ISSN 2447-746X Ridphe_R
DOI: 10.20888/ridpher.v7i00.15949
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Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 7, p. 1-23, e021009, 2021.
escolar produzisse uma “elite norteadora” e um ensino “livre”, acima dos interesses partidários.
Nesse contexto ganharia força a ideia da Universidade como formadora de elites intelectuais e
políticas. Segundo a autora, “contra uma possível identificação destas posições com uma
concepção aristocrática da sociedade, o que o Inquérito renegou, lembra não haver conflito entre o
ideal da formação das elites e os ideais democráticos, pois educação popular e preparo das elites
seriam duas faces de um único problema, o da formação da cultura nacional” (CARDOSO, 1982,
p. 30). O Inquérito apresenta, nas palavras da autora, um “mecanismo de circulação das elites” que
solucionaria a oposição entre elite e massa. É dito no documento que “à medida que a educação for
estendendo a sua influência, despertadora de vocações, vai penetrando até as camadas mais
obscuras, para aí, entre os próprios operários, descobrir o grande homem, o cidadão útil, que o
estado tem o dever de atrair, submetendo a uma prova constante as ideias e os homens, para os
elevar e selecionar segundo o seu valor ou a sua incapacidade” (CARDOSO, 1982, p. 31). Nesse
sentido, caberia à Universidade a tarefa de “divulgação” das ciências, colocando-as ao “alcance do
povo” mediante um sistema que contaria com ensino, pesquisa e extensão universitária e chegaria
até as camadas populares. A partir de tais pressupostos o Inquérito preparado por Fernando de
Azevedo julgava que a Universidade seria o “instrumento mais eficaz” na “obra de coesão
nacional”. No discurso de Azevedo, a mudança demonstrada de um liberalismo clássico para um
“Estado programador” teria ocorrido por influência da Revolução de 30. (CARDOSO, 1982).
Nesse sentido, o Estado “programador” poderia operar também na seleção e na “elevação” dos
mais capazes. Caberia ao ensino superior realizar a formação das elites, garantindo às massas o
acesso ao ensino primário. Entre as massas e as elites estava a classe média, para a qual era
destinado o ensino secundário, e que seria a “divulgadora da cultura universitária”.
Nas palavras de Alfredo Bosi, escritas no prefácio do livro de Irene Cardoso (1982), acerca
dos estudantes passaram a compor o corpo discente da Universidade de São Paulo, tratava-se de
uma clientela “para a qual o estudo não era só o pão já assado e partido pelo saber acadêmico, mas
também um fermento que poderia levedar as novas massas. Ao longo do processo, os melhores
professores passaram de ‘enfants gâtés’ a ‘enfants terribles’” (CARDOSO, 1982, p. 16). Em
relação às representações que marcaram as práticas de ensino e de avaliação no curso de Pedagogia,
que depois foi abrigado pela Faculdade de Educação da USP no ano de criação desta, em 1969,
passando a funcionar efetivamente em 1970, o modelo francês trouxe muitas influências. Se a