panfletos, manuscritos, fotos e outros materiais, adquirido pela Unicamp em 1974. Sabe-se que
este acervo reúne obras pessoais de Edgard Leuenroth, materiais oriundos dos jornais A
Lanterna, A Plebe, de outros militantes e de outras bibliotecas anarquistas, como pode ser
percebido através de marcas como carimbos e dedicatórias. O conjunto de livros é composto
por cerca de 700 obras sobre anarquismo, ciências sociais, história, literatura, espiritismo e
outros temas. Os idiomas mais frequentes são o português, italiano e espanhol. Entre os autores
mais presentes estão Jean Grave, Piotr Kropotkin, Pietro Gori, Ricardo Flores Magón e Maria
Lacerda de Moura. Entre os livros, há alguns que pertenciam a Antônio Piccarolo (1863-1947),
professor, advogado, jornalista, fundador do Partido Socialista Italiano, editor do jornal Avanti,
em São Paulo. Piccarolo foi frequentador e conferencista no Centro de Cultura Social.
O propósito do Centro de Cultura Social era oferecer um espaço de cultura e educação
para os trabalhadores, como um instrumento para a transformação social. De acordo com
Endrica Geraldo:
O objetivo desses militantes era, ainda, atingir um público operário (já que
estes seriam os responsáveis, de acordo com os princípios anarquistas, pela
revolução social e libertária), através das palestras, das reuniões de
propaganda e da ação direta, vale dizer, da organização e de manifestações de
protesto e greves, entre outros, na tentativa de difundir os princípios
anarquistas, de educar para o movimento libertário. (GERALDO, 1998, p.
176).
O Centro de Cultura Social era (e ainda é) mantido pela contribuição mensal de seus
associados, doações de sócios ou simpatizantes e verbas eventualmente recebidas. Sua
organização interna era constituída por Comissão Administrativa, que, em suas duas primeiras
fases era composta por: secretário-geral, secretário de expediente, secretário de atas,
bibliotecário, primeiro e segundo tesoureiros. Atualmente, a Comissão Administrativa é
composta por primeiro secretário, segundo secretário, primeiro tesoureiro e segundo tesoureiro.
De acordo com o Estatuto do Centro de Cultura Social, sua finalidade era, em suas
primeiras fases, incentivar o estudo dos ideais de emancipação humana:
[...] estimular, auxiliar e promover nos meios populares, principalmente entre
os trabalhadores, onde as possibilidades de cultura são limitadas por toda sorte
de empecilhos, o estudo dos ideais de emancipação humana que objetivam o
estabelecimento de uma nova ordem de coisas baseadas em princípios de
justiça e de equidades sociais, que facultem a cada indivíduo e à coletividade,
o gozo de uma situação de liberdade e bem-estar resultantes do esforço comum
e a que todos fazem jus. (CENTRO DE CULTURA SOCIAL, 1945, p. 1).
Desenvolver a educação e a cultura entre os trabalhadores para a vida em uma nova