Resumo
Em 1977, por ocasião das comemorações dos 60 anos da Revolução de Outubro, tomando a palavra em Moscou na qualidade de secretário-geral do então Partido Comunista Italiano (PCI), Enrico Berlinguer declarou, com ênfase adequada à solenidade da circunstância, que “a democracia é hoje não apenas o terreno no qual o adversário de classe é obrigado a retroceder mas é também o valor historicamente universal sobre o qual fundar uma original sociedade socialista”. O impacto político desta tomada de posição foi considerável. Enfatizando, em contraposição aos anfitriões soviéticos, num momento em que o poderio da URSS parecia intacto, que as conquistas democráticas do movimento operário e de seus aliados históricos nos Estados capitalistas europeus (a começar pela própria Itália) configuravam direitos universais, deu um basta à notória incoerência do movimento comunista internacional, que exigia, nos países burgueses, respeito a liberdades negadas aos cidadãos soviéticos e deixou clara sua recusa da ordem política vigente no “socialismo real” de então.
Referências
MORAES, João Quartim de. Contra a canonização da democracia. Crítica Marxista, Campinas, SP, v. 8, n. 12, p. 9–40, 2001. https://doi.org/10.53000/cma.v8i13.19635
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