O problema do um e do múltiplo ou de como Platão se liberta das injunções Eleáticas no Sofista
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Palavras-chave

Formas
Sofista
Um e m´últiplo
Ontologia eleática

Como Citar

SILVA, José Lourenço Pereira da. O problema do um e do múltiplo ou de como Platão se liberta das injunções Eleáticas no Sofista. Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade, Campinas, SP, v. 24, n. 34, p. 23–36, 2020. DOI: 10.53000/cpa.v24i34.4048. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cpa/article/view/17163. Acesso em: 22 jul. 2024.

Resumo

Neste artigo, procuro mostrar como a colocação do problema do um e do múltiplo e a hipótese da participação mútua das Formas para respondê-lo no Sofista significam um decisivo afastamento por parte de Platão da ontologia e lógica eleática. Rejeitando a noção do ser absoluto e o princípio de identidade intransigente de Parmênides, que não permitiam afirmar senão tautologias, o Estrangeiro trata do problema do um e do múltiplo no plano do inteligível para mostrar que a concomitância do um e do múltiplo que nossos discursos expressam se apoia no fato de que as próprias Formas, que na ontologia do Banquete, República e Fédon foram concebidas tal como o ser de Parmênides, mantêm relações mútuas que torna cada qual, ao mesmo tempo, una e múltipla. O reconhecimento do fenômeno da relação como inerente à constituição dos verdadeiros seres só foi possível mediante o rompimento com a lógica e a ontologia eleática e sua crença no ser absoluto que a tudo pretendia imobilizar na sua unidade e auto-identidade. O Estrangeiro libertou o ser das amarras que impossibilitavam o contato com o Outro. Reconhecendo o modo de ser em relação (pros allo), compatível com o modo de ser em si (kath auto), o diálogo Sofista não só superou as injunções parmenideana, mas também refinou a ontologia das Formas que Sócrates havia defendido.

https://doi.org/10.53000/cpa.v24i34.4048
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