Tempo e história em James Rosenquist

Resumo

Articulado em 51 seções, o painel F-111 (1964-1965) representa a súmula das questões plásticas e políticas enfrentadas por James Rosenquist na década de 1960. Caracterizado pela justaposição de imagens de diferentes proveniências – fotografias e anúncios publicitários divulgados pela revista Life entre 1950 e 1965 –, o gigantesco painel lida com dois momentos temporais, apontando para uma ideia complexa de historicidade, na qual o presente dialoga com um passado recente para iluminá-lo e adquirir outras dimensões críticas. Seus temas centrais – violência militar e prosperidade da classe média – remetem, de maneira crítica, à visão conservadora da Life, fonte de muitas das imagens apropriadas pelo artista no começo dos anos 1960. A relação entre política e cultura de consumo já havia estado na base de Presidente eleito (1960-1961/1964), regido pelo mesmo jogo temporal de F-111, numa demonstração de que a memória é vista por ele como um conjunto de imagens fragmentárias, capazes de representar o presente, o passado e a história como construções ideológicas.