o modelo arquitetônico dos prédios escolares (BENCOSTTA, 2005), a higiene escolar
(ROCHA; GONDRA, 2002), a formação docente (TANURI, 2000; VICENTINI, LUGLI,
2009), a frequência escolar obrigatória (VIDAL; SÁ; SILVA, 2013), dentre outras. Garantir a
expansão da escola pública exigiria do Estado não apenas a criação/construção de novos
prédios, mas contratação de professores formados, um mobiliário adequado e um conjunto de
materiais escolares e não escolares necessários ao funcionamento da instituição.
Todavia, no que tange ao suprimento material e mobiliário da escola, o Estado não
possuía fábricas que pudessem cumprir esse papel. É nesse espaço que empresários e industriais
enxergam uma nova demanda de mercado, um novo nicho da economia local e internacional.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a escola pública já nasce demandando uma relação com os
setores privados da economia, tanto no âmbito local quanto internacional.
Assim, pode-se afirmar que, a partir da segunda metade do século XIX, a escola se torna
cada vez mais um fenômeno transnacional, com manifestações, dinâmicas e organizações
peculiares em suas realidades locais. Por isso, a categoria jogos de escalas (REVEL, 1998;
REVEL, 2010; ROSENTAL, 1998; STRUCK; FERRIS; REVEL, 2011) é fértil por favorecer
a mudança de lentes entre o macro e o micro, como bem elucida Revel (2010), a propósito da
variação de escalas em um mundo globalizado.
[...]. Não, o que está em jogo na abordagem micro-histórica é a convicção de
que a escolha de uma escala peculiar de observação fica associada a efeitos de
conhecimentos específicos e que tal escolha pode ser posta a serviço de
estratégias de conhecimento. Retomando uma metáfora que foi muito
utilizada nos últimos anos, variar a focalização de um objeto não é unicamente
aumentar ou diminuir seu tamanho no visor, e sim, modificar a sua forma e
sua trama. Ou então, para lançar mão de outro sistema de referência que a mim
pessoalmente me parece mais elucidativo – o cartográfico -, a escolha de uma
ou outra escala de representação não equivale a representar em tamanhos
diversos uma realidade constante, e sim a transformar o conteúdo da
representação mediante a escolha do que é representável. (REVEL, 2010,
p.438).
A opção teórico-metodológico pela análise micro justifica-se, pois ela corrobora com a
percepção e (re)leitura de processos pouco problematizados na História da Educação. Aqui, a
relação da escola com o seu entorno, no caso, com o comércio local. Nas palavras de Paul-
André Rosental (1998, p.152), “o conhecimento produzido pelos historiadores é relativo a uma
escolha de escala; multiplicar os ângulos de abordagem é o recurso mais fecundo para a
historiografia”. Por isso, neste trabalho, a escala em destaque não é a do comércio internacional
de objetos escolares, como já usada em estudos já citados. Nesta análise, o foco é direcionado
a uma escala micro, o comércio local de materiais e objetos para o funcionamento das atividades