Resumo
A compreensão de qual seja o papel, na filosofia de Platão, do Bem, enquanto Ideia ou Forma, sempre foi assunto dos mais debatidos em toda a sua obra. Alguns pontos são pacíficos: p. ex., o Bem é o fundamento ontológico último de toda a ética e pensamento político do fundador da Academia. Outros, embora não pacíficos, são milenarmente aceitos: a ontologia do Bem exposta em República VI e VII é o coração do pensamento platônico. E outros dados são textuais - que é o caso dos dados dramáticos. Este artigo focará sobre um ponto específico do problema, a saber: as nuances dramáticas em meio às quais a narrativa sobre o Bem (os três símiles: Sol, Linha Dividida e Caverna) surge na obra. Com a atenção então voltada para o momentum do drama que envolve a eclosão das três famosas imagens nos livros centrais da República, procurar-se-á pensar no que significa toda a atmosfera de esquiva, forte insegurança e tergiversação que lhes atravessa. E, demorando-se sobre tais nuances ou “pistas” dramáticas, o artigo confrontá-las-á com a opinião de alguns estudiosos do tema (ADAM, 1902; CORNFORD, 1945 e 1952; ANNAS, 1997; BALTES, 1999; SANTAS, 1999; GUTIERREZ, 2003; LISI, 2003; SZLEZÁK, 2003; SHIELDS, 2011). Nesse ínterim, uma outra possibilidade interpretativa acerca do papel da narrativa sobre o Bem será sugerida.
Referências
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