ISSN 2447-746X Ridphe_R
DOI: 10.20888/ridpher.v7i00.15546
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Rev. Iberoam. Patrim. Histórico-Educativo, Campinas (SP), v. 7, p. 1-16, e021007, 2021.
A elaboração da árvore genealógica da família Prado revela pelo menos três
gerações antecedentes ao Casal Onésio e Nancy do Prado até atingir os integrantes
da família Prado identificados nos registros de terras. Logo, do ponto de vista da
documentação textual, está plenamente comprovada a presença da família Prado
na Juréia, e principalmente no Rio Verde, região onde hoje habita o casal Onésio
e Nancy do Prado, e local da intervenção da Fundação Florestal. Do ponto de vista
da documentação da cultura material, CALI (1999) identificou vestígios de casas
da família Prado, em especial os sítios arqueológicos “Saltinho-01”, “Saltinho-
02” e “Saltinho-03”, sítios estes registrados no IPHAN – Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional e cujos artefatos coletados encontram-se no Museu
Histórico e Arqueológico de Peruíbe, sediado no prédio da Estação Ferroviária de
Peruíbe. (PLÁCIDO, 2019, p. 15).
Embora os caiçaras comprovem sua permanência no território tanto pela presença física
como cientificamente, por que a Fundação Florestal não dialoga com as famílias caiçaras da Juréia
(Rio Verde e Grajaúna)? Por que não procura uma solução conjunta? Por que usa do autoritarismo?
Por que não se preocupa em criar parcerias e projetos “efetivos” – não palestra- nas escolas para
ensinar o que é uma unidade de conservação sobreposta a um território tradicional, como o caso da
Juréia? Por que não há interesse de propagar a educação ambiental em parcerias com as
comunidades e as escolas?
As respostas a essas indagações estão longe de ser obtidas com seriedade se forem vindas
da Fundação Florestal, pois conforme reportagem da jornalista Natalia Ribas Guerrero, na coluna
da UOL de Sakamoto, o “órgão ambiental alega que as construções eram irregulares e que a área
em questão era desabitada. Laudos apontam ocupação caiçara de várias gerações” (GUERRERO,
2021). Para a Fundação Florestal o cientificamente correto é o que eles dizem e ponto final!
Aqui interessa uma consideração a respeito do ser caiçara histórico que resistiu à beira praia,
durante a formação do povo brasileiro, - enquanto os colonizadores seguiram para o interior do
continente em busca de riquezas - constituíram um jeito de ser que integra o saber do mar, da praia
e da Mata Atlântica. Nesse território praiano desenvolveram um modo de viver, hoje chamado de
sustentável, em harmonia com a fauna e a flora local. Respeitando o habitat natural, sempre
promoveram o fandango de mutirão, o artesanato da caxeta, a medicação com ervas nativas, a
construção de canoas de um pau só e outros tantos artefatos oriundos dos saberes de experiência
que integra o repertório presente no Patrimônio Material e Imaterial.
Isolados em beira de rio, encosta de serras e na própria beira mar, os caiçaras foram e
continuam sendo os principais protagonistas – guardiões da natureza - na manutenção e