Banner Portal
A gloriosa memória
Capa: Os três painéis de Portinari expostos no Salão da Boa Vizinhança do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York (1939). Representação do Brasil na Feira Mundial de Nova York/ F. S. Lincoln.
PDF

Palavras-chave

Catana
Lugar de memória
Luta armada
Identidade

Como Citar

REIS, Fidel Raul Carmo. A gloriosa memória: reflexão em torno da catana como possível lugar de memória da luta armada de libertação nacional em Angola. Revista de História da Arte e da Cultura, Campinas, SP, v. 3, n. 2, p. 77–97, 2022. DOI: 10.20396/rhac.v3i2.16683. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/rhac/article/view/16683. Acesso em: 28 mar. 2024.

Resumo

A catana tem a particularidade de ser parte dos símbolos nacionais da bandeira nacional de Angola e da insígnia da República. Desde o dia 11 de novembro de 1975, nas comemorações, quer da independência nacional quer do dia 4 de fevereiro 1961, a catana parece ter um lugar de relevo como objeto simbólico de recordação e comemoração destes acontecimentos. É provável que esta ferramenta seja um elemento central na representação de uma gloriosa memória da luta armada de libertação, mas também um elemento veiculador de um sentimento de pertença a um país. Daí a seguinte interrogação: será que, presentemente, a catana pode ser apreendida como um lugar de memória da luta armada de libertação nacional e, simultaneamente, funcionar como elemento ideológico-identitário de generalização da ideia de nação?

https://doi.org/10.20396/rhac.v3i2.16683
PDF

Referências

DE FEVEREIRO, Marco na história do país. Jornal de Angola, ano 29, n. 9929, 4 fev. 2005, p.1. Na p. 13 do mesmo jornal há um questionamento da paternidade do 4 de fevereiro.

A LUTA armada desencadeada pelo MPLA. Evolution du rapport des forces en Angola, doc. MPLA in ATD, jan. 1968, p. 2.

A LUTA armada. Jornal Unidade Angolana, Leopoldville, doc. MPLA, in ATD, dez. 1961. p.1.

BOURDIEU, Pierre. Homo Academicus. Paris: Minuit, 1984.

CALUETO, Fernando. Luanda: Monumento histórico do 4 de Fevereiro no Cazenga em rápida degradação: placas de bronze com nome de nacionalistas foram roubadas. Novo Jornal, Luanda, 2 set. 2020. Disponível em https://novojornal.co.ao/sociedade/interior/luanda-monumento-historico-do-4-de-fevereiro-no-cazenga-em-rapida-degradacao---placas-de-bronze-com-nome-dos-nacionalistas-foram-roubadas-93474.html. Acesso em: 12 jul. 2021.

CAZENGA um bairro onde é proibido viver, Angonotícias, 16 dez. 2009. Disponível em: https://www.angonoticias.com/Artigos/item/24477/cazenga-um-bairro-onde-e-proibido-viver. Acesso em: 12 jul. 2021.

CONSTITUIÇÃO da República de Angola. Disponível em https://governo.gov.ao/fotos/frontend_1/editor2/constituicao_da_republica_de_angola.pdf . Acesso em: 27 jun. 2021.

CORREIA, Pezarat. Da descolonização. Do protonacionalismo ao pós-colonialismo. Luanda: Mayamba Editora, 2018.

DESCH-OBI, T. J. Peinillas and popular participation: machete fighting in Haiti, Cuba and Colombia. Memorias: Revista Digital de Historia y Arqueología desde el Caribe, v. 6, n. 11, nov. 2009, p. 144-172. Disponível em http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85512905010. Acesso em: 30 mai. 2021.

DISCURSO do camarada presidente no acto central do 4 de Fevereiro: as tendências separatistas são manipuladas por países que sempre quiseram anexar Cabinda. Jornal de Angola, ano 13, n. 4952, 5 fev. 1991, p. 13.

DISCURSO do presidente Agostinho Neto na proclamação da independência. Disponível em https://silo.tips/download/discurso-do-presidente-agostinho-neto-na-proclamacao-da-independencia-de-angola. Acesso em: 12 jul. 2021.

Doc. CEA, in ATD, dez. 1966, p. 6. (incompleto, começa na p. 5).

Doc. CEA. Angola Boletim Cultura e Revolução, n. 1, in ATD, ago. 1964, p.51.

Doc. CEA. Angola Boletim Cultura e Revolução, n. 2, in ATD, out. 1964, p. 37.

Doc. CEA. Angola Boletim Cultura e Revolução, n. 3, in ATD, 4 fev. 1965 p. 3.

Doc. CEA. Angola Boletim, Cultura e Revolução, n.5, in ATD, 4 fev. 1966 p. 17- 24.

Doc. MPLA. Manual de alfabetização, ATD, ago. 1965, p. 28, 42 e 60. Policopiado.

ENGRÁCIA Francisco Cabenha, a rainha do 4 de Fevereiro afirma: o 4 de Fevereiro não tem nada a ver com a UPA. Jornal de Angola, ano 20, n. 6661, 3 fev. 1996, p. VI-VII.

FACTO histórico. Jornal de Angola, ano 18, n. 5938, 4 fev. 1994, p. 2.

FALL, Bineta. Sorcellerie et albinisme en Afrique Subsaharienne. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Université du Québec, Montréal, 2018.

FBL advogados, Publicação da Nova Lei dos Feriados Nacionais, Locais e Datas de Celebração Nacional. Disponível em https://www.fbladvogados.com/xms/files/Highlight_2018_PT_Lei_dos_feriados_nacionais__clientes_So_de_leitura.pdf. Acesso em: 27 jun. 2021.

FLORÊNCIO, Fernando. No Reino da Toupeira: autoridades tradicionais do M’balundu e o Estado Angolano. In: FLORÊNCIO, Fernando et al. Vozes do universo rural: reescrevendo o Estado em África. Lisboa: Centro de Estudos Africanos/ISCTE-IUL, 2010, p. 80-175.

FNLA. La lutte armée en Angola. Associação Tchiweca de Documentação (ATD), 1967, p. 9.

FORMAÇÃO Militante - 3ª. Classe - MPLA - D.E.C.", 1970. Fundação Mário Soares/Arquivo Mário Pinto de Andrade. Disponível em:http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_83879. Acesso em: 13 fev. 2022.

FURTADO, Joaquim. A Guerra, 11º Episódio, A Unita ataca no Leste. RTP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QLdgLvEwC70. Acesso em: 12 jul. 2021. Acesso em: 30 jun. 2021.

GOMES, Catarina Antunes. De como o poder se produz: Angola e as suas transições. Coimbra: [s.n.]. Tese (Doutoramento em Sociologia) - Universidade de Coimbra, 2014.

GONÇALVES, Janice. Pierre Nora e o tempo presente: entre a memória e o patrimônio cultural. Historiæ. Rio Grande, n. 3, 2012, p. 34, apud NORA, op. cit., 1997. v.1-3.

JOAQUIM, Victorino Luanda: Catana: ferramenta milenar. Luanda: Jornal de Angola, 15 nov. 2017. Disponível em https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/detalhes.php?id=393320. Acesso em: 12 jul. 2021.

LARA, Lúcio. Um amplo movimento… : itinerário do MPLA através de documentos e anotações de Lúcio Lara (até 1961). Luanda: Edição Lúcio e Ruth Lara. 1998.

LEI Constitucional da República Popular de Angola de 1975.Disponível em: https://cedis.fd.unl.pt/wp-content/uploads/2016/01/LEI-CONSTITUCIONAL-de-1975.pdf . Acesso em: 12 jul. 2021.

LEWIS, Amanda Elizabeth. A kenyan revolution: Mau Mau, land, women, and nation. Tese (Doutorado em História) - Faculty of the Department of History, East Tennessee State University, 2007.

MÃE mata filho de 1 ano à catana por suposta prática de feitiçaria. Angorussia, Uige, 2020. Disponível em: https://angorussia.com/noticias/mae-mata-filho-de-1-ano-a-catana-por-suposta-pratica-de-feiticaria/. Acesso em: 12 jul. 2021.

MARCO histórico do património político. Jornal de Angola, ano 25, n. 8115, 4 fev. 2000. p. 2.

MARQUES, Alexandra. Segredos da descolonização de Angola. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2013.

MILLER, Joseph C. Poder político e parentesco: os antigos Estados Mbundu em Angola. Luanda: Arquivo Histórico Nacional, 1995, p. 154.

NETO Regressou. Noticias (semanário), n. 701, 8 fev. 1975, p. 43-54.

NETO, Maria da Conceição. 15 de Março de 1961: UPA e a revolta no norte de Angola. In: CARDINA, Miguel; MARTINS, Bruno Sena Martins (org.) As voltas do passado: a guerra colonial e as lutas de libertação. Lisboa: Tinta da China, 2018.

NO DIA dos heróis o povo reuniu-se com o seu líder (com foto de Agostinho Neto com catana). Jornal de Angola, ano II, n. 16853, 5 fev. 1978, p.1.

NO ESPÍRITO do 4 de Fevereiro a construção da pátria socialista. Jornal de Angola, ano LV, n. 16853, 4 fev. 1977, p. 9.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução de Yara Aun Khory. Projeto História. São Paulo, v. 10, jul.-dez. 1993.

NORA, Pierre. Les Lieux De La Mémoire. I. – La République. France: Gallimard, 1984, p. XVIII- XLII.

NOTÍCIAS das regiões e povos de Quisama e do Mussulo -1798, pelo coronel Paulo Martins Pinheiro Lacerda. Disponível em https://arlindo-correia.com/080109.html. Acesso em: 29 mar. 2021.

O 4 DE FEVEREIRO. Jornal Unidade Angolana, Leopoldville, doc. MPLA, in ATD, 4 fev. 1962. p. 1.

OLIVEIRA, José Carlos de. Os Zombo e o futuro (Nzil’a Bazombo): na tradição, na Colónia e na Independência. Tese (Doutoramento em Antropologia social e cultural), Universidade de Coimbra, 2008, p. 178-179.

PAIXÃO, Diogo, Gritos e ranger de dentes na madrugada em que as catanas falaram. Jornal de Angola, Luanda, ano 45, n. 16254, 4 fev. 2021.

PAIXÃO, Diogo. Gritos e ranger de dentes na madrugada em que as catanas falaram. Jornal de Angola, Luanda, ano 45, n. 16254, 4 fev. 2021, p. 2-3.

PIMENTA, Fernando Tavares. Angola no percurso de um nacionalista: conversas com Adolfo Maria. Lisboa: Afrontamento, 2006, p. 66, 84.

POLLACK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992.

POLLACK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, vol. 2, 1989, p. 3-15.

PORTAL de apoio ao estudante. The history of the machete. History Essay. UKEssays, nov. 2018. Disponível em: https://www.ukessays.com/essays/history/the-history-of-the-machete-history-essay.php?vref=1. Acesso em: 28 mai. 2021.

PRESIDENTE da República inaugura em Luanda monumento em memória aos “heróis do 4 de Fevereiro. Jornal de Angola, ano 30, n. 1055, 4 fev. 2005, p.15.

PROVÍNCIA de Angola, ano LV, n. 15968, 6 fev. 1975, p. 2.

RAMOS, Afonso Dias. Angola 1961, o horror das imagens. In: VICENTE, Filipa Lowndes (ed.). O Império da visão: fotografia no contexto colonial português (1860-1960). Coimbra: Edições 70/Almedina, 2014, p. 397-432.

RELATORIO sobre genocídio no Ruanda, La France, le Rwanda et le génocide des Tutsi (1990-1994), Rapport remis au Président de la République le 26 mars 2021, Commission de Recherche Sur Les Archives Françaises Relatives Au Rwanda et au Génocide Des Tutsi, France: Armand Colin, 2021. Disponível em https://www.viepublique.fr/sites/default/files/rapport/pdf/279186_1.pdf. Acesso em: 29 mar. 2021.

REPÚBLICA Popular de Angola. Ministério da Educação. Manual de alfabetização [A vitória é certa : a luta continua], 1980, p. 28. Biblioteca digital - livros e manuais escolares (período pós colonial). Disponível em: http://memoria-africa.ua.pt/Library/LivrosEscolaresPosColoniais.aspx. Acesso em: 12 jul. 2021.

SANTOS, Eduardo dos. Maza: elementos de etno-história para a interpretação do terrorismo no Noroeste de Angola. Lisboa: Edição do Autor, 1965.

SARMENTO, Alfredo de. Os sertões d’África (apontamentos de viagem). Lisboa: Editor proprietário Francisco Arthur da Silva, 1880, p. 102.

SERRA, João. A linguagem das catanas. Jornal de Angola, ano 26, n. 8478, 4 fev. 2001, p. 15.

SILVEIRA, Maria Anabela Ferreira da. Dos nacionalismos à guerra: os movimentos de libertação angolanos - de 1945 a 1965. Tese de doutoramento, Faculdade Letras da Universidade do Porto, 2011.

TALI, Jean-Michel Mabeko. O MPLA perante si próprio (1962-1977). Luanda: Editorial Nzila. vol. I, 2001.

VENTURA, Reis. Sangue no capim. Braga: Pax, 1972.

VICTORINO, Justino. Acusados de feitiçaria mortos no londuimbali. Jornal de Angola, Huambo, 19 abr. 2021. Disponível em: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/acusados-de-feiticaria-mortos-no-londuimbali/. Acesso em: 12 jul. 2021.

WHEELER, Douglas; PÉLISSIER, René. História de Angola. Lisboa: Tinta-Da-China, 2009.

ZAPATA, Laura Arango; DIEZ, Daniel Gonzalez. Prácticas y significados asociados al machete en el suroeste de Antioquia. Medellín: Universidad Pontificia Bolivariana, Escuela de Arquitectura y Diseño, Facultad de Diseño Industrial Diseño Industrial, 2013, p. 1-33. Disponível em: http://docplayer.es/64926888-Practicas-y-significados-asociados-al-machete-en-el-suroeste-de-antioquia-laura-arango-zapata-daniel-gonzalez-diez-asesores.html . Acesso em: 30 mai. 2021.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Fidel Reis

Downloads

Não há dados estatísticos.