Resumo
Escrevo para propor uma discussão teórica. Gostaria de trocar ideias sobre a tese do desenvolvimento cumulativo das forças produtivas ao longo da história da humanidade e sobre a tese segundo a qual esse desenvolvimento seria a causa necessária, ainda que não suficiente, da mudança histórica. Na resenha que você publicou na Crítica Marxista n.39 sobre o livro de Cohen (A teoria da história de Karl Marx: uma defesa), você criticou a explicação que ele oferece para essas duas teses: o ser humano seria, segundo ele sustenta, dotado de uma racionalidade tal que o leva a preferir os instrumentos e os métodos que permitam economizar energia física e mental no processo de trabalho e/ou reduzir o tempo que deve dispender na atividade laborativa. Seria por isso que as forças produtivas − a despeito de passarem por períodos de altos e baixos, de aceleração e de desaceleração − apresentariam, numa curva longa, trajetória ascendente; seria por isso, também, que os homens tenderiam a se desvencilhar das relações sociais que viessem a tolher tal trajetória. O próprio Cohen tem consciência de que essa é uma tese supramodal, isto é, vigoraria em diferentes modos de produção, desde a comunidade primitiva até o capitalismo. Se bem entendi, é isso que você critica nele: o fato de Cohen recorrer à ideia de uma natureza humana que, no caso, seria caracterizada pelo atributo da racionalidade (com relação a fins) no processo de trabalho.
Referências
BOITO JR., Armando; GERMER, Claus M. Polêmica sobre a contribuição de Gerald Cohen para a teoria marxista da história. Crítica Marxista, Campinas, SP, v. 22, n. 41, p. 155–162, 2015. https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cma/article/view/19197
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