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Os violinistas de Cabo Verde e seu papel na conversão de músicas europeias do século XIX em tradição local
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Palavras-chave

violino em Cabo Verde
hibridização
apropriação
antropofagia cultural
mazurca

Como Citar

NOGUEIRA, Gláucia. Os violinistas de Cabo Verde e seu papel na conversão de músicas europeias do século XIX em tradição local . Música Popular em Revista, Campinas, SP, v. 7, n. 00, p. e020008, 2020. DOI: 10.20396/muspop.v7i00.14675. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/muspop/article/view/14675. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Músicas e danças de salão que estavam em voga na Europa no século XIX penetraram em Cabo Verde e integraram-se, como em outras partes do mundo, nas práticas de sociabilidade e entretenimento da população local, transformando-se, com o passar do tempo, em elementos do cenário cultural das ilhas. Bandas municipais e militares e também músicos anônimos e em geral autodidatas tiveram um papel na cabo-verdianização de expressões musicais como polcas, valsas, mazurcas, schottisches, galopes, etc. Esses músicos animavam os bailes e as festas das elites, nos quais essas músicas eram fruídas, num primeiro momento da sua presença no arquipélago. Ao longo de décadas apropriaram-se delas “antropofagicamente” dando-lhes feição local, ao mesmo tempo que as disseminavam por outros contextos geográficos e sociais. Os violinistas tiveram um papel de relevo nesse processo e é sobretudo a eles que se dedica, nesse artigo, uma atenção que procura dar-lhes visibilidade e evidenciar o seu papel na transformação de músicas de origem europeia numa tradição cabo-verdiana.

https://doi.org/10.20396/muspop.v7i00.14675
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