Resumo
Este artigo discute as raras referências ao Brasil que podem ser encontrados nos Quaderni del carcere de Antonio Gramsci, comparando-as com as descobertas da historiografia recente e as interpretações desenvolvidas por investigadores brasileiros com base na obra de Gramsci. Essas interpretações são divididas em três períodos: a) 1960-1980, quando o conceito de revolução passiva começa a ser utilizado, embora de maneira pouco aprofundada, para explicar a gênese da formas sociais e política em um país que nunca testemunhou uma revolução burguesa e no qual existia uma ditadura militar; b) 1980-2000, um período marcado pela
publicação dos primeiros estudos dedicados ao pensamento de Gramsci, ao mesmo tempo em que seus conceitos eram aplicados de modo mais rigoroso; c) 2000 até hoje, um período no qual, partindo desses conceitos, analistas têm debatido a natureza do governo do Partido dos Trabalhadores (PT). O artigo encerra sugerindo novas linhas de pesquisa sobre a revolução passiva e a história dos intelectuais.
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