Pampulha e Brasília, ou as longas raízes do formalismo no Brasil
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Palavras-chave

Arquitetura moderna
Latifúndio
Simulacro
Utopia colonial

Como Citar

MARTINS, Luiz Renato. Pampulha e Brasília, ou as longas raízes do formalismo no Brasil. Crítica Marxista, Campinas, SP, v. 18, n. 33, p. 105–114, 2011. DOI: 10.53000/cma.v18i33.19317. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cma/article/view/19317. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

De onde vem a “forma livre” surgida na Pampulha e marca registrada do “talento” brasileiro para a arquitetura moderna? Raízes do Brasil, publicado alguns anos antes, antecipava uma resposta para a origem de tal talento, que aflora, mas subjaz tal a face oculta dos donos da terra, também sob as formas monumentais de Brasília. Por que retornar ao mito de origem da dita “Cidade Nova”? O da cidade planejada para uma modernização sem conflitos, de que o mitificado governo JK (1956-1961) surge como paradigma? De que valeria evocar o mito de Brasília, ex-voto da cordialidade, quando a “Cidade Nova” aparece engolida por realidade oposta, a de um país de mega-aglomerações urbanas – vísceras do inferno a céu aberto, diante das quais o ato de planejamento da Nova Capital, de JK, parece momento efêmero e de exceção? Importa retornar hoje à origem de Brasília, se for para, ao se atravessar o mito da conciliação, aí se distinguir não a exceção, mas a presença de uma estrutura de raízes coloniais cujo poder ordenador permanece.

https://doi.org/10.53000/cma.v18i33.19317
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