Marxismo sociológico: Quatro países, quatro décadas, quatro grandes transformações e uma tradição crítica

Resumo

A qualidade de boa parte do que se produz sob o título de pesquisa científica em Ciências Sociais é bastante questionável. E essa me parece uma assertiva democrática, pois atinge as mais variadas correntes teóricas e orientações políticas dos pesquisadores. Entre os marxistas, não é diferente: abundam estudos de caso descritivos e enfadonhos, muitos dos quais abrem mão, a princípio, de apresentar uma tese nova. Se considerarmos essa uma ambição demasiada para determinados tipos de textos, ainda assim nos deparamos com muita frequência com trabalhos resultantes de pesquisas de campo com procedimentos duvidosos de coleta de dados, que nem sequer discutem com as teses presentes na bibliografia ou ensaiam arbitrar entre elas. Isso do lado dos que se propõem a fazer uma pesquisa de campo. De outro, há um conjunto de estudos em que predomina o ensaísmo, sem preocupação com dados empíricos e atados a conceitos nem sempre bem explicados, dentre os quais, frequentemente, estão os de “emancipação” e “alienação”. Em comum, muitos desses estudos ainda carregam em normativismo: “o que devem fazer os trabalhadores, os partidos, os sindicatos, os movimentos sociais”.