O ovo da serpente
PDF

Palavras-chave

Acumulação primitiva de capital
Dívida pública
Sistema de crédito

Como Citar

TRINDADE , José Raimundo B. O ovo da serpente: a dívida pública e os condicionantes históricos da formação do capitalismo. Crítica Marxista, Campinas, SP, v. 25, n. 46, p. 61–81, 2018. DOI: 10.53000/cma.v25i46.19099. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cma/article/view/19099. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

A acumulação primitiva de capital compreende diversos fatores que possibilitaram o desenvolvimento do capital industrial como força autônoma. A ruptura na ordem social pré-capitalista europeia se deu a partir de um encadeamento de fatores sociais, econômicos, financeiros e políticos, que estabeleceram as condições necessárias ao desenvolvimento do capitalismo enquanto modo de produção historicamente definido. O problema tratado neste artigo refere-se ao papel específico que a dívida pública e a intervenção estatal pré-capitalista, por meio deste mecanismo financeiro, representaram no encadeamento e na constituição da acumulação primitiva. Nossa hipótese é que a dívida pública possibilitou: i) a mobilização e a transferência de massa de valores, potencializando a despossessão de propriedades; ii) o estabelecimento das condições creditícias e institucionais necessárias à conformação do sistema de crédito moderno capitalista; iii) a conformação espacial do capitalismo nos séculos XVIII e XIX, proporcionando a transferência de riqueza necessária ao desenvolvimento do capitalismo industrial britânico e estadunidense.

https://doi.org/10.53000/cma.v25i46.19099
PDF

Referências

ANDERSON, P. Passages from Antiquit to Feudalism. London: New Left, 1974. [Ed. bras.: Passagens da Antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Editora Unesp, 2016.]

ARRIGHI, G.; HUI, P.; RAY, K.; REIFER, T. E. Geopolítica e altas finanças. In: ARRIGHI, G.; SILVER, B. J. Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora UFR, 2001.

BRUNHOFF, S. de. A moeda em Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

BRUNHOFF, S. de. Estado e capital: uma análise da política econômica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1985.

CAMPOS, L. A crise completa: a economia política do não. São Paulo: Boitempo, 2001.

DOBB, M. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.

DOBB, M. Uma réplica. In: SWEEZY, P. et al. Do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Centauros, 2002.

FERGUSON, N. A lógica do dinheiro: riqueza e poder no mundo moderno (1700-2000). São Paulo: Record, 2007.

FINE, Ben. Marx’s Capital. 3.ed. London: Macmillan, 1988.

GERMER, C.M. Credit money and the functions of money in capitalism. International Journal of Political Economy, v.27, n.1, Spring 1997, p.43-72.

GLEESON, J. O inventor do papel: a verdadeira história do pai das finanças modernas. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

GOLDSHEID, R. A sociological approach to problems of Public Finance. In: MUSGRAVE, R. A.; PEACOCK, A. T. Classics in the Theory of Public Finance. London: The Macmillan Company, 1958.

GROSSMANN, H. La ley de la acumulación y del derrumbe del sistema capitalista. Madrid: Siglo Veintiuno, 1979.

HARVEY, D. Os limites do capital. São Paulo: Boitempo, 2013

HILFERDIG, R. O capital financeiro. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

HOBSBAWM, E. Como mudar o mundo: Marx e o marxismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

HOBSBAWM, E. Do feudalismo para o capitalismo. In: SWEEZY, P. et al. Do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

ITOH, M.; LAPAVITSAS, C. Political Economy of Money and Finance, 1997 (mimeo).

LIANOS, T. P. Marx on the Rate of Interest. Review of Radical Political Economics, New York, v.19, n.3, 1987, p.34-55.

MARX, K. & ENGELS, F. A ideologia alemã – teses sobre Feuerbach. São Paulo: Moraes, 1984.

MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1983.

MARX, K. Elementos fundamentales para la critica de la económia política (Borrador) 1857-1858. v.I e v.II. México: Siglo XXI Argentina, 1977.

MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Seleção de textos de José A. Giannotti.)

MARX, K. O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann. 4.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. v.I. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. v.II. São Paulo: Boitempo, 2014.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. v.III. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/DIFEL, 1981.

MARX, K. Teorias da mais-valia. v.III. São Paulo: Difel, 1985.

MERRIGTON, J. A cidade e o campo na transição para o capitalismo. In: SWEEZY, P. et al. Do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

MONIZ BANDEIRA, L. A. Formação do império americano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

PREOBRAJENSKY, E. A nova econômica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

RICARDO, D. Princípios de economia política e tributação. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

RIST, Charles. Historia de las doctrinas relativas al crédito y a la moneda: desde John Law hasta la actualidad. Barcelona: Bosch, Casa Editorial, 1945.

ROBERTSON, R. M. História da economia americana. v.II. Rio de Janeiro: Record, 1979.

SMITH, A. A riqueza das nações. v.III. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

SWEEZY, P. et al. Do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

SWEEZY, P. Uma crítica. In: SWEEZY, P. et al. Do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

TAYLOR, Philip E. Economia de la hacienda publica. Madrid: Aguilar, 1960.

TRINDADE, J. R. Sistema de crédito e oferta global de capital de empréstimo. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, n.32, jun. 2012.

WRAY, L. Randall. Trabalho e moeda hoje: a chave para o pleno emprego e a estabilidade dos preços. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2018 José Raimundo B. Trindade

Downloads

Não há dados estatísticos.