Banner Portal
Desafios e potencialidades do “pesquisador-nativo”
PDF

Palavras-chave

Etnografia
Pesquisador-nativo
Festivais musicais
Psicodália

Como Citar

BOMFIM, L. Desafios e potencialidades do “pesquisador-nativo”: perspectivas etnográficas em um festival musical. Música Popular em Revista, Campinas, SP, v. 10, n. 00, p. e023001, 2023. DOI: 10.20396/muspop.v10i00.17627. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/muspop/article/view/17627. Acesso em: 3 dez. 2023.

Resumo

Este artigo apresenta discussões teóricas, possibilidades práticas e experiências etnográficas abordadas na tese de doutorado do autor sobre o festival Psicodália. Naquele contexto de pesquisa de campo – ao transitar entre as funções de público, organizador e pesquisador –, emergiram questões e reflexões sobre o posicionamento de “pesquisador-nativo”, evidenciando desafios e potencialidades da categorização no espaço-tempo etnográfico. Alinhadas a estas perspectivas, as subjetividades, identidades e relações de pertencimento do pesquisador com o festival assumiram um lugar de maior relevância nos relatos textuais, tangenciando em alguns momentos aspectos da autoetnografia e da autoantropologia. Neste sentido, é possível inferir que aquela ambivalente configuração proporcionou maiores oportunidades de acesso a interlocutores e informações, assim como ocasionou alguns dilemas éticos e morais. Para esta publicação, utilizei como referência etnográfica o período de pesquisa de campo desenvolvida no evento, entre os anos de 2012 e 2017. Embora o festival possua um caráter essencialmente musical, o evento pode ser caracterizado como multimidiático, pelo fato de não se restringir exclusivamente a shows, havendo também peças de teatro, performances, mostras de cinema (filmes, documentários e curtas), oficinas, artesanato, exposições e recreação.  Renomados artistas já se apresentaram no festival, tais como Os Mutantes, Tom Zé, Elza Soares, Moraes Moreira, Baby do Brasil, Alceu Valença, Yamandu Costa, Hermeto Pascoal, Nação Zumbi, Steppenwolf, Ian Anderson (Jethro Tull), entre outras bandas autorais, independentes e grupos musicais de gêneros como rock-progressivo, psicodélico, rock’n’roll, blues, jazz, reggae, folk, músicas regionais etc.

https://doi.org/10.20396/muspop.v10i00.17627
PDF

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Dialogic imagination. Austin: University of Texas Press, 1983.

BOMFIM, Leonardo Corrêa. O Hibridismo tropicalista e seu legado nas ambiguidades musicais. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Música) – DEMUS-UFOP, Ouro Preto, 2010.

BOMFIM, Leonardo Corrêa. Os tons de Zé: transformações paradigmáticas na obra de Tom Zé (1967-1976). Dissertação (Mestrado em Música) – IA-UNESP, São Paulo, 2014.

BOMFIM, Leonardo Corrêa. O Sonho acabou? O Festival Psicodália: uma retomada contracultural. In: Redes, trânsitos e resistência. VII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Etnomusicologia – ENABET. Florianópolis-SC, 2015.

BOMFIM, Leonardo Corrêa. O Sonho acabou? O Festival Psicodália: Experiências musicais em uma comunidade efêmera. Tese (Doutorado em Música) – CLA-UNIRIO, Rio de Janeiro, 2018.

BOON, James A. Other tribes, other scribes: symbolic anthropology in the comparative study of cultures, histories, religions and texts. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Morais; AMADO, Janaina (org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 1998 [1986]. p. 183-191.

CLIFFORD, James; MARCUS, George. Writing culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press, 1986.

CLIFFORD, James; MARCUS, George. Sobre a alegoria etnográfica. In: CLIFFORD, James. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: EDUFRJ, 1998. p. 63-99.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Trad. Fanny Wrobel. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Trad. Vera Mello Joscelyne. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2009 [1983].

GHEDIN, Evandro; FRANCO, Maria Amélia Santoro. A etnografia como paradigma de construção do processo de conhecimento em educação. In: GHEDIN, Evandro; FRANCO, Maria Amélia Santoro. Questões de método na construção da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez, 2008. p. 177-208.

GOLDMAN, Márcio. Alteridade e experiência: Antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica, Lisboa (Centro em Rede de Investigação em Antropologia Lisboa, Portugal), v. 10, n. 1, p. 161-173, maio 2006.

GOLDMAN, Márcio. Os tambores do antropólogo: antropologia pós-social e etnografia. Revista Ponto Urbe: Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, São Paulo, ano 2, versão 3.0, jul. 2008.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Trad. Carlos Irineu da Costa. 2. ed. Rio de janeiro: Ed. 34, 2009 [1991].

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa. Salvador: EDUFBA; Bauru: EDUSC, 2012 [2005].

MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EDUSP, 1974.

MOTTA, Pedro Mourão Roxo da; BARROS, Nelson Filice de. Resenha: Autoetnografia. Cadernos de Saúde Pública (Online), Rio de Janeiro, v. 31, p. 1339-1340, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v31n6/0102-311X-csp-31-6-1339.pdf. Acesso em: 3 mar. 2018.

NARAYAN, Kirin. How native is a “native” anthropologist? American Anthropologist, Arlington, Virginia, v. 95, n. 3, p. 671-686, Sept. 1993.

SEEGER, Anthony. Por que cantam os Kisêdjê: uma antropologia musical de um povo amazônico. Trad. Guilherme Werlang. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

STRATHERN, Marilyn. The limits of Auto-anthopology. In: JACKSON, Anthony (ed.). Anthopology at Home. Londres; Nova York: Tavistock Publications, 1987.

STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva. Campinas: Editora UNICAMP 2006 [1988].

STRATHERN, Marilyn. O Efeito Etnográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2014 [1999].

TURNER, Victor. O Processo Ritual. Petrópolis: Vozes, 1974.

TURNER, Victor. From ritual to theatre: the human seriousness of play. New York: PAJ Publications, 1982.

TURNER, Victor. Carnival, ritual and play in Rio de Janeiro. In: FALASSI, A. (ed.). Time out of time: essays on the festival. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1987. p. 74-90.

TURNER, Victor; BRUNER, Edward. The Anthropology of Experience. Chicago: University of Illinois Press, 1986.

VIVEIROS DE CASTRO, E. O Nativo Relativo. Mana, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 113-148, 2002.

WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. São Paulo: Cosac & Naify, 2012 [1975].

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Leonardo Bomfim

Downloads

Não há dados estatísticos.