Resumo
O número crescente de países governados por figuras de extrema-direita suscitou a retomada do debate sobre o fascismo e a possibilidade de sua reedição histórica. Neste ensaio, procura-se deslocar o eixo de análise às relações sociais cotidianas, suas formas urbanas e, em particular, à denominada forma de vida em condomínio edilício, tendencialmente hegemônica nos grandes centros urbanos. Dessa perspectiva, a questão sobre a sobrevivência do elemento fascista na contemporaneidade é centrada, não na possibilidade de os regimes políticos atuais transmutarem-se em regime fascista, e sim na sua (re)produção no âmbito da erosão da experiência aprofundada pelo dispositivo totalitário das grandes metrópoles da era neoliberal.
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