Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar e discutir as principais abordagens teóricas sobre o comum que se desenvolveram, nos últimos anos, no âmbito do pensamento crítico de linhagem marxista. Toma-se como ponto de partida a recente emergência
do comum no imaginário político como alternativa emancipatória às dicotomias Estado-capital, propriedade pública-privada. Apresentam-se os principais argumentos e conclusões de três perspectivas teórico-conceituais e políticas centrais ao debate crítico sobre o comum, que de modo diferente dialogam com Marx: o comum da produção biopolítica de Michael Hardt e Antonio Negri; o comum autonomista da reprodução social de Silvia Federici e Massimo De Angelis; e o comum como princípio político de Pierre Dardot e Christian Laval. Além da apresentação desse quadro panorâmico, conclui-se com uma tentativa de balanço provisório do debate a partir do apontamento de aproximações, divergências e contradições entre as abordagens.
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