Resumo
Dentre os mais tradicionais modelos interpretativos para compreender as práticas sexuais romanas, a ideia de um cidadão masculino dominante, controlado e penetrador parece inquestionável. Nesse artigo, analisamos os discursos sobre a masculinidade criados n’O Livro de Catulo (I a.C.) e na Priapeia (I d.C.). Nosso objetivo é demonstrar que, nesse tipo de poesia e de humor, o papel masculino, desempenhado pelo eu-poético, poderia oscilar entre a mais comum ideia de uma masculinidade dominante e seu contrário. Tomando por base os questionamentos foucaultianos sobre a relação entre os discursos e a sociedade, não intencionamos propor um novo modelo para o entendimento das práticas sexuais romanas, mas apontar um caminho para observar a diversidade de maneiras com as quais esses antigos poderiam lidar com seus desejos e corpos.
Referências
ADAMS, J. N. (1992). Il vocabolario del sesso a Roma. Lecce, Puglia: Argos.
BLANC, N., & NERCESSIAN, A. (1992). La cuisine romaine antique. Gre-noble: Éditions Gléant.
CÍCERO. (1962). De la nature des dieux. Em E. e. BRÉHIER, Les stoïciens(pp. 405-468). Ligugé, França: Gallimard.
DUARTE, A. (2010). Vidas em risco: crítica do presente em Heidegger, Arendt e Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
DUPONT, F., & ÉLOI, t. (1994). Les jeux de Priape. Anthologie d’épigrammes érotiques. Paris: Éditions Gallimard.
DUPONT, F., & ÉLOI, T. (2001). L’érotisme masculin dans la Rome Antique.Paris: Éditions Belin.
FEENEY, D. (1998). Literature and religion at Rome: Cultures, contexts and beliefs. Cambridge: Cambridge University Press.
FEITOSA, L. C. (2005). Amor e sexualidade: o masculino e o feminino em grafites de Pompéia. São Paulo: Annablume.
FOUCAULT, M. (2011). História da sexualidade (Vol. 1 A vontade de saber). (M. T. Albuquerque, Trad.) São Paulo: Edições Graal.
FOUCAULT, M. (2012). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Uni-versitária.
GARRAFFONI, R. S. (2007). Felicitas Romana: felicidade antiga, percepções modernas. História Questões e Debates, 46, 13-29.
KROSTENKO, B. A. (Outubro de 2001). Arbitria Vrbanitatis: language, style, and characterization in Catullis cc. 39 and 37. Classical Antiquity, 20, 239-272. Acesso em 10 de Janeiro de 2016, disponível em http://www.jstor.org/stable/10.1525/ca.2001.20.2.239.
MARKOWICZ, A. (1985). Le livre de Catulle. Lausanne: L’age d’homme.
OLENDER, M. (2000). La laideur d’un dieu. Les cahiers du Centre de Re-chèrches Historiques, 24, 1-8. Acesso em Janeiro de 2017, disponível em https://ccrh.revues.org/1962.
OLIVA NETO, J. Â. (1996). O livro de Catulo. São Paulo: Edusp.
OLIVA NETO, J. Â. (2006). Falo no Jardim: Priapeia grega, Priapeia latina.Cotia: Ateliê Editorial, Editora da Unicamp.
PLANTADE, E. (2008). Priapus Gloriosus, poétique d’un discours compen-satoire. Em F. Biville, E. Plantade, & D. Vallat, «Les Vers du plus nul des poètes...» nouelles recherches sur les Priapées (pp. 99-120). Lyon: Maison de l’Orient et de la Méditerranée.
PORTOCARRERO, V. (2013). Práticas sociais de divisão e constituição do sujeito. Em M. RAGO, & A. VEIGA-NETO, Figuras de Foucault (pp. 281-295). Belo Horizonte: Autêntica.
RICHLIN, A. (1992a). The Garden of Priapus: Sexuality and Aggression in Roman Humor. Nova Iorque: Oxford University Press.
SKINNER, M. B. (2005). Sexuality in Greek and Roman Culture. Hong Kong: Blackwell.
VASCONCELLOS, P. S. (1991). Catulo: O cancioneiro de lésbia. São Paulo: Hucitec.
WILLIAMS, C. A. (1999). Roman Homossexuality: ideologies of masculinity in Classical Antiquity. Nova Iorque: Oxford University Press.
WILLIAMS, J. (2005). Pós-estruturalismo. Petrópolis: Vozes.WRAY, D. (2001). Catullus and the poetics of roman manhood. Nova Iorque: Cambridge University Pess.
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2018 Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade