O triângulo das permutas: inteligência artificial, texto e imagem e os paradigmas emergentes nos processos artísticos contemporâneos

Resumo

Neste artigo analiso os processos artísticos que emergem da triangulação entre prompts de texto, inteligência artificial e imagem em plataformas como o Midjourney, e suas consequências na arte digital contemporânea. A partir dessa área de relações que chamo de Triângulo das permutas, apresento o funcionamento dessa plataforma e seus desdobramentos conceituais. Utilizo o termo guarda-chuva história digital da arte como referencial para debater problemas da esfera digital na arte como propriedade intelectual, originalidade, imagem verdadeira e falsa, deepfakes e racismo algorítmico, num diálogo com textos da artista e pesquisadora Giselle Beiguelman e sua crítica à eugenia maquínica do olhar. Em um estudo de caso teórico-prático, faço um relato sobre a produção de uma série dessas imagens e os problemas encontrados. Faço uma relação dos bancos de dados utilizados no treinamento dessas imagens a partir das Redes Adversárias Generativas (GAN) e as teorias do arquivo e da memória. Novos paradigmas estão surgindo dessas permutas entre texto, imagem e inteligência artificial, mas os problemas éticos e políticos que estão sendo atribuídos a essas tecnologias continuam a ser problemas de ordem humana. O que chamo de triângulo das permutas não é apenas um local de desaparecimento ou apagamento, e sim um portal de entrada para outros mundos (im)possíveis.