Resumo
Longe de ser o fenômeno recente e quase fortuito retratado pela maioria das análises em curso,1 que preferem enfocar causas imediatas, além de relacionadas a escolhas de agentes privados e públicos, a crise atual é um processo sistêmico, antigo, cujas raízes remontam à década de 1970. Também nessa época ocorriam problemas conjunturais, como as “crises do petróleo”. Mas o que começou ali, de fato, foi um período de estagnação dos investimentos, com queda persistente na taxa média de lucro e desvalorização de capital na economia dos Estados Unidos, coordenadora do sistema comercial e financeiro mundial. O movimento amplo e profundo só não revelou já então esse seu caráter em escala mundial, porque Japão e Europa Ocidental vinham em uma expansão ainda decorrente da retomada do pós-guerra. E quando a estagnação começou também por aqueles lados, na década de 1990, outra vez os Estados Unidos sinalizavam uma volta ao crescimento: foi o tempo da “nova economia”, baseada na criação vertiginosa de tecnologias de robótica e informação; do “fim do trabalho”, que teria dado lugar à ciência na produção de valor; do “neoliberalismo”, renovador da velha crença na autorregulação dos mercados, para a qual o Estado deveria desempenhar um papel econômico ínfimo, privatizando ao máximo, por isso, o patrimônio público.
Referências
GRESPAN, Jorge. A crise de sobreacumulação. Crítica Marxista, São Paulo, Ed. Unesp, n.29, 2009, p.11-17.
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