de Licenciaturas e dos depoimentos coletados no Encontro
de Avaliação do PFPUSP (2015), constatou inicialmente “[...] o reconhecimento de que o
programa tem sido fundamental para a maior valorização dos profissionais que atuam ou
aturarão na Educação Básica e dos formadores de professores em vel superior (Relatório
CIL, 2016, p. 9). No entanto, a análise dos dados evidenciou também a coexistência na
Universidade de duas concepções opostas: o professor como técnico-prático e o professor como
intelectual crítico reflexivo (PIMENTA; GHEDIN, 2002). Sobre a primeira, afirma a CIL com
apoio em Guimarães (2006), que essa:
[...] concepção resulta numa formação focada em um agente institucional de
ensino”[
7
], que deve ser o responvel pela aplicação de apostilas ou manuais
prontos, produzidos por agentes externos à realidade escolar, e atender a um
mercado de ações educacionais para estados e municípios que os consomem;
os saberes evocados nessa formação são praticamente ausentes ou reduzidos
à dimensão da prática, sem espaço para teorias e reflexões, o que o envolve
em um estatuto profissional precário, com contratos por tempo determinado
e, portanto, o torna descartável dentro dos sistemas educacionais. (Relatório
CIL, 2016, p. 9)
Sobre a segunda, o relatório da CIL considera que essa concepção:
[...] privilegia a formação do professor com status de pesquisador de sua
práxis, considerando o ato docente situado nos contextos escolares,
promovendo um amplo e sólido conhecimento dos contextos social e político
que envolvem o ensino e das realidades onde vivem seus alunos; leva em conta
(...) conhecimentos da educação e da pedagogia em conexão com a práxis
pedagógica docente, para analisar, compreender e criar procedimentos de
ensino que assegurem as aprendizagens, de forma a se tornarem participantes
ativos na reinvenção das práticas e das escolas. Para tanto, deve promover
sólida formação teórica que lhes permita compreender as realidades em que
atua/atuará e propor coletivamente caminhos para assegurar as aprendizagens
e o desenvolvimento de todos os alunos, em compromisso com a superação
7
Expressão cunhada em pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, publicada no artigo de SILVA;
ALMEIDA; GATTI, 2016, p. 297). Os referentes definidos pelas autoras - Conhecimento Profissional do
Professor; Prática Profissional e Engajamento Profissional foram utilizados nas deliberações do CEE-SP e
mantidos no artigo 4º da Res. CNE/CP nº 02/2019 (Nota das autoras).
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das desigualdades educacionais. Com isso, o estatuto profissional em que se
insere demanda um quadro de carreira, ingresso por concurso, a garantia de
condições de permanência e desenvolvimento profissional. (Relatório CIL,
2016, p. 9)
Essa concepção se sustenta teórica, epistemológica e politicamente nos avanços de
pesquisas nacionais e internacionais sobre educação e formação de professores nos contextos
das demandas sociais de desigualdades provocadas pelo neoliberalismo do século XXI sobre
formação e desenvolvimento profissional docente.
Ciente de que mudanças de cultura e concepções não podem ser garantidas somente
com a aprovação de um novo programa, na sequência do processo de implementação, a CIL
seguiu desempenhando seu papel decisivo para assegurar o Programa em seu caráter coletivo
de integração entre os cursos de licenciaturas, assessorando e promovendo a formação contínua
na área de seus membros coordenadores das CoCs, realizando análises e ajustes com vistas a
superar os problemas decorrentes da implementação de um projeto institucional dessa
magnitude. Em seus encontros sistemáticos a participação ativa e interessada de todos os
envolvidos docentes, estudantes, e funcionários foi se ampliando. A parceria com as escolas
públicas com vistas à realização das atividades de estágios vem sendo também ampliada com a
institucionalização dos cargos técnico-administrativos de Educadores. O protagonismo destes
tem sido altamente relevante para consolidar os projetos de estágios nas Unidades, com
destaque para a Faculdade de Educação que se responsabiliza pelo maior número de horas nesse
componente curricular, em sua maioria realizados com as escolas públicas.
Os esforços até então empreendidos expressam a vitalidade do movimento de
reformulação das Licenciaturas da USP, que se coloca sabiamente em relação às legislações
externas entendendo que:
[...] a lei não faz a realidade, embora se proponha a discipliná-la. Ainda que
os teóricos da ciência do Direito relutem às vezes em admiti-lo, leis jurídicas
não são iguais a leis científicas. Determinam, não explicam; sancionam, o
solucionam; derivam de doutrinas, não de teorias (SILVA JÚNIOR, 2015, p.
41).
E sem as teorias não se constrói uma nova realidade. A teoria, sabemos, não altera a
realidade; ao contrário, a reflexão sobre a realidade é condição para a ação transformadora. Por
sua vez, a ação refletida transforma o pensar, a teoria. Ou, no dizer de Konder (1992, p. 115):
É a ação que, para se aprofundar de maneira mais consequente, precisa da reflexão, do
autoquestionamento, da teoria; e é a teoria que remete à ação, que enfrenta o desafio de verificar
seus acertos e desacertos, cotejando-os com a prática”.
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A CIL se configura, de fato, como espaço de permanentes reflexões teóricas a partir das
práticas. Nesse processo contribui para os enfrentamentos externos contrários que a USP e as
demais estaduais paulistas vinham sofrendo, como veremos no item a seguir.
A Deliberação CEE-SP 2011/2012 ataques à autonomia das universidades
estaduais paulistas e ao Projeto da USP
A legislação educacional brasileira confere aos conselhos estaduais de educação a
possibilidade de complementar as diretrizes nacionais, por meio de deliberações próprias. A
eles compete também credenciar e recredenciar os cursos oferecidos nas universidades de seus
estados. Assim, sobre as universidades pertencentes ao sistema estadual paulista (USP,
UNICAMP e UNESP), recaem as deliberações do CEE-SP.
Conforme Zan (2019, p. 7), [...] em entrevista concedida à Revista Veja (Páginas
Amarelas) em fevereiro de 2008, a professora Maria Helena Guimarães de Castro
8
, então
Secretária de Educação Básica do Estado de São Paulo, afirmava que o baixo desempenho dos
estudantes do Estado nas avaliações de larga escala se devia à má formação dos professores,
especialmente os egressos das universidades públicas em seus cursos de licenciaturas e clama
por uma formação mais técnica dos profissionais da educação”.
Esse posicionamento da então secretária resultou na Deliberação 111/2012, do CEE-
SP, que Fixa Diretrizes Curriculares Complementares Resolão CNE 1 e 2/2004, então em
vigor) para a Formação de Docentes para a Educação Básica nos Cursos de Graduação de
Pedagogia, Normal Superior e Licenciaturas, oferecidos pelos estabelecimentos de ensino
superior vinculados ao sistema estadual.
Essa Deliberação do CEE-SP suscitou forte reação de docentes e pesquisadores das
universidades estaduais paulistas, especialmente porque “[...] o texto se contrapõe ao princípio
do professor como um profissional que demanda uma formação multidisciplinar e ampliada
para o exercício do magistério e pelo caráter prescritivo do documento” (ZAN, 2019, p. 5), e
evidencia o perfil dos conselheiros ligados aos setores privatistas da educação:
Levantamento realizado pelo Observatório da Ação Educativa em 2012,
mostrava que 59% dos membros do CEE/SP pertenciam ao setor privado
(sendo sócios, representantes ou consultores do setor) e 3% eram compostos
por supervisores de ensino. Além disso, 30% deles estavam no mandato por
8
A Profa. Maria Helena Guimarães de Castro assumiu diversos cargos nos âmbitos nacional e estadual, dentre os
quais a Secretaria Executiva do MEC (2016 a 2018) e a presidência do CNE a partir de 2020.
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mais de 9 anos e alguns com quase duas cadas de representação (ZAN,
2019, p. 4).
Profundas diferenças e oposições podem ser identificadas entre as Diretrizes do CEE
paulista e o PFPUSP. Editadas em 2012, quando o Programa estava em andamento há pelo
menos seis anos, os termos dessa deliberação do CEE 111/2012 aprofundam o tecnicismo
instrumental presente na resolução nacional de 2004. O PFPUSP a ela se contrapõe em defesa
dos avanços teóricos, epistemológicos e políticos do campo da formação de professores nas
licenciaturas da USP.
Os ataques às universidades estaduais paulistas, explicitados em 2008 pela então
Secretária de Educação, não foram simples e casuísticos destemperos de uma gestora pública,
mas de profissional organicamente articulada aos conselheiros que definiram a deliberação de
2012 (e as subsequentes 126/2014 e 154/2017
9
). De certa forma, já anunciavam os ataques
diretos à autonomia das universidades a elas outorgada pela CF 1988.
Nos anos que se seguiram à Deliberação CEE-SP 111/2012, esse Conselho criou
comissões compostas por seus membros e/ou convidados, com a finalidade de examinar se os
cursos das universidades estaduais paulistas estavam ajustados às determinações legais com
vistas à obtenção de seu credenciamento/recredenciamento. No Relatório CIL de 2015 está
evidenciado o movimento inicial de análise dessa Deliberação que coordenou junto às CoCs,
acatando algumas propostas para maior explicitação de conteúdos, ementas e atividades de
estágio.
No entanto, além dos ajustes exigidos e extrapolando suas competências, o CEE
passou a impor como condição de recredenciamento dos cursos de licenciaturas a retirada dos
programas de várias disciplinas de conteúdos que consideravam “muito teóricos” e referenciais
bibliográficos que consideravam “ideológicos”. Por mediação da CIL, os cursos de
Licenciaturas denunciaram esse movimento aos óros competentes da Universidade e
reagiram ao ataque expcito à autonomia universitária e à liberdade de cátedra, reação essa
construída e sustentada junto às demais Universidades públicas paulistas, como segue:
Exercendo seu papel no campo da pesquisa, experimentação, análise e crítica,
bem como de produção de conhecimento, as três Universidades Estaduais
9
Análises elaborada por Cardoso et al (2021) sobre as deliberações do CEE-SP indicam a existência de estreita
similaridade textual e política com as orientações das políticas do governo Bolsonaro para a área da educação e
formação de professores. Os autores demonstram que as orientações do Conselho Estadual paulista se configuram,
metaforicamente, como “o ovo da serpente” dos projetos que vêm sendo praticados pelo governo federal. Exemplo
disso são os esboços para novas diretrizes para as licenciaturas em Pedagogia, em elaboração pelo CNE, que
reedita a ideia das competências técnicas como fundamento para um exercício prático da docência.
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Paulistas, em suas várias instâncias decisórias, não se furtaram a apontar a
obsolescência das proposições bibliogficas e conteúdos disciplinares
propostos por aquele Conselho. As universidades também indicaram que as
restrições a áreas de conhecimento e o direcionamento de autores e
orientações teóricas, impostas pelo CEE, não apenas ferem a autonomia
universitária, como representam um retrocesso, pois impedem o
desenvolvimento de áreas de conhecimento, campos teóricos e da crítica, já
consolidados. (Relatório CIL, 2015, p. 12-13)
O movimento de reforma das diretrizes prosseguiu no âmbito nacional e estadual
paulista, reforçando a compreensão de que as políticas educacionais continuam ao sabor dos
governos em vigor, distanciando-se de ações de Estado, especialmente na potica de formão
de professores.
Assim, em substituição às diretrizes de 2002 formuladas no governo Fernando
Henrique Cardoso (por um CNE vinculado majoritariamente aos interesses privatistas na
educação), o CNE publicou a Resolução n. 2/2015, que institui Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação
Básica, em consonância com as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação 2014
2024.
Promulgada no governo Dilma Roussef, diferentemente da anterior, a Diretriz 2/2015
resultou de amplo debate nacional com representantes das entidades que congregam
pesquisadores da área, alguns dos quais ocupavam assento no CNE, com associações
acadêmico-científicas e sindicatos de professores.
Diversas análises, dentre as quais a realizada por Pimenta e Lima (2017), evidenciam
as superações teóricas e políticas da Resolução 2/2015, em relação às concepções
tecnicistas/pragmatistas da anterior e das deliberações do CEE-SP. Assim, se aproximam dos
pressupostos e princípios do PFPUSP.
No entanto, com a clara intenção de manter seu autoritarismo sobre as universidades
estaduais paulistas, o CEE-SP reedita no período entre 2012 e 2015 sua deliberação
complementar de 2012 e edita as complementares 132/2015 e 154/2017, contrapondo-se às
concepções da Resolução CNE 2/2015, e aos avanços de Programas e experiências inovadores
que USP, Unicamp e Unesp vinham praticando em seus cursos de licenciaturas.
Embates e tensionamentos internos à Universidade de São Paulo
Para alcançar a transformação pretendida na formação de professores na Universidade
de São Paulo e avançar alguns passos na mudança da cultura e das concepções sobre esse tema,
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a CIL desempenhou papel fundamental enquanto espaço integrador dos cursos de licenciatura.
No âmbito de suas ações desenvolveu-se a formação contínua dos coordenadores das CoCs;
incrementaram-se as parcerias com as escolas públicas com vistas à realização das atividades
de estágios; realizaram-se análises das proposições curriculares, das novas disciplinas, dos
ajustes e dos problemas que inevitavelmente decorrem do processo de implementação de um
projeto institucional da magnitude do PFPUSP.
As atas e relatórios de suas atividades coletivas são expressão dos ganhos alcançados
na constituição de uma colegialidade acadêmica poucas vezes exercitada. Funcionando como
estrutura articulada e articuladora das instituições e sujeitos envolvidos com a formação de
professores, a CIL foi ajudando a reconfigurar o lugar das licenciaturas na cultura e nas práticas
de gestão da Universidade. No entanto, esses deslocamentos foram causando inmodo e
provocando reações nos altos escalões da governaa universitária, pois cada equipe gestora é
orientada por visões muitas vezes dissonantes, fragilizando ou mesmo interrompendo algumas
políticas institucionais.
A gestão reitoral 2014-2017 acabou por colocar obstáculos às demandas encaminhadas
pela CIL referentes à infraestrutura dos cursos; contratação de docentes e educadores para
cobrir novas exigências legais feitas às licenciaturas; revisão das estruturas curriculares para
efeito de credenciamento/recredenciamento dos cursos. Outro ponto significativo de tensão foi
a resistência da CIL às pressões do CEE-SP contra os cursos de licenciatura num aberto
desrespeito à autonomia universitária ao mesmo tempo em que os representantes da Reitoria
manifestaram concordância com os procedimentos e ações do Conselho.
Todos esses fatores elevaram o tensionamento das relações entre CIL e Pró-Reitoria de
Graduação, pois os embates e questionamentos foram sendo nutridos pela crescente coesão
construída entre os participantes da Comissão e pela articulação tecida entre CIL e os
representantes da Unicamp e Unesp contra as incures do CEE-SP.
Na verdade, o que se evidencia com esses embates é o incômodo que o empoderamento
dos cursos de formão de professores foi ganhando nos primeiros 8 anos de implementação
do PFPUSP. A solução encontrada pela PRG (2014 2017) foi deixar de agendar as reuniões
da CIL a partir de 2015 como forma de esvaziar sua ação política, medida que causou reação
de seus integrantes e levou a tentativas de manter reuniões autoconvocadas. Mas a burocracia
da Universidade se fez mais forte e essas inciativas foram minguando. Evidenciou-se então o
propósito reitoral de quebrar a articulação estrutural dos cursos de licenciatura e o
revigoramento das ações individualizadas pelas distintas CoCs.
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As três anos de desarticulação da CIL, a PRG instituiu em 2019 um novo Regimento
da Graduação e criou uma Câmara de Licenciatura e Apoio Pedagógico CLAP como mais
uma comissão assessora. Composta por 7 membros partícipes do Conselho de Graduação,
sendo 2 de cada grande área de conhecimento Biológicas, Exatas e Humanas e um
representante discente, essa nova instância está muito distante da representatividade então
existente na CIL, quando todas as licenciaturas se faziam presentes. Com a ausência de um
espaço articulador das licenciaturas, também deixou de existir a interlocução entre parceiros e
as trocas de experiências, o que vinha se mostrando como altamente favorecedor aos
encaminhamentos da formação de professores.
Os 6 docentes participantes da CLAP são presidentes das Comissões de Graduação de
suas unidades e porta-vozes do conjunto de assuntos relativos à graduação junto ao Conselho
de Graduação (CoG). Participar de uma Câmara com foco nas licenciaturas transcende em
muito suas amplas responsabilidades, na medida em que passam a acumular também as
questões atinentes às especificidades desses cursos, com o agravante de que eles nem sempre
têm sua vida acadêmica ligada à formação de professores. Ainda há a considerar a possibilidade
de maior controle sobre as decisões e encaminhamentos da CLAP, que está sob o comando
direto e próximo do pró-reitor de graduação.
Esta maneira das duas últimas gestões reitorais conduzirem os rumos da formação de
professores na Universidade de São Paulo evidencia a vontade potica de exercer o controle
sobre a implementação do PFPUSP dentro da lógica de contenção de gastos e de concordância
com diretrizes potico-educacionais que têm buscado desarticular propostas independentes de
formação de professores compromissadas com as transformações educacionais e sociais
voltadas à maioria da população brasileira.
Finalizando...
Dentre os avanços que configuram inovações na transformação da formão de
professores na USP se destaca o seu caráter de projeto integrado e integrador das Unidades, o
que permite superar as dicotomias, tão antigas e arraigadas na área, entre teoria/prática e entre
saberes científicos/saberes pedagógicos como já sinalizamos anteriormente. Destacamos, ainda,
a valorização e o apoio institucional às pesquisas realizadas por docentes e estudantes sobre a
práxis de ensino na graduação e a ampliação dos espaços de formação/aproximação nas
unidades/faculdades ou departamentos de educação na gestão inicial da implementação do
Programa, buscando o entrelaçamento desses saberes e instâncias por meio desse projeto
institucional que se desdobra em diversos projetos locais de construção da profissionalidade
docente. Destacamos também a criação de claros docentes enraizando as novas disciplinas nos
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bacharelados. Os Estágios Supervisionados, superando a dicotomia tradicionalmente existente
entre as Faculdades/Institutos específicos e a Faculdade de Educação, vêm sendo realizados em
projetos conjuntos nos espaços dos cursos em todas as Unidades. Apoiados institucionalmente
com a criação de cargos técnicos ocupados por educadores contratados, a tão desejada e
necessária aproximação/articulação com as escolas dos sistemas públicos de ensino m se
tornado uma realidade. Esses são ganhos e avanços inestimáveis que evidenciam o
enraizamento da nova licenciatura na cultura simbólica e institucional da Universidade de São
Paulo, enquanto [...] expressão de sentido comum compartilhado por um conjunto de atores
que agem de acordo com valores e regras coletivamente partilhados” (ARRUDA, 2019, p. 2),
definidores de objetivos publicamente reconhecidos. Alterações profundas e retrocessos, no
entanto, poderão ocorrer, mas, certamente, serão dificultados.
Os embates e confrontos teórico-políticos evidenciados neste texto, permanecem e se
prolongam no atual contexto das idas e voltas das políticas institucionais e das poticas
educacionais em curso no país BNCC; BNC-F, BNCC Ensino Médio e outras , cuja
efetivação se assenta no forte protagonismo dos Conselhos de Educação. Por isso, nos parece
oportuno e relevante destacar o perfil de seus conselheiros como apontado por Evangelista et
al (2019): em sua maioria são representantes dos conglomerados econômicos, que detêm cerca
de 80% das matrículas de licenciaturas no país. A esses grupos interessa oferecer cursos baratos
que formem professores práticos, sem teoria, sem pesquisa e outras frivolidades, como dizem.
Mas a formação barateada e aligeirada também interessa aos segmentos dominantes da nossa
sociedade, pois contribui para manter a ideologia hegemônica, voltada à manutenção do status
quo, o que é facilitado pela oferta de uma escola esvaziada, empobrecida, desfigurada.
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Recebido em: 26 de outubro de 2021
Aceito em: 27 de novembro de 2021