Nesse espaço, podia-se armar barracas para participar de simpósios, seminários,
oficinas. No instituto, os visitantes tinham a possibilidade de estudar e participar de atividades
socioambientais. Na biblioteca José Oiticica, encontravam-se livros infantis, literatura para
todas as idades, livros anarquistas, sobre ecologia e agroecologia. Funcionava como um centro
de estudos em várias áreas do conhecimento, priorizando a sociologia, a educação, a ecologia
humana, a geografia dos espaços habitados e habitáveis, artes e ofícios e agricultura sustentável.
Desenvolvia projetos de hortas urbanas e escolares com a perspectiva da educação ambiental
libertária, em um espaço que, ao longo de dez anos, realizou ações educativas com um público
amplo e variado, sempre seguindo ou perseguindo o pensamento libertário, formando teias de
aprendizagens (ILLICH, 1973) e fazendo adaptações quando necessário.
O Instituto Socioambiental de Valéria (ISVA) resulta de encontros de sonhos
anarquistas, mas tornou-se também um centro que fomenta tanto o encontro entre anarquistas,
como os destes com moradores de áreas periféricas soteropolitanas, consubstanciando
comunidades educativas vivenciais (GOODMAN, 1976). Inspirados na ideia de Bakunin
(1986) de que o ensino deve ser integral, nossa convivência educativa era livre de programas
que direcionassem as crianças somente para o exercício mental e alienação intelectual. Nossos
encontros aconteciam a partir de propostas de oficinas diversas, momentos de convivência
informal, mutirões práticos de aprendizado mútuo e diálogos intergeracionais.
O ISVA, localizava-se à margem esquerda da rodovia BR-324, que liga Salvador à
cidade de Feira de Santana, e a cerca de 23 quilômetros do centro da cidade de Salvador. O
bairro de Valéria, ao Norte, limita-se com o município de Simões Filho; a Oeste e Sul, com a
BR 324, a Leste com o bairro de Pirajá e o Parque Florestal de Pirajá e o bairro de Boca da
Mata. A Oeste, além da rodovia, estão os bairros de Bico Doce e Palestina.
Valéria é um sub-distrito de Salvador, abrigava em 2010 aproximadamente 26.210
habitantes, que careciam, e ainda hoje carecem, de várias necessidades fundamentais, em
educação, saúde, habitação, áreas de lazer, saneamento. Essa região de Mata Atlântica era
originalmente ocupada por indígenas Tupinambá, e, mais tarde, por quilombos (Urubu) sendo,
até meados do século XX, pertencente ao município de Lauro de Freitas. Com a expansão
industrial nas décadas de 1960/1970, deixa de ser um bairro basicamente rural e passa a ser um
bairro do município de Salvador, atraindo atividades de serviços e local de residências dos
trabalhadores das industrias instaladas nas proximidades, como as do Centro Industrial de
Aratu, adquirindo algumas características do setor industrial e de serviços para as indústrias
locais e ainda mantendo pequenas atividades rurais.