Resumo
Não são cabíveis dúvidas de que o Parmênides é um diálogo estranho. Ele foi escrito mais de vinte anos após a abertura da Academia, e Platão viu na obra a oportunidade para exibir certos pontos débeis de sua Teoria das Formas (sugeridos quiçá por alunos avançados, colegas, ou diretamente detectados por ele mesmo). Elegeu para isso uma miseen-scène adequada: fez sua teoria ser exposta pelo seu porta-voz habitual, Sócrates, mas o rejuvenesceu: na ficção este não tem mais de vinte anos. Isso não significa que sua posição filosófica seja diferente: tudo que este diz corresponde literalmente às ideias expostas por Platão em diálogos anteriores... Mas a falta de experiência própria à juventude o impedem de responder às severas críticas que lhe apresenta seu interlocutor, o “grande Parmênides”. O diálogo trata-se, na realidade, de um diálogo de Platão consigo mesmo: sob o aspectodo jovem Sócrates, ele expõe a versão tradicional de sua teoria; e, identificando-se com opersonagem Parmênides, critica os aspectos sensíveis que, no momento de escrever este diálogo, ele encontrou em sua filosofia. Todavia, este diálogo de Platão consigo mesmo é enganoso porque Platão já tem elaboradas as respostas às críticas que ele põe na boca deParmênides. Estas respostas aparecerão no diálogo Sofista.
Referências
Cordero, N. (2014). O Diálogo enganoso de Platão consigo mesmo na primeira parte do Parmênides. Revista De Estudos Filosóficos E Históricos Da Antiguidade, 18(27). https://doi.org/10.53000/cpa.v18i27.1725
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