categoria Objeto (roxa) podemos sintetizar por meio da pergunta para quê? pois,
vinculada à categoria Dados (vermelha), diz respeito à articulação desse diagnóstico para que
se atingisse a melhoria da educação no ensino fundamental (palavra que capitaneia a categoria),
na educação infantil e na formação dos professores, esta última representada pelas palavras
magistério, licenciatura, assim como na educação de jovens e adultos, caracterizada pela
palavra supletivo. Esta categoria é o objetivo do plano, e o alvo da mobilização dos dados e da
concepção epistemológica.
Assim, os termos encontrados nessas duas categorias são semelhantes aos que surgem
nas categorias Dados e Metodológica da proposta do governo (PNE – Proposta do Executivo
Federal), pois as fontes utilizadas para realizar o diagnóstico e embasar as duas propostas foram
as mesmas: Relatórios do Banco Mundial (1994), Unicef (1996), Unesco (1992), IBGE (1993,
1995, 1996) e Sinopses estatísticas do próprio MEC (1997).
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que o PNE – Proposta da Sociedade Brasileira
criticava a vinculação do governo brasileiro com os organismos multilaterais, ele os utilizava
como fonte:
O agravamento da crise vem sendo reforçado pelo conjunto das políticas
públicas adotadas pelo governo brasileiro, as quais, vale esclarecer, obedecem
à matriz definida pelo Banco Mundial, pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e pela CEPAL (Comissão Econômica para a América
Latina) [...]. Os países alinhados com a política neoliberal vêm limitando as
verbas destinadas à educação [...] a própria recomendação da UNESCO e do
Banco Mundial de destinar, ainda nessa década, 6% do PIB para o
desenvolvimento da educação e que vem diminuindo progressivamente
(UNESCO: Statistical Yearbook - 1992) (II CONED, 1997, p. 14).
O diagnóstico, ponto de partida das propostas do PNE – Proposta da Sociedade
Brasileira, utiliza como fonte os alvos de crítica do próprio documento. Ao mesmo tempo que
consideram os organismos multilaterais como responsáveis por capitanear as políticas
neoliberais na educação brasileira, também os referenciam para o estabelecimento do
diagnóstico utilizado na composição das metas e estratégias.
José Marcelino de Rezende Pinto (2002), um dos redatores da proposta, reconheceu o
esforço inédito realizado pelo governo em promover políticas para assegurar o financiamento
da educação, entretanto critica a displicência com o ensino superior e com o ensino médio:
Digna de nota também foi a participação do Brasil, em março de 1990, na
Conferência de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, que resultou
na assinatura da Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Essa
conferência, que teve como co-patrocinador, além da UNESCO e do UNICEF,
o Banco Mundial, vai inaugurar a política, patrocinada por esse banco, de
priorização sistemática do ensino fundamental (PINTO, 2002, p. 110).